"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

27 dezembro 2011

"Um Feliz Natal!"

Por Pr. Luiz Carlos Tibúrcio



Você pode baixar o áudio da pregação para o seu computador ou dispositivo móvel em VOICE 005B.MP3

24 dezembro 2011

Dois velhos e um poeta













Por André Venâncio


Estamos chegando ao quinto Natal deste blog. Em três das quatro oportunidades anteriores, fiz posts propícios à ocasião; apenas em 2009 a data passou em branco. Este Natal ia entrar para essa segunda categoria, pelo simples motivo de que não me ocorrera nada de interessante para escrever. Mas, durante o culto dominical de que participamos no último dia 11, voltou à minha mente com força e clareza especialmente intensas uma reflexão já meio antiga, e percebi que chegara o momento de escrever a respeito.

O que aconteceu no referido culto é que foi lido o texto bíblico de Lucas 2.25-35, que na minha versão recebeu o título O cântico de Simeão. Trata-se de um trecho que sempre considerei particularmente belo e tocante. E, com isso, veio à minha memória um poema de T. S. Eliot inspirado nessa mesma passagem bíblica. Creio que a maioria dos meus leitores tem conhecimento da admiração que dedico a Eliot como poeta, dramaturgo, crítico literário e teórico da cultura. Inclusive, já dediquei um post a um de seus poemas em um Natal anterior, o de 2008. Não é, portanto, sem respeito que mantenho, ao mesmo tempo, desacordos quanto a certos aspectos de sua obra. O poema que mencionei tem algo que sempre me incomodou, mas que demorei para conseguir detectar e descrever com clareza. Esse longo processo se completou no último dia 11, e é em torno disso que pretendo construir minha mensagem de Natal deste ano.

O poema está transcrito abaixo; a tradução foi feita pelo célebre Ivan Junqueira, exceto em dois pontos nos quais, em minha opinião, ele cometeu equívocos que comprometem a integridade do texto lírico. Identifiquei esses pontos com asteriscos, e expliquei as razões de meu desacordo com Junqueira em notas apropriadas. Mas esse aspecto é apenas acessório. Antes de apresentar o próprio poema, transcrevo o trecho bíblico correspondente, pensando sobretudo nos leitores pouco familiarizados com as Escrituras. O poema de Eliot contém tantas alusões e paráfrases desse trecho (e também de alguns outros textos) que sua leitura ficaria consideravelmente empobrecida sem o conhecimento prévio do texto de Lucas. Logo depois da passagem bíblica, transcreverei o poema, e depois farei alguns comentários. A título de introdução, basta esclarecer que o episódio narrado se passou quando o Senhor Jesus ainda era bebê, e José e Maria o levaram ao templo de Jerusalém pela primeira vez. Foi ali que encontraram Simeão.

"Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: 'Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel'. E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se dizia. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: 'Eis que este menino está destinado tanto para ruína quanto para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações'."

A Song for Simeon

Lord, the Roman hyacinths are blooming in bowls and
The winter sun creeps by the snow hills;
The stubborn season has made stand.
My life is light, waiting for the death wind,
Like a feather on the back of my hand.
Dust in sunlight and memory in corners
Wait for the wind that chills towards the dead land.

Grant us thy peace.
I have walked many years in this city,
Kept faith and fast, provided for the poor,
Have taken and given honour and ease.
There went never any rejected from my door.
Who shall remember my house, where shall live my children’s children
When the time of sorrow is come?
They will take to the goat’s path, and the fox’s home,
Fleeing from the foreign faces and the foreign swords.

Before the time of cords and scourges and lamentation
Grant us thy peace.
Before the stations of the mountain of desolation,
Before the certain hour of maternal sorrow,
Now at this birth season of decease,
Let the Infant, the still unspeaking and unspoken Word,
Grant Israel’s consolation
To one who has eighty years and no to-morrow.

According to thy word.
They shall praise Thee and suffer in every generation
With glory and derision,
Light upon light, mounting the saints’ stair.
Not for me the martyrdom, the ecstasy of thought and prayer,
Not for me the ultimate vision.

Grant me thy peace.
(And a sword shall pierce thy heart,
Thine also).
I am tired with my own life and the lives of those after me,
I am dying in my own death and the deaths of those after me.
Let thy servant depart,
Having seen thy salvation.


Um cântico para Simeão

Senhor, os jacintos romanos estão florindo nos vasos
e o sol do inverno resvala sobre as colinas de neve.
Rendeu-se a quadra obstinada.
Minha vida é leve, à espera do sopro da morte,*
tal uma pluma no dorso de minha mão.
A poeira entre os raios de sol e a memória nos cantos
aguardam o vento que esfria rumo à terra morta.

Concede-nos tua paz.
Muitos anos caminhei nesta cidade,
guardei fé e jejum, poupei para os pobres,
dei e recebi honra e conforto.
Ninguém jamais repeli de minha porta.
Quem se recordará de minha casa, onde viverão os filhos de meus filhos
quando vier o tempo do infortúnio?
Buscarão eles a trilha da cabra e a toca da raposa,
esquivando-se às faces e às espadas forasteiras.

Antes do tempo das cordas e dos flagelos e dos lamentos
concede-nos tua paz.
Antes das estações na montanha da desolação,
antes da hora certa da aflição materna,
agora, nesta quadra em que a morte se avizinha,
possa o Infante, o Verbo que ainda não falou nem foi falado,**
conceder a consolação de Israel
a quem tem oitenta anos e nenhum amanhã.

Conforme tua palavra.
Eles Te haverão de exaltar e de sofrer em cada geração
com glória e escárnio,
luz sobre luz, galgando a escada dos santos.
Não para mim o martírio, o êxtase do pensamento e da prece,
não para mim a última visão.

Concede-me tua paz.
(E uma espada trespassará teu coração,
o teu também.)
Estou cansado de minha vida e da vida dos que virão depois de mim,
estou morrendo de minha morte e da morte dos que virão depois de mim.
Deixa partir teu servo,
após ter visto tua salvação.

*: Junqueira traduziu o início desse verso como "minha vida é luz". Mas o restante do verso e o seguinte, ao comparar a vida a uma pena que cai ao menor sopro, mostra claramente que a intenção do poeta é aludir à leveza de sua vida. Aqui, portanto, "light" não é o substantivo "luz", e sim o adjetivo "leve".

**: O original diz "the still unspeaking and unspoken Word". "Unspoken"é algo que não foi falado, mas "unspeaking" é alguém que não fala. Como se vê, Eliot se vale do duplo sentido do termo "Verbo", que é aplicado a Cristo nas Escrituras: como Verbo, portador da revelação de Deus, ele ainda não foi revelado; e, como ser humano, é bebê e ainda não fala. Ao traduzir como "inexpresso e impronunciado", Junqueira introduziu no poema uma redundância empobrecedora, que perde de vista o duplo caráter do Verbo, pretendido pelo poeta.

Além da beleza e da profundidade, que evidenciam a genialidade do poeta, creio que a primeira coisa que chama a atenção no poema é que, se comparado à narrativa bíblica, ele contém uma porção de acréscimos: em sua oração, o Simeão de Eliot discorre sobre o jugo estrangeiro que pesava então sobre seu povo, antevê as horrendas consequências, para seus descendentes, da guerra contra o Império Romano que tomaria lugar sete décadas mais tarde (e talvez os infortúnios milenares do povo judeu em geral), e vislumbra também a superioridade do novo pacto sobre o antigo, do permanente sobre o provisório, do cristianismo sobre o judaísmo, do Evangelho sobre a Lei. É claro que não condeno de modo algum essa liberdade poética, inclusive porque o Simeão bíblico também tem, de um modo menos explícito, todas essas percepções. Apesar disso, esses conteúdos são parte do problema, de algum modo menos direto, e pretendo explicar por que penso assim. No poema, ao mesmo tempo em que há esse olhar voltado para o futuro, também está presente uma atenção contínua de Simeão sobre si mesmo enquanto ausente desse futuro. O ancião lamenta sua velhice, com a consequente impossibilidade tomar parte na nova dispensação, e declara-se cansado da existência incompleta na antiga, na qual, a despeito de sua vida piedosa, resta apenas a exaustão de quem prefere, diante das circunstâncias, o repouso da morte.

Contrasta nitidamente com esse espírito o do Simeão histórico. Em vez de ter dito "Deixa partir teu servo, após ter visto tua salvação", como o Simeão do poema, o que ele disse foi: "Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação". A compactação poética deixou de lado pelo menos dois elementos deveras relevantes, que distorcem a mensagem em uma mesma direção. Primeiro, a submissão à manifesta vontade divina, "podes despedir [...], segundo a tua Palavra", se transformou em uma súplica quase desesperada: "Deixa partir". Nada no texto bíblico indica que Simeão estivesse insatisfeito com a vida. Mas, no poema de Eliot, nada indica que lhe restasse alguma satisfação. Isso me incomoda profundamente, e esse incômodo é reforçado pela segunda omissão: o Simeão bíblico diz "podes despedir em paz o teu servo". Não há essa paz no poema, a não ser como uma coisa três vezes pedida, mas não alcançada, restando apenas uma autocomiseração incompatível com a alegria de ser um servo daquele Senhor.

Alegria, eis a palavra-chave. O texto bíblico nos diz que Simeão recebera de Deus a promessa de não morrer sem contemplar o Messias com seus próprios olhos. Não nos é dito quanto tempo ele aguardou o cumprimento dessa promessa, se um único dia ou uma vida inteira. Mas ele "esperava a consolação de Israel" e sabia como ela viria; podemos estar certos de que contemplar o Cristo do Senhor era seu maior anseio. Quando, enfim, essa expectativa é satisfeita, não o vemos perdido em lamúrias ou divagações de qualquer espécie; muito ao contrário, a passagem nos diz que "Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus". O texto bíblico transmite alegria intensa, empolgação incontida, louvor esparramado, lágrimas de gratidão escorrendo profusamente pelas faces enrugadas e descendo até uma barba grisalha. Aquele momento foi, sem dúvida, o ponto mais alto da vida desse justo.

Simeão não é mencionado em nenhuma outra parte das Escrituras, mas, nesse breve registro, Deus nos deixou um modelo de piedade, esperança, gratidão e senso de prioridade. Um exemplo de como Cristo deve e quer ser recebido. Não sejamos como o Simeão de Eliot, que, tendo Cristo em seus braços, distraiu-se miseravelmente em exaltar o passado, lamentar o presente e temer o futuro, perdendo-se em considerações sobre si mesmo, sobre os outros, sobre política - enfim, sobre tudo, menos sobre a Pessoa divina em cuja presença estava, e que deveria ocupar o centro de sua atenção, bem como de sua vida. Sejamos, ao contrário, como o Simeão histórico, o de Lucas, o das Escrituras, recebendo Cristo com a alegria que ele merece e dando-lhe, em nosso coração e em nossa vida, o lugar que é dele por direito. Que possamos aprender, cada vez mais, a tomar o menino Jesus nos braços com a devida reverência, e a depositar aos pés do Jesus crescido, humilhado e exaltado, todos os temores, frustrações e inquietações de que ele prometeu nos aliviar. O velho Simeão teve, nesta vida, uma única oportunidade de estar com Cristo, e aproveitou-a muito bem. Que não desperdicemos nossas oportunidades, que não sabemos quantas serão. Que, neste Natal, ao comparecer à presença de Cristo e olhar para ele, o vejamos como ele é, e nada menos que isso.

Feliz Natal a todos!


NOTA: A foto acima não pertence à postagem original

19 dezembro 2011

Dizem amar Jesus




Por Eric N. de Souza

Quando afirmamos que o mundo, ou seja, os não cristãos, odeiam o cristianismo, as leis de Deus e o próprio Cristo, as pessoas sentem-se assustadas com as afirmações e logo retrucam: você está errado! Não é assim. E como não dispõem de argumentações coerentes, não falam mais nada, somente negam a afirmação feita e dizem amar Jesus. Pensam que estão sendo coerentes, mas mostraremos que não.

Vamos pensar que realmente tais pessoas amam Jesus, mas como este amor é manifestado? Conhecem o Jesus que dizem que amam? Para eles Jesus realmente existiu ou fala-se tanto dele que o aceitam para satisfazer a opinião pública, digo sociedade? Notamos que vagamente estas pessoas mostram algo realmente coerente para que elas possam afirmar como dantes seu amor por alguém que pouco ou nada conhecem.

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” (Os 4:6a)

Então, falamos da revelação de Deus na Escritura, e aí é que tudo complica, pois em seguida vém os questionamentos: “não é bem assim. Foram homens que escreveram no passado num tempo diferente. Foram homens, não Deus”. Embora elas acertem que foram homens que escreveram, erram ao desconsiderar a inspiração divina guiando os homens nos relatos escriturísticos. Embora acertem que a Bíblia fora escrita no passado, erram ao desconsiderar que as Escrituras não possuem validade, correspondendo ao passado, presente e futuro, a Palavra de Deus, simplesmente permanece. Embora acertem o tempo diferente referindo-se ao contexto em questão, erram ao desconsiderar a Palavra absoluta de Deus, a verdade máxima, inegável e irreversível que não muda com as diversas gerações e contextos – somente é substituída ou satisfeita naquilo que a própria Palavra indica (sacrifícios, festas sazonais, etc).

“mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que vos foi evangelizada.” (1 Pe 1.25)

Portanto, aquelas pessoas que ora afirmavam sua certeza em amar Jesus e não ser contra o cristianismo, descartam a validade e a veracidade do livro que revela o caráter e a vida daquele que era o seu amado. Pergunto: Como ratificar que se ama algo ou alguém tendo dúvidas ou até mesmo convicção que o livro que revela tais instruções e informações para respaldar sua certeza é duvidoso? Ou seja, eles consideram incerta a fonte de seu conhecimento na qual obtém dados da pessoa amada e das questões morais e mesmo assim, o amam e dizem acreditar no cristianismo? Não existe coerência. Para afirmar algo é preciso ter certeza da veracidade da fonte em que este algo é conhecido ou pressupor sua auto autenticação.

"As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre" (Sl 119.160)

09 dezembro 2011

A culpa é do pai [Crônica de uma viagem insólita]



Por Fábio Ribas

Já estávamos há 200 quilômetros da nossa cidade de origem, quando o inusitado aconteceu. “Pai, o senhor quer um chiclete?”, perguntou Ana Lissa. Prontamente, respondi que sim. “Mãe, então me dá dinheiro”, disse Ana para a Lu. Lu se aproximou do carro, espiou pela janela e disse assustada: “Meu Deus!!!”. Todos olhamos para ela perplexos: “O que foi?”. Ela levantou um olhar de descrença, abriu a porta, mexeu debaixo do banco do carro, olhou atrás... “O que foi, Lu?”, perguntei sem saber o que a estaria exasperando. Ela olhou nos meus olhos com olhos bem arregalados e confessou a tragédia: “A bolsa! A minha bolsa! Esqueci a minha bolsa!”.

Na bolsa da Lu, além do óbvio como maquiagem, espelho e uma nécessaire, havia também o cartão de crédito, dinheiro, nossos documentos de identidade, CPF, etc. A descoberta da ausência se deu porque Aninha quis mascar chiclete. Mas é claro que minha esposa não sofre de alguma deficiência que a impossibilite de lembrar de coisas tão essenciais. A culpa não foi da mãe. A culpa foi do pai. Vou contar. Três horas antes da descoberta da ausência da bolsa, fomos pegar nossas filhas que tinham ido dormir na casa de uma amiguinha. Estava tudo combinado, então bem cedo passaríamos para pegá-las e tomaríamos o rumo de Brasília. Assim, hoje de manhã, parei o carro na frente da casa onde estavam minhas filhas. 

- Amor, fecha o carro.
- Para quê, Lu. A gente vai rapidinho. Não vou fechar não.
- Então, eu vou pegar a bolsa para que ela não fique aí.
- Menina, a gente vai rapidinho, ninguém vai passar aqui e roubar o carro há uma hora dessa da manhã.


Mesmo assim, a Lu voltou no carro e pegou a bolsa. O resto da história já dá para imaginar: as mãos cheias de malas e sacolas e outras bugigangas infantis. E a bolsa? Coloca em cima da mesa, depois pega. Assim, por causa de mim, três horas depois, estávamos nós retornando à casa da amiguinha das meninas para pegar a bolsa da Lu. Mas você acha que a nossa viagem se encerrou só por causa disso?! Uma bolsa esquecida? Nada. Vínhamos animados e cheios de planos. Pegaríamos a bolsa e retornaríamos felicíssimos ao rumo de Brasília. Enquanto enchíamos nossas conversas com esses sonhos de viagem e quase chegando na casa onde se encontrava a bolsa: PUM!!! Um terrível barulho se fez. Segurei firme o volante, enquanto tentava entender o que estava acontecendo. O pneu da frente, que ficava do lado esquerdo, acabava de estourar. Como? Só Deus sabe. Paramos e trocamos o pneu. Mas a borracha do pneu (o pneu estava irreconhecível) havia voado na direção do meu retrovisor lateral e, creiam, o retrovisor foi arrancado do carro. Agora, estávamos sem bolsa, sem pneu e sem retrovisor.

A bolsa foi pega logo que entramos na cidade, o estepe deu lugar a um pneu novo (o que nos obrigou a comprar outro novo “por causa do alinhamento do carro”, convenceu-nos o vendedor de pneus), agora, o retrovisor só foi possível depois do almoço, uma vez que a hora avançara e minha cidade fecha o comércio de meio-dia até 13:30. É a siesta.

Estava tarde para tomarmos o rumo de Brasília? Sim, deixamos para o dia seguinte nossa saída. Mas, infelizmente, houve uma nota trágica no desenrolar dessa nossa história. Quando chegamos aqui em casa, minhas filhas vieram em minha direção com as mãos na cabeça e os olhos cheios de lágrima e indignação: “Pai! Pai! Ela morreu! A Tica morreu!”. Neste momento, juro que não acreditei em mais esse item dessa lista tão cheia de ocorrências inesperadas. “Pai! Ela está sem a cabeça! Só o corpo dela está lá. Ela está sem a cabeça!”, diziam minhas filhinhas com os olhos cheios de lágrimas.

Gisele e seus coelhinhos

Tica era um dos setes coelhinhos nascidos recentemente aqui no terreno da nossa casa. O gato a matou nesta noite. “Pai, você disse que a Tica era rapidinha e que o gato não ia alcançá-la!”, disse-me Gisele, cortando meu coração. Mais uma vez, a culpa foi do pai. Sim, acho que me deixei levar pela minha ingenuidade urbana – nunca imaginei que o gato iria conseguir alcançar aqueles coelhinhos tão serelepes