"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

20 fevereiro 2011

Deus também odeia pessoas!

Por Marcos David Muhlpointner

Esse post é inspirado por uma pregação do Pr Paul Washer (veja aqui) e por uma pregação do Pr Décio Leme Júnior. Mas também, e talvez, principalmente, é inspirado pelo que vejo no espelho. Não fosse a graça maravilhosa de Deus e o sacrifício que Jesus fez por mim, eu mesmo seria o alvo desse texto. Spurgeon dizia que muitas vezes ele escolhia seus textos para o sermão com base naquilo que ele precisava ouvir do Senhor. Esse post é assim, tem esse mesmo sentimento.


            Quantas vezes já não ouvimos a seguinte frase: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”. Aí vem Paul Washer e nos lembra desse texto do livro de Salmos (5:5-6):

“Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade. Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.”

            Devo confessar que não lembrava desse texto. Se algum dia já o tinha lido, não me recordava dele. E é impressionante a clareza com que o texto trata da questão. Em qualquer versão da Língua Portuguesa, Inglesa, no Hebraico é a mesma expressão: “...odeias a todos...”! Então vamos ao dicionário. Minha fonte de pesquisa é o Dicionário Houaiss.

Odiar: 1. sentir aversão por (algo, alguém, a si próprio ou um ao outro); detestar(-se), abominar(-se); 2. achar muito desprazeroso; 3. ter inimizade intensa a; detestar.
Aborrecer: 1. ter horror ou aversão a ou causar aversão, desagrado, mal-estar; abominar ou provocar abominação; 2. causar ou sofrer desgosto ou contrariedade; desgostar(-se); 3. causar tédio ou fastio a ou entediar-se; enfadar(-se), enfastiar(-se), maçar(-se); 4. tornar(-se) zangado; apoquentar(-se), enraivecer(-se), enfurecer(-se).

            Eu não sei o que você pensa quando medita sobre isso – se é que nós conseguimos meditar no ódio que Deus tem – mas o fato é que a Bíblia está afirmando que Deus também odeia pessoas. Não é preciso fazer grandes exercícios de hermenêutica e exegese. Da mesma forma que a Bíblia afirma que “Deus é amor”, que Jesus Cristo é “o caminho, a verdade e a vida”, ela também a firma que Deus odeia certo tipo de pessoa. Para entendermos o amor de Deus e a salvação assegurada por Jesus Cristo não recorremos a livros teológicos, análises teológicas de autores consagrados no meio evangélico. Aceitar que Deus é amor é uma das ações mais simples e básicas do cristianismo. Mas o mesmo não ocorre com essa verdade: a verdade de que Deus odeia pessoas.

            Entretanto, alguém dirá que essa postura de Deus é do Velho Testamento, de antes da vinda de Jesus Cristo, de antes do advento da graça quando Deus lidava com as pessoas através da Lei. Ou ainda, e pior, que a maneira de Deus lidar com as pessoas mudou depois de Jesus Cristo ter realizado seu ministério. Então vejamos o que escreveu o apóstolo Paulo em Romanos 11:22:

“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.”

            Voltemos ao dicionário:

Severidade: 1. qualidade, condição ou estado do que é severo; 2. ato rigoroso; atitude severa; 3. falta de flexibilidade ao julgar, disciplinar, castigar; 4. inteireza de caráter; rigor, austeridade.

            Querido leitor, será que já pensamos seriamente na severidade de Deus? Será que Deus será flexível no Seu julgamento? Será que Deus toma alguma decisão sem inteireza de caráter? Será que o comportamento que Deus nos exige não é rigoroso? Talvez não haja nada mais urgente na nossa vida do que vivê-la de modo digno à vocação com que fomos chamados.

            Iniquidade nós praticamos todos os dias contra Deus, contra nós e contra o próximo. Mas graças a Deus fomos colocados debaixo da graça e da misericórdia de Deus para estarmos livres da condenação do pecado. É só pela graça de Deus que não somos mais alvo do ódio de Deus. É só pelo sacrifício eterno de Jesus que não seremos cortados e lançados no fogo que nunca se apaga. Se não fosse a graça de Deus, estaríamos ainda correndo a passos largos e em grande velocidade para o futuro castigo eterno, como pregou Robert McCheyne.

