"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

22 fevereiro 2011

Vaso de Honra - Parte 1


  

Por André Luiz


Na última quinta-feira de janeiro de 2011, estávamos, eu, Fabiano e Mário - o primerio Presbiteriano, o segundo Pentecostal e o terceiro Batista - conversando sobre alguns assuntos bíblicos e chegamos brevemente a falar sobre predestinação, e também, por ser a hora de início de trabalho(estávamos na fábrica)não pudemos continuar o assunto. Pois bem, gostaria de continuá-lo por aqui.


Antes de começá-lo gostaria de esclarecer que essa é uma continuação de conversa e a dividirei em duas partes se Deus permitir. Dividi-la-ei em duas porque tratarei sobre a predestinação para a salvação, primeira parte; e, preterição, segunda parte. Contudo, não é por ser a continuação da nossa conversa que alguém fora nós não podem adentrar, aliás, faço o convite para que participem, comentando, discordando, questionando, enfim, colaborando.

Gostaria de começar lendo o texto de Romanos 9. 19-29 que diz:

"Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade?
Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição,
a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão,
Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? Assim como também diz em Oséias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada;  e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.
Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra."

Eu não tenho nada acrescentar de novo ao texto, pois acredito que o mesmo é suficiente para percebermos que Deus no verso 23 preparou os vasos de misericórdia de antemão e os chamou. Mas, entendamos o contexto anterior.

Nos versos 1-5 o apostólo Paulo abre o coração demonstrando sua tristeza e dor pelos seus compatriotas, dos quais descendia, e, não somente por ele ser seus irmãos segundo a carne, mas porque deles são todos os tipos, símbolos, a legislação e tudo mais que representava e tipificava o Cristo que havia de vir; contudo, sua maior tristeza está revelada nas duras palavras dos versos 6-13, nas quais é revelado dentre outras coisas que nem todos os de Israel são de fato Israelistas, ou seja, nem todos aqueles que estão dentro da nação políticae social de Israel, fazem parte da nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, o Israel Espiritual. Isso sim, é motivo de grande tristeza, não estar em Cristo.
E, continuando do 14-18 ele vai revelando que isso não faz de Deus injusto, pois Ele é Soberano para ter misericórdia de quem quiser e ter compaixão de quem quiser, também.
E, por fim, chegamos a passagem que será considerada por nós.

Soberania versus vaso de barro!

Que Deus é Soberano ninguém duvida. Mas, que Deus Soberano é esse que não tem poder para do barro fazer um vaso para honra e outro para desonra? Existe Soberania sem poder de vontade, de escolha? Como Deus pode ser Soberano se o ser humano que é descrito como um vaso de barro tem a escolha de decidir por ele ou não?! Existe algum tipo de Soberania que exclui a escolha de alguns para si?!
Imagino não precisar detalhar a Soberania de Deus aqui, pois, creio eu, todos nós temos o mesmo entendimento quanto a este assunto em particular. Portanto, considerarei algumas expressões ali presente.

Vaso de barro!

Acho interessante neste momento entender o significado de vaso de barro e para isso vou citar Jonh MacArthur, que faz uma elucidação citando o texto de 2 Co 4.5-7, diz ele:

"Paulo chamou aqueles que carregam e pregam o tesouro do verdadeiro evangelho deostrakinos, traduzido aqui como "vasos de barro". Na verdade, a expressão "vaso de barro" é honrada demais; não que ela seja muito importante, mas é um termo exageradamente honrado para traduzir a palavra ostrakinos. O termo significa um pote de barro cozido muito barato, grosseiro, feio, quebrável, fácil de repor, sem valor. Era o pequeno pote onde se colocavam plantas."[1]

Por mais que a palavra traduzida não seja necessariamente a mesma, a ideia de fragilidade e insignificância está presente nas duas. 

O apóstolo Paulo nos chama de vasos de barro, todos nós temos a mesma origem, a mesma significância, a mesma qualidade. Todos somos objetos do Oleiro. e, Ele tem todo o direito para fazer destes objetos, nós, o que lhe apraz. Não é à toa que ele, Paulo, faz as perguntas retóricas: "de que se queixa ele ainda?... quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?... Pode o objeto perguntar a quem o fez: por que me fizeste assim?....

Deus quis!

"Que diremos, pois, se Deus, querendo..." v.22

O termo usado naquele momento é sinônomo de vontade consciente, propósito. Então, quando Deus quis mostrar a sua ira ou a sua misericórdia ele, tinha um plano eterno em mente. O Senhor Deus não é como o homem que faz as coisas, muitas da vezes, temerariamente, abruptamente, sem pensar. E, às vezes, quando o faz planejadamente ainda assim é capaz de ser frustrado, enganado. O Deus eterno tinha um Plano Eterno para todos os homens, em todas as épocas e em todas as circunstâncias. 
Duas outras expressões merecem destaque para ratificar essa consideração e são elas:
  • Dar a conhecer: Deus tinha um plano em mente e quis revelá-lo.
Revelar sua Ira e sua Misericórdia. O plano estava feito, faltava apenas revelá-lo.
  • Preparados: É como se Ele estivesse colocando as coisas em ordem, arrumando tudo.
Esses dois termos demonstram claramente que Deus ao fazer da sua massa, uma vaso para honra e outro para desonra, fez isso com um propósito que tinha planejado e organizado, com o fim de revelá-lo posteriormente.

Antes da fundação do mundo.

Espere um momento esse termo não aparece aí, André! Alguém poderia retrucar, contudo eu afirmo que aparece, sim. Aparece da seguinte forma: de antemão. A palavra antemão por si só já expressa a ideia de anterioridade, algo antes do fato,mas não de eternidade. É nesse momento que podemos ir à carta de Efésios que também foi escrita por Paulo e lá no capítulo 1 verso 4,5 encontramos o termo acima descrito:

"[...]assim como nos ecolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis;[...]"

Você também pode dizer até aqui o seguinte: olha aqui nesse texto ele não diz que escolheu os seus para serem salvos, mas para serem santos e irreprensíveis. Eu diria que sim, você não está errado; contudo para ser santo e irrepreensível não pressupõe necessariamente salvação?! Ou existe alguém santo e irrepreensível que não seja salvo?! Lembrando que Paulo está falando de bênçãos espirituais e, não de qualidades morais, apenas.
Mas se continuarmos lendo o texto encontraremos o seguinte:

"... e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,..."

Essas duas palavras em destaque não foi à toa que coloquei. Predestinação significa em termos gerais algo ou alguém que fora preparado anteriormente para ser, fazer, receber e etc. algo ou alguém no futuro.
No nosso caso predestinados para a adoção de filhos, ou seja, para a salvação; ou você negará esta bendita evidência?!
E, tudo isso segundo o beneplácito(generosa, misericordiosa) vontade.

Não consigo deixar de considerar a riqueza de um texto tão claro desse, porém gostaria de ter demonstrado que essa predestinação e vontade beneplácita de Deus em nos adotar em Jesus como seus filhos, está fincada não no início do mundo, não do momento do nascimento do homem, não na sua escolha própria, porém antes da fundação do mundo, em Deus. O Deus Eterno.

Voltando a Romanos 9 percebemos pelo que foi exposto acima algumas verdades inconfudíveis. Que só não podem ser vistas por aqueles que não querem ver e, percebidas por aqueles que não querem ouvir.
O Senhor Deus é Soberano e, por conseguinte tem o poder de escolher e predestinar aqueles a quem amou. O homem não passa de um vaso de barro, a quem Deus em sua misericórdia decidiu usar para revelar as riquezas de sua glória. Decidindo e planejando isto antes da fundação do mundo para o seu louvor.

Aproveito a oportunidade para convidar você que não conhece a Cristo como Senhor e Salvador, e, até você que julga conhecê-lo, depois de ter lido essas simples palavras, a meditar se você faz parte daqueles que foram alvo do amor eterno de Deus; se és um predestinado ou um preterido, se és um vaso de honra ou de desonra, se fostes escolhido antes da fundação do mundo, se fostes amado por Deus antes mesmo de existir o próprio tempo.
Pense nisso, a predestinação e a eleição andam de mãos dadas com a santidade e a irrepreensibilidade.

Deus nos abençoe.

Amém.

Notas:
[1]Crer é Difícil / Joh MacArthur Jr.; traduzido por Heloisa Cavallari Ribeiro Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
A citação encontra-se no capítulo três, sob o título: A verdade num vaso individual. Subtítulo: Vaso de barro.

FONTE: Texto disponível originalmente em "Crer é Difícil"

20 fevereiro 2011

Deus também odeia pessoas!

Por Marcos David Muhlpointner

Esse post é inspirado por uma pregação do Pr Paul Washer (veja aqui) e por uma pregação do Pr Décio Leme Júnior. Mas também, e talvez, principalmente, é inspirado pelo que vejo no espelho. Não fosse a graça maravilhosa de Deus e o sacrifício que Jesus fez por mim, eu mesmo seria o alvo desse texto. Spurgeon dizia que muitas vezes ele escolhia seus textos para o sermão com base naquilo que ele precisava ouvir do Senhor. Esse post é assim, tem esse mesmo sentimento.


            Quantas vezes já não ouvimos a seguinte frase: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”. Aí vem Paul Washer e nos lembra desse texto do livro de Salmos (5:5-6):

“Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade. Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.”

            Devo confessar que não lembrava desse texto. Se algum dia já o tinha lido, não me recordava dele. E é impressionante a clareza com que o texto trata da questão. Em qualquer versão da Língua Portuguesa, Inglesa, no Hebraico é a mesma expressão: “...odeias a todos...”! Então vamos ao dicionário. Minha fonte de pesquisa é o Dicionário Houaiss.

Odiar: 1. sentir aversão por (algo, alguém, a si próprio ou um ao outro); detestar(-se), abominar(-se); 2. achar muito desprazeroso; 3. ter inimizade intensa a; detestar.
Aborrecer: 1. ter horror ou aversão a ou causar aversão, desagrado, mal-estar; abominar ou provocar abominação; 2. causar ou sofrer desgosto ou contrariedade; desgostar(-se); 3. causar tédio ou fastio a ou entediar-se; enfadar(-se), enfastiar(-se), maçar(-se); 4. tornar(-se) zangado; apoquentar(-se), enraivecer(-se), enfurecer(-se).

            Eu não sei o que você pensa quando medita sobre isso – se é que nós conseguimos meditar no ódio que Deus tem – mas o fato é que a Bíblia está afirmando que Deus também odeia pessoas. Não é preciso fazer grandes exercícios de hermenêutica e exegese. Da mesma forma que a Bíblia afirma que “Deus é amor”, que Jesus Cristo é “o caminho, a verdade e a vida”, ela também a firma que Deus odeia certo tipo de pessoa. Para entendermos o amor de Deus e a salvação assegurada por Jesus Cristo não recorremos a livros teológicos, análises teológicas de autores consagrados no meio evangélico. Aceitar que Deus é amor é uma das ações mais simples e básicas do cristianismo. Mas o mesmo não ocorre com essa verdade: a verdade de que Deus odeia pessoas.

            Entretanto, alguém dirá que essa postura de Deus é do Velho Testamento, de antes da vinda de Jesus Cristo, de antes do advento da graça quando Deus lidava com as pessoas através da Lei. Ou ainda, e pior, que a maneira de Deus lidar com as pessoas mudou depois de Jesus Cristo ter realizado seu ministério. Então vejamos o que escreveu o apóstolo Paulo em Romanos 11:22:

“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.”

            Voltemos ao dicionário:

Severidade: 1. qualidade, condição ou estado do que é severo; 2. ato rigoroso; atitude severa; 3. falta de flexibilidade ao julgar, disciplinar, castigar; 4. inteireza de caráter; rigor, austeridade.

            Querido leitor, será que já pensamos seriamente na severidade de Deus? Será que Deus será flexível no Seu julgamento? Será que Deus toma alguma decisão sem inteireza de caráter? Será que o comportamento que Deus nos exige não é rigoroso? Talvez não haja nada mais urgente na nossa vida do que vivê-la de modo digno à vocação com que fomos chamados.

            Iniquidade nós praticamos todos os dias contra Deus, contra nós e contra o próximo. Mas graças a Deus fomos colocados debaixo da graça e da misericórdia de Deus para estarmos livres da condenação do pecado. É só pela graça de Deus que não somos mais alvo do ódio de Deus. É só pelo sacrifício eterno de Jesus que não seremos cortados e lançados no fogo que nunca se apaga. Se não fosse a graça de Deus, estaríamos ainda correndo a passos largos e em grande velocidade para o futuro castigo eterno, como pregou Robert McCheyne.

            Não podemos fugir dessa verdade: Deus odeia o pecado e odeia as pessoas que praticam a maldade. Não podemos “tapar o sol com a peneira”. Deus não toma o culpado por inocente. Amamos o amor de Deus, desejamos esse amor mais que tudo, mas infelizmente não tratamos a Sua justiça com o mesmo amor. Não sabemos lidar com a ira de Deus porque não pensamos sobre ela. Quantos sermões você já ouviu sobre a ira de Deus?

            Concordo que pensar na ira de Deus é difícil e nos incomoda. Mas o Deus da Bíblia está contra todos aqueles que praticam a maldade. E Jesus Cristo é o único que pode nos tirar do alcance da ira de Deus. Certamente que pensar no amor de Deus e na Sua salvação dada à nós é mais prazeroso. Mas se quisermos agradar a Deus temos que procurar odiar o pecado com a mesma intensidade que Deus o odeia. Quanto a odiar os pecadores, só Deus pode fazê-lo!

Para entender melhor a ira de Deus: O Futuro Castigo Eterno (Robert McCheyne), Pecadores na mãos de um Deus irado (Jonathan Edwards) e a Ira de Deus (Martyn Lloyd-Jones), todos sermões que foram editados pela Editora PES.

FONTE: Texto originalmente postado em Música, Ciência e Teologia

17 fevereiro 2011

Sem Vergonha da Bíblia







Por Ednaldo Cordeiro


Ontem li no Púlpito Cristão um artigo de autoria do irmão Avelar Jr. intitulado “O dia em que senti vergonha da Bíblia”, onde discorre sobre a dificuldade que muitos têm de compreender o significado das palavras da edição Revista e Corrigida da tradução de João Ferreira de Almeida, e dizendo que em certa ocasião sentiu, por causa disso, vergonha da Bíblia. Embora concorde que a edição de Almeida possui uma linguagem um tanto densa para o atual estágio educacional da maioria das pessoas, discordo que isto seja um problema da tradução, que podemos considerar arcaica.

Apesar do irmão Avelar se utilizar do texto de Atos 2.11, quero dizer que a linguagem utilizada nas versões de Almeida, é o nosso bom e velho português, e se ela é uma ilustre desconhecida da maioria dos brasileiros a culpa não é da Bíblia. Desculpem-me a expressão, mas creio que o “buraco é mais embaixo”, o problema não é a dificuldade vocabular da versão de Almeida, mas o nível educacional da maioria da população, diga-se de passagem, composta por analfabetos funcionais que mal sabem escrever o próprio nome e lêem textos simples aos trancos e barrancos. A linguagem usada por Almeida e já “atualizada” diversas vezes, em versões revisadas, revistas, corrigidas e etc. era na época de sua escrita a linguagem usada pela maior parte da população, de forma que palavras como “mancebo”, “varão”, “enxundia”, “ilhargas”, "ósculo", bem como o uso das 2ª pessoas do singular e plural e o vasto uso de mesóclises eram comuns na época.

O que temos que lutar é por melhores condições educacionais e não por uma simplificação que ao invés de elevar o nível cultural o reduz ao mesmo nível das tribos ameríndias do século XVI. Caso contrário, logo logo teremos a “Bíblia em Gíria”, que em pouco tempo terá de ser atualizada, onde Deus diz a Adão que ele “pisou na bola”, ou Moisés se referindo a José como “mó caô", ou que Davi “mandou ver” ou “botou pressão” em Bate-seba, ou ainda que Judas era o maior 171. Ou quem sabe não seria interessante uma Bíblia em “mineirês”, outra em “baianês” e outra em “caipirês”, afinal, na questão lingüística, existem diferenças regionais suficientes para respaldar esta idéia. Antes que alguma sociedade bíblica compre a idéia, quero dizer que estou sendo irônico, mas se comprar quero royalties.

Porque ao invés de reclamar das palavras arcaicas, não tentamos melhorar o vocabulário das pessoas que freqüentam nossas igrejas? A popularização da educação foi, sem sombra de duvida, um avanço conseguido pela reforma protestante, pois todos tinham o direito de ler as Escrituras, vamos despertar nas pessoas o desejo de aprender mais, não copiemos um mundo que produz versões condensadas e comentadas das obras de Machado de Assis porque os estudantes não conseguem compreender o português usado por ele.

Dizem que estamos ficando mais inteligentes, mas quando olho para trás e vejo o nível educacional de muitas pessoas do séculos passados, acho que o nosso nível caiu drasticamente. Podemos até possuir mais informações, um maior conhecimento, mas dizer que estamos mais inteligentes é burrice. Falta-nos prazer pela leitura de bons livros e principalmente da Bíblia, colocar a Escritura de lado apenas por não saber o significado de uma palavra é um atestado de preguiça e impenitência tremendo, pois para que é que existem dicionários? Não sinto vergonha da Bíblia, mas sinto muita vergonha do atual nível cultural e educacional do nosso povo.
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P.S. Este artigo não é uma critica ao artigo do irmão Avelar Jr., mas uma simples análise da situação considerando outro ponto de vista.

Nota: A foto não se encontra na postagem original.
Fonte: Texto originalmente postado em "Divinitatis Doctor"

16 fevereiro 2011

Série Trindade - Parte 1


Por Igor Miguel

A trindade é uma doutrina cujo objetivo é afirmar a unidade de Deus, e que, é inerente a esta unidade certa complexidade relacional. Trindade é uma explicação ao fato de que este Único Deus, apesar de sua unidade, se relaciona de forma complexa, ou seja, apesar dele ser um único Deus, Ele se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. O cristianismo por ser uma religião monoteísta não está disposta discutir a unidade de Deus, pois é um fato, do contrário, o cristianismo seria mais uma religião politeísta ou idólatra. O Credo de Atanásio diz:
"Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. E contudo não são três deuses, mas um só Deus. "
Observe o cuidado de Atanásio, que ao usar o termo "Deus" três vezes associado ao Pai, Filho e Espírito Santo, deixa claro que não está com isso afirmando que existem três deuses, como ele mesmo explicita logo após "contudo não são três deuses, mas um só Deus". Atanásio está defendendo a interpretação cristã de que este único Deus, que sempre percebemos na revelação das Escrituras como Pai, Filho e Espírito, é trino em pessoa, mas não são três divindades distintas e independentes, do contrário, novamente estaríamos comprometendo a fé monoteísta afirmada pelas Escrituras (Dt 6:4).

Infelizmente muitos questionam esta belíssima doutrina enraizada na Bíblia e explicada pela Igreja. Muito deste questionamento é fruto primeiro de uma desconfiança moderna à doutrina e depois por desconhecimento das confissões e formulações clássicas a respeito. Eu mesmo fui vitimado por esta ignorância.

De fato alguém que nega a trindade, se coloca fora do cristianismo e daquele fundamento que agrega todos os cristãos pelo mundo. E como veremos, negar a trindade, é negar a forma como Deus se dirigiu aos homens para salvá-los. A trindade é uma doutrina pastoral, comunitária e prática, diferente do que se pode imaginar, não é uma formulação especulativa ou de pouca importância prática. Ela define, de fato, quem é e quem não é cristão, e como, Deus mesmo, em amor trinitário, criou, amou, redime e consumará todas as coisas para Sua Glória.

Um dos problemas que eu mesmo tive com a trindade, vinha do próprio termo "pessoa". Meu entendimento da doutrina trinitária fora profundamente iluminada quando entendi duas coisas: a teologia paulina da adoção (que será discutida abaixo) e por outro lado, o uso do termo persona pela tradição cristã.

Persona não tem nada haver com o conceito moderno que temos de "pessoa", que está ligado a uma ideia de "indivíduo humano", "individualização" etc. A ideia de personana tradição cristã tem haver com "pessoalidade" ou "atributos relacionais". O termo é de origem teatral e tem a ideia de "personagem" ou "máscara". Em outras palavras, quando a doutrina da trindade afirma que Deus é único e subsiste em três pessoas, está dizendo com isso, que Ele é relacionalmente tri-pessoal. No século XVI, João Calvino, para sanar qualquer confusão, observa que a palavra "pessoa" deveria ser compreendida com o sentido de "subsistência", ou seja, que este único Deus subsiste relacionalmente em forma tríplice, em três pessoas com atributos (papéis/hipóstase) distintos, entretanto, paradoxalmente, unidas quanto a natureza (substância):
[...] designo como pessoa uma subsistência na essência de Deus que, enquanto relacionada com as outras, se distingue por uma propriedade incomunicável. Pelo termo subsistência queremos que se entenda algo mais que essência. Pois se o Verbo fosse simplesmente Deus, contudo não tivesse algo próprio, João teria dito erroneamente que ele estivera sempre com Deus [Jo 1.1].Quando acrescenta imediatamente em seguida que também o próprio Verbo era Deus, ele nos volve para a essência única. Mas, uma vez que não podia estar com Deus sem subsistir no Pai, daqui emerge essa subsistência que, embora fosse unida à essência por um vínculo indivisível, não se pode separar dela, possui, no entanto, característica especial em virtude da qual se distingue dela. (Institutas, Vol. I, Cap. XIII, parágrafo 6).
A palavra subsistência ou pessoa deve ser compreendida assim: quanto à natureza,unidade, quando aos diversos papéis-pessoais deste único Deus, diversidade(complexidade). Quando olhamos para o único Deus, em sua diversidade relacional, vemos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, distinguem-se completamente quanto a seus atributos. Um exemplo das características que distinguem as três pessoas de Deus são:

- O Pai que ama, envia o Filho;
- O Filho, o amado, e não o Pai, nasce de uma virgem e morre na cruz;
- O Espírito Santo, o amor, é quem consola e guia a Igreja a toda verdade.

Dessa forma, pode-se ver a clara distinção dos papéis.Seria totalmente errado à luz da doutrina trinitária, afirmar por exemplo, que Jesus é o Pai em carne. Pois isto não é bíblico, por isso a doutrina nunca afirma tal coisa. A explicação correta seria que Jesus representa o Pai, pois quem vê o filho vê o Pai, mas Ele (Jesus) não é o Pai em seus atributos pessoais. (Jo 1:18; 14:9) Jesus é Deus, pleno de divindade (Cl 2:9), gerado do Pai (Hb 1:5; 5:5).Quanto a natureza, pleno de divindade, entretanto quanto a seu papel, distinto.

Vejamos, por exemplo, como o Deus Único se mobiliza em toda sua pessoalidade para salvar os homens:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da suaglória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória. (Ef 1:1-14).
O termo "glória"* funciona neste texto como um marcador de que como o único Deus em trindade se move para salvar os homens. No texto o PAI elege, o FILHO redimee o ESPÍRITO SANTO sela. Aí se vê claramente a atuação trinitária de Deus, para salvar os homens.
A questão é que se há alguma coisa neste movimento que não seja DIVINO, se o Pai, o Filho e o Espírito Santo não forem plenamente divinos e pessoas integrantes de um único Deus, não é Deus quem está salvando. Mas, aprouve a Deus, dirigir toda sua complexidade e pessoalidade, para eleger, redimir e selar aqueles que transformou em filhos.
Diferente do que muita gente pensa, a trindade não é uma formulação doutrinária especulativa, ou um jogo de palavras teológicas que só os "iluminados" podem entender. A doutrina trinitária é construída a partir das Escrituras e é uma doutrina com implicações práticas muito sérias. Esta foi a defesa de Agostinho de Hipona, ao postular que a trindade significa que Deus em sua totalidade relacional e em sua complexidade, se dirige aos homens, ou seja, que as distinções entre as subsistências divinas (Pai, Filho e Espírito Santo), são narrativas do amor divino em si dirigidos aos eleitos.
No batismo de Jesus, fica claro, que o Pai dirige seu amor ao Filho, por isso diz que ele é o Filho amado em que Ele tem prazer (Mt 3:17). Está claro que do Pai procede o amor ao Filho, e também está claro que o Filho é objeto de todo amor do Pai. Entretanto, nenhum homem pode ser objeto do amor do Pai, ou ser acolhido em sua família trinitária, sem se revestir de Cristo. Por isso, Paulo é categórico: "Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes." (Gl 3:26-27).
O revestimento de Cristo que o eleito recebe, coloca-o em condição ressurreta e o mais importante, em condição de filho de Deus. Isto significa que o Pai quando olha para o eleito, o vê como seu Filho (Jesus), e por isso, derrama sobre Ele seu amor. O eleito integra-se à família trinitária. Entretanto, a concretização deste amor, dá-se no Espírito Santo, por onde o Pai comunica seu amor, por isso, o Espírito Santo aparece no batismo de Jesus em forma de pompa, como sinal, do amor do Pai pelo Filho. Igualmente, o sinal do amor do Pai por seus filhos (os eleitos) dá-se pelo Espírito Santo, que é o mesmo Espírito que estava em Jesus Cristo:
"E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, {Aba; no original, Pai} Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus." (Gl 4:6-7). "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o Espírito de Adoção, baseados no qual clamamos: Aba, {Aba; no original, Pai} Pai." (Rm 8:15).
Ninguém pode chamar Deus de Pai sem adoção. Ninguém, pode chamá-lo de Aba, sem que o movimento redentor de Pai, Filho e Espírito Santo, tenham-no envolvido, acolhendo-o na família divina. Por isso, negar a doutrina trinitária, negar a trindade, é ignorar a doutrina que afirma que Deus é amor. Este amor se esclarece, justamente porque em Deus há uma relação de amor entre O Pai (que ama), o Filho (o Amado - Ef 1) e o Espírito Santo (o meio do amor):
"...porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado." (Rm 5:5)
As implicações da trindade sobre a vida comunitária e o amor na Igreja são cruciais. A falta de clareza e da própria vivência de um Deus que age de forma completa para amar seu Filho e por isso estende este amor aos santos, atinge profundamente nossa forma de compreender e de se relacionar com os irmãos em nossa comunidade. O termo "irmão" começa a fazer muito sentido à luz da trindade.
"Deus é comunidade" (Agostinho)
Continua...
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* Devo esta observação a Guilherme de Carvalho durante um sermão de domingo, devo a ele a compreensão da teologia paulina da adoção. 

FONTE: Texto cedido pelo autor e disponível originalmente em "Pensar..."

15 fevereiro 2011

A Aposta de Pascal


By Vanderson M. da Silva

Blaise Pascal
Blaise Pascal, retratado por Philippe de Champaigne, 1656-57

No presente post gostaria de tratar de uma proposição enunciada pelo célebre filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662), o qual conhecemos bem de nossos tempos de ensino médio (o seu famoso triângulo, as probabilidades etc., lembram?). Ela ficou conhecida como aposta de Pascal, e é longamente exposta em seu livro Pensamentos, no Artigo II: “O que é mais vantajoso: acreditar ou não acreditar na religião cristã”. Constitui uma espécie de argumento indireto a favor da existência de Deus, com o seguinte teor:
Caso a tua crença em Deus e na Bíblia esteja correta, terás o céu por recompensa;
Caso a tua crença em Deus e na Bíblia esteja errada, não terás perdido nada;
Caso a tua descrença em Deus e na Bíblia esteja correta, não terás perdido nada;
Porém, caso a tua descrença em Deus e na Bíblia esteja errada, teu destino será o inferno.
É importante ressaltar aqui, para se evitar conclusões precipitadas, que não é a religião institucionalizada que o sábio tinha em mente. Isto é, não é a adesão formal de indivíduos a uma igreja que ele contemplava aí. Pascal provinha de uma família que abraçara o jansenismo, movimento católico dissidente, de moral e disciplina rigorosas, cujo conceito de predestinação e graça, aliás, é muito próximo daquele do calvinismo (mais sobre o jansenismo, clicar aqui). Em seu entendimento, trata-se o cristianismo de relação pessoal com o Altíssimo.
Feita essa necessária ressalva, não obstante, tem-se apontado que tal argumento incentiva a adoção oportunista da religião cristã apenas para se estar em consonância com a existência de Deus. Deus que, talvez, até tenha em melhor conta um ateu ou agnóstico sincero e de vida moral do que um semelhante apostador. De fato, a Bíblia é categórica: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). Por outro lado, o conceito escriturístico de fé salvífica não se ajusta à ideia de aposta: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Romanos 10.9). Por fim, falando em seu nome e no nome dos demais apóstolos, Pedro nos ensina qual a atitude que todo pecador que vem a Cristo salvificamente deve ter. Perguntado por esse sobre se queriam imitar a multidão e O deixarem, ele proferiu as palavras lapidares: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus” (João 6.68,69).
Porém, diga-se que mesmo entre os evangélicos há quem discorde disso e ainda julgue ser a aposta de Pascal uma estratégia apologética válida: confiraaqui.
Se é verdade que há controvérsias entre os teólogos reformados acerca do valor dos chamados argumentos teístas (e.g., Robert L. Reymond e Vincent Cheung concordam quanto a serem eles falaciosos, mas o último ainda vê utilidade no emprego deles), creio que, quanto a essa que é na verdade uma variante de tais argumentos, não devemos endossá-la de forma alguma: cliqueaqui para uma análise e discussão aprofundadas das insuperáveis dificuldades teológicas inerentes à chamada aposta de Pascal, bem como de seus riscos espirituais. Para uma refutação filosófica, recomendo este texto aqui, em inglês.
Numa era de crescente incredulidade e irreligiosidade como a nossa, a qual, além disso, é caracterizada por um pragmatismo exacerbado, eu não ficaria surpreso se surgissem pregadores e denominações inteiras passando a lançar mão de tal argumento em seus planos “evangelísticos”. Se a Deus aprouver que este meu modesto artigo sirva de esclarecimento e alerta sobre a matéria, será um motivo de especial gratidão minha a Ele.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PASCAL, Blaise. Pensamentos. <http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/pascal.html>. Acessado em 14/02/2011.
REYMOND, Robert L. A New Systematic Theology of the Christian Faith.Nashville, EUA: Thomas Nelson Publishers, 1997. Págs. 131s.
CHEUNG, Vincent. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo, SP: Arte Editorial, 2008. Págs. 70ss.

Nota: Texto originalmente postado e disponível em "Polemista Reformado"

12 fevereiro 2011

Ofertas de amor

Por Joelma Rocha

Senhor, sei que nada sou, sei que nada tenho. Sei que nada posso adquirir sem o teu auxílio. Mas venho lhe entregar minha humilhação. Venho devolver-lhe tudo o que tenho recebido das tuas mãos.
Deixo diante do teu altar um coração consciente das suas limitações e das suas fraquezas, um coração quebrantado, totalmente dependente de Ti.
Venho lhe entregar o primeiro... o melhor...Aceite Senhor... é Teu! Teu pois Tu me deste, teu pois te devolvo.
Aceite Senhor, minha gratidão, pelo Teu amor incondicional, por Tuas misericórdias que duram para sempre. Aceite Senhor o meu louvor, por Tua grandeza, Tua Bondade, Tua Fidelidade, Tua Verdade, Tua justiça. Aceite Senhor, minha adoração, por Tua Majestade, Tua Santidade, Tua  Soberania.
Tu Senhor, és a fonte de todas as riquezas, és a fonte do conhecimento, da inspiração, do prazer, do contentamento.
Tudo vem de Ti e te devolvo. Te entrego as emoções, o tempo, as lágrimas, os talentos, os sonhos, os bens..os entes queridos. Te entrego o meu Isaque. Aceite Senhor minha oferta de amor. Aceite meu serviço. Deixo tudo diante do teu altar.
Renuncio o que fui... reconheço o que ainda não sou...e me entrego a Ti, para que faças de mim o que quiseres.

Nota: Texto gentilmente cedido pela autora e disponível originalmente em "Verdade no Coração" 

07 fevereiro 2011

Primeiro a Bíblia. O resto vem depois.



Por Marcos David Muhlpointne

Dizem que a vida começa aos 40. Então nem comecei ainda, mas estou perto de começar. E como somos feitos de fases na vida, percebo que estou passando por uma fase bem importante. Muitas coisas novas têm acontecido - casamento, profissão, igreja - nas três áreas que julgo serem as mais importantes que tenho. Um dia o Nelson Bomilcar me disse que ele renovava os votos do casamento todos os dias. Na época não entendi direito, mas hoje, depois de cinco anos casado, entendo que o casamento é uma construção diária.

Esse ano recebi vários desafios profissionais, como ficar em apenas um colégio, integrar um grupo de professores para um aperfeiçoamento profissional, prestar a prova do Mestrado e começar uma vida acadêmica. Além disso tudo, estamos implementando uma metodologia de ensino de Ciências mais formalizada, mas não rígida. Esse ano os meninos vão aprender habilidades e competências para aprender Ciências. É um desafio e tanto tirar o foco do conteúdo e ensinar o aluno a, simplesmente, pensar de modo científico. O resto, ele vai atrás.

E os desafios na e da Igreja de Cristo. Faço parte da Igreja de Cristo. Aquela Igreja, com "I" maiúsculo, a Igreja invisível para os olhos humanos, mas viva para Deus. Aquela Igreja que é Universal, mas não é a do bispo. A Igreja santa - porque foi separada; perfeita - porque quer viver no vínculo da perfeição que é o amor; imaculada - porque está sendo santificada por Deus; combativa - porque luta contra o pecado, contra o mundo, contra o erro e a mentira.

A Igreja é perfeita, mas eu não. A Igreja é santa, mas eu ainda peco diariamente. A Igreja é única, mas ainda há dentro de mim vozes que teimam querer falar mais alto do que a Palavra de Deus. E no campo da Igreja eu também estou sendo a desafiado. Desafiado a "fazer a coisa direito", a andar duas milhas, a dar a capa e a túnica, a oferecer o outro lado da face. Isso custa, isso dói, isso cansa, isso machuca, porém isso é compensador pois é a Igreja de Cristo, o corpo de Cristo que está sendo edificado.

"De repente" redescobri a Palavra de Deus e o quanto eu a amo. Ela ficou meio escondida no coração, mas não como o salmista a escondeu. Ela estava, na verdade, esquecida no fundo do coração. Lá no fundinho, junto das teias de aranha que vão se acumulando nos recônditos da alma. Não sei onde eu li isso, mas nada como uma crise para um novo despertamento. E ao redescobrir o amor pela Palavra de Deus, lembrei-me que se ela não nortear a minha vida, a desgraceira será certa. Isso tenho aprendido com o Fabiano, uma grande amigo (e bota grande aí - risos).

Com ele tenho redescoberto que se eu não submeter tudo na minha vida à Palavra de Deus, eu vou errar em tudo, no casamento, na profissão e na igreja local. A Palavra de Deus deve realmente ser a palavra final em todas as questões. O que ela diz, deve ser dito por nós. O que ela sugere, deve ser considerado por nós. E onde ela se cala, não devemos questionar. A Palavra de Deus é o "fiel da balança", é a bússola, é a direção, "é a lâmpada para os meus e a luz para o meu caminho". Como amo a Palavra de Deus!!!

Mas há um perigo nisso. A Palavra de Deus fala coisas contrárias a mim. Você já percebeu que a livro mais lido no mundo em todos os tempos - a Bíblia - tem passagens que nos encostam contra a parede, que mostram nossos erros e que mostram que o nosso fim pode ser trágico! A palavra de Deus mostra que se o homem não tomar certas atitudes ele vai para o inferno e, mesmo assim, ela continua sendo o livro mais lido de todos os tempos!!! Aí eu me pergunto: Marcos, você realmente está disposto a crer na Palavra de Deus? Marcos, você realmente está interessado em ter sua vida direcionada por ela?

Querido leitor, se realmente quisermos ter a Palavra de Deus escondida no nosso coração, como o salmista a tinha, temos que ser lembrados sempre: primeiro ela, depois as minhas opiniões, as minhas vontades, as minhas convicções, os meus "achismos". De todos os autores bíblicos que eu li até hoje, nenhum deles pode ser maior que a própria Bíblia. Se algum deles fala ou faz algo que é contrário à Bíblia eu devo tomar muito cuidado. Se a Palavra de Deus está sendo relativizada, há um grande perigo do erro e da queda. Sua autoridade é inquestionável. Sua inspiração é divina e seu alcance é para todas as áreas da minha vida.

Fonte: Texto gentilmente cedido pelo autor e disponível originariamente em "Música, Ciência e Teologia"

04 fevereiro 2011

A Tribuna ou o Púlpito?



Posse dos deputados federais eleitos para a 54a. legislatura
Posse dos novos deputados federais. Créditos: Site da Câmara dos Deputados


Por Vanderson Moura da Silva


Hoje é o dia em que tomam posse os 513 deputados federais eleitos para a nova legislatura. Destes, 71 compõem a chamada “bancada evangélica”, o que representa um acréscimo de 65% em relação aos 43 do período antecedente. A maioria desses congressistas, como é largamente sabido, ocupam posição de liderança em suas respectivas igrejas, isto é, ao menos em tese, exercem função pastoral, ainda que com títulos como bispo etc. Pelas Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores Brasil afora a participação desses políticos é igualmente significativa, como sabemos.


O testemunho que essa crescente bancada vem dando ao longo dos anos, com as honrosas exceções de sempre, tem deixado muito a desejar. Para ficarmos apenas na esfera federal, em escândalos como os do “Mensalão”, da “Máfia das Ambulâncias”, dos “Anões do Orçamento” etc. sempre tem aparecido o nome de parlamentares a ela pertencentes, enxovalhando o nome de Cristo (de que se dizem portadores) aos olhos da sociedade brasileira, já tão carente de exemplos de autoridades que lhe sirvam de referência na integridade ética e moral.


Porém, não é sobre o péssimo testemunho desses supostos “irmãos” que quero tratar hoje aqui. O que gostaria de abordar hoje é um aspecto pouco debatido quando se discute a atuação dos políticos evangélicos: o fato de muitos deles deixarem a função pastoral que alegam exercer para atuarem em cargos eletivos. Afinal, não é no mínimo questionável que, num País onde a falta de obreiros em muitos campos missionários é gritante, tantos pastores pretextem ter chamado do Senhor e, no entanto, se lançarem candidatos para a carreira política? E o chamado ao pastorado que receberam (ou dizem ter recebido), não estaria sendo traído por eles? E, se estão traindo o chamado, estariam eles em condições espirituais para o próprio papel original de liderança eclesiástica?


No estado de São Paulo mesmo, a minha denominação batista se vê às voltas com a constrangedora realidade de igrejas e congregações fechadas por falta de obreiros — e, para maior constrangimento ainda, a situação é mais grave justamente na região onde se estabeleceram os seus primeiros missionários, vindos dos EUA, os quais organizaram em 1871 a primeira igreja batista em território nacional. E, passados tantos anos, ainda é grande o número de municípios sem nenhum trabalho batista em terra bandeirante. Tudo isso torna legítimo questionar, por exemplo, o porquê de um ministro do Evangelho jubilado, ou perto do jubilamento, ter ainda “lenha para queimar” na atividade política, mas não para dar alguma ajuda naqueles trabalhos, onde a contribuição dele seria de valor inestimável.


Portanto, salvo situações excepcionais, seria mais apropriado deixar que alguns dentre as próprias ovelhas (não gosto do termo “leigos”) se envolvessem na disputa e exercício de cargos políticos eletivos, e os pastores se ocupassem da “excelente obra” do episcopado (1 Timóteo 3.1), que é o seu mister (1 Pedro 5.1ss). E essa “excelente obra”, como nos lembra o autor de Hebreus, consiste em  velar pelas almas das ovelhas, como aqueles que hão de dar conta delas (Hebreus 13.17). Aos ministros fieis à sua vocação é dada a bendita promessa: “Quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória” (1 Pedro 5.4).


O grande número de pastores (ou “pastores”) lançando-se candidatos em cada período eleitoral é mais um indicador da triste situação espiritual em que se encontra hoje o movimento evangélico nativo. E é mais um motivo para encararmos com maior senso crítico o bordão “irmão vota em irmão”.


Fonte: Texto gentilmente cedido pelo autor  e disponível originariamente em "Polemista Reformado" 

03 fevereiro 2011

Anti-Gospel 2 - Tristeza nas Livrarias Evangélicas














Por Mauricio Pereira do Carmo

Quem gosta de ler, e muito como eu, certamente sempre que surgem oportunidades, senão as cria, visita uma livraria ou um sebo. Eu visito tanto as seculares quanto as evangélicas. Já comprei excelentes livros nas seculares, sebos, e o mesmo digo das evangélicas, pois já encontrei muita coisa boa. Quando digo boa, quero dizer que é edificante, construtivo, que agrega algum valor tanto espiritual quanto intelectual. 

Tirando o prazer de entrar em uma livraria, em sebos na tentativa de garimpar algo de valor e que valha o esforço, sou tomado por outro sentimento, o da tristeza, e isso não é só comigo tenho certeza absoluta.

Quando olho os muitos livros que versam sobre prosperidade, 10 passos para a cura, respostas para sucesso financeiro, sei lá quantos passos para se livrar da doença, você tem direito de ter saúde, a fé que move montanhas ($), como obter fé para ficar rico etc. Quando vejo isso sinto náuseas, me irrita profundamente, cause-me desconforto e tristeza.

Experimente andar na Rua Conde de Sarzedas no Centro de São Paulo, visite as muitas galerias e perceba o movimento. Em alguns corredores parece existir uma disputa acirrada pelos clientes, o que é normal, pois todos precisam vender. Mas aquela coisa de irmão posso te ajudar, vai levar alguma coisa, estamos em promoção....soa muito a conversa de vendedor.

Claro que existem os que fazem pelo prazer de trabalhar atendendo irmãos em Cristo, existem aqueles que se alegram por ter um Box que vende produtos evangélicos, quem não queria trabalhar em um ambiente assim? Eu queria com certeza.

Mas me refiro à banalização, me refiro àqueles que estão nessa pelo dinheiro, já que o mundo gospel dá lucro, me refiro aos oportunistas, os malandros, os que conseguem com uma boa lábia ganhar à custa alheia sendo desonestos. Eles imitam quem está no topo.

Tem livrarias evangélicas vendem livros de auto-ajuda seculares, embora para tristeza geral, temos os nossos escritores de auto-ajuda gospel. Isso é muito mais triste de se ver.

Os temas que citei acima vocês encontram facilmente em algumas livrarias evangélicas, não sei se todas, mas na grande maioria sim.

Um tal de Mike Murdock, o mesmo que apareceu num programa pedindo Mil Reais de oferta para liberar uma benção financeira, esse mesmo, lembram? Pois é, seu ultimo livro, pelo menos até onde sei, pois o cara escreveu mais de 200, chama-se “O Desígnio” - (Desvende os verdadeiros projetos de Deus para os quais você foi designado...) soa familiar?

Note que o livro se parece muito com outro que fez grande sucesso aqui no Brasil, até o layout, a fonte e proposta se parecem com este livro que fez muito sucesso, “O Segredo” – Lembrou? Agora temos o gospel, chama-se O Desígnio.

Não sei de onde vem tanta imaginação, quer dizer sei sim, do Senhor Jesus é que NÃO vem.

Lembro-me do texto de II TIMóTEO 3 – 1 a 7 “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes aos seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar ao pleno conhecimento da verdade.”

Em Apocalipse 6;2 quando o Cordeiro abre o primeiro selo, O apostolo João vê um cavalo branco, “Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer.”

Estudiosos do apocalipse afirmam que esse cavaleiro é o anticristo, o seu “desígnio” é enganar as nações com falsa prosperidade e paz. Todos têm o direito de ter riqueza, saúde, paz e prosperidade, o mundo precisa disso, esse será seu principal discurso.

Então quando vejo essa avalanche de livros sobre esses temas que citei acima, quando ouço pregações no mesmo nível, só posso concluir que satanás está conseguindo implantar na mente destes lideres e escritores o seu “desígnio”, seu “propósito”, que é preparar as massas para o surgimento do anticristo e o falso profeta. Você percebe que agora faz sentido o mundo gospel caminhar por esta estrada sem ao menos questionar se o que eles ensinam é a verdade? Será que temos que aceitar tudo o que estes renomados palestrantes, pregadores, ministros e escritores nos dizem? Eu digo que não! Pois a palavra de Deus nos ordena; “examinai as escrituras, pois cuidais ter nelas a vida eterna, João 5;39” em 1º João 4;1 temos outra ordem; “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.”

Quem ordenou a vocês as ensinarem essas coisas ao povo de Deus?

Quem ordenou a vocês a pedirem quantias fixas de dinheiro, e na mídia?

Quem ordenou a vocês pregadores a conduzirem as ovelhas de Jesus desta forma?

Jeremias 23;1 e 2 “ Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. Portanto assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes. Eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor.”

Jeremias 14;14 – “E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.”

Eu desafio qualquer um destes lideres a provarem ao contrario. E não me venham com textos arranjados, tirados de seus contextos para favorecerem suas convicções. Mostrem um texto em que Jesus ensinou algumas destas coisas, pelo menos um, mas, por favor, sem arranjos. Tenham coragem de admitir o equivoco, arrependam-se, corrijam o caminho, voltem-se a Deus e sua única palavra viva. Não me importa quantos títulos vocês têm, o que me importa e deveria preocupar a vocês é o que Cristo pensa de tudo isso, se é que vocês tem o Espírito de Cristo.

Eu desafio a que preguem a palavra, escrevam sobre a palavra, cantem a palavra, dêem palestras sobre a palavra, tirem suas fotos dos livros, dos CDs e DVDs, tirem seus nomes da mídia, exaltem a Cristo o único a quem os holofotes devem estar mirando.

Parem de mentir ao povo de Deus, digam a verdade, digam que haverá juízo sobre a terra, que todo aquele que não se arrepender de seus pecados e se converter a Cristo, será lançado no lago do fogo e enxofre. Digam ao povo que olhem somente para Jesus mesmo quando não tiverem dinheiro algum no bolso, e quando tiverem dêem glória a Deus que lhes deu.

Se tiverem coragem, digam a verdade, sejam honestos mesmo que tenham que perder todo o império que construíram sob o alicerce do engano, pois um dia isso vai acabar de qualquer jeito. O dia do Senhor está chegando rápido.

Digam ao povo a verdade, que Jesus está às portas, falem do severo juízo de Deus, e, por favor, chega de tanta mentira, de tanta arrogância, parem de esfolar as ovelhas de Cristo.

1º Pedro 5 ,2 “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;”

Galatas 6,7 “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará.”

Ao Senhor Jesus Cristo toda glória para sempre!

Fonte: Texto gentilmente cedido pelo autor e disponível originariamente em "Verbo Vivo"