            Não podemos fugir dessa verdade: Deus odeia o pecado e odeia as pessoas que praticam a maldade. Não podemos “tapar o sol com a peneira”. Deus não toma o culpado por inocente. Amamos o amor de Deus, desejamos esse amor mais que tudo, mas infelizmente não tratamos a Sua justiça com o mesmo amor. Não sabemos lidar com a ira de Deus porque não pensamos sobre ela. Quantos sermões você já ouviu sobre a ira de Deus?

            Concordo que pensar na ira de Deus é difícil e nos incomoda. Mas o Deus da Bíblia está contra todos aqueles que praticam a maldade. E Jesus Cristo é o único que pode nos tirar do alcance da ira de Deus. Certamente que pensar no amor de Deus e na Sua salvação dada à nós é mais prazeroso. Mas se quisermos agradar a Deus temos que procurar odiar o pecado com a mesma intensidade que Deus o odeia. Quanto a odiar os pecadores, só Deus pode fazê-lo!

Para entender melhor a ira de Deus: O Futuro Castigo Eterno (Robert McCheyne), Pecadores na mãos de um Deus irado (Jonathan Edwards) e a Ira de Deus (Martyn Lloyd-Jones), todos sermões que foram editados pela Editora PES.

FONTE: Texto originalmente postado em Música, Ciência e Teologia

4 comentários:

William Bessa disse...

É preciso lembrar também que com o sacrifício vicário de Cristo, alguns dos pecadores que Deus antes odiava Ele agora os ama e os acolhe como filhos, resgatando-os das trevas e lhes dando vida em Cristo Jesus.

Jorge Fernandes Isah disse...

William,

bom tê-lo aqui.

Temos de entender a questão eterna e temporal; pois eternamente Deus escolheu os seus, muito antes da fundação do mundo, como a Escritura nos diz. Do nosso ponto de vista humano é que éramos pecadores, inimigos de Deus, no tempo, e após sermos resgatados, fomos feitos seus filhos. Mas na eternidade isso já aconteceu, porque Deus o quis e decretou.

Grande abraço!
Cristo o abençoe!

Davi Luan disse...

Mas há um ponto a se pensar: quem disse que ira e ódio são a mesma coisa? Não podemos usar um pelo outro.

Nós, que fomos salvos por Jesus, estivemos sob a ira de Deus antes de nossa conversão, contudo jamais fomos alvos de ódio, pelo contrário, somos amados desde antes da fundação do mundo.

Sinceramente, eu vejo que preciso estudar essa questão do "ódio de Deus" com mais carinho. :D

Jorge Fernandes Isah disse...

Oi, Davi!

Bem, vejo diferenças também na utilização dos termos ódio e ira, porém, Deus manifestará a sua ira sobre aqueles que odeia. O ódio é o sentimento de aversão, de repulsa de Deus pelo ímpio e seu pecado. A ira é a consequência da aversão ou ódio. Por exemplo, Deus abomina o pecador e o pecado, e sobre ele lançará a sua ira, o castigo. Isso vale para o réprobo.
Para o eleito, a Bíblia é clara em afirmar que Deus nos "disciplina", nos corrige como Pai que nos ama.
Como disse no comentário anterior, tem-se de entender que Deus nos elegeu eternamente, e que não estamos debaixo do ódio nem da ira de Deus. Para ele, antes mesmo do nosso nascimento, já éramos santos, pois a obra que ele realizará em nós é infalível: tornar-nos à semelhança do Senhor Jesus Cristo.
Portanto, ainda que no tempo tenhamos a ideia de estarmos afastados de Deus, de sermos inimigos de Deus, de estarmos sobre a ira de Deus [são figuras de linguagem que revelam a nossa condição pecaminosa, numa relação nossa para com ele], ele não nos vê assim; pelo contrário, desde sempre está cuidando de nós, para que o seu propósito se cumpra.
Mas esse é um assunto que demanda tempo, muitas páginas de explicação, insuficientes para um comentário. Mas sei que o irmão, com a capacidade e discernimento que o bom Deus lhe deu, e com o pouco que estou lhe dizendo, poderá sabiamente concluir se é verdade ou não.

Grande abraço!

Cristo o abençoe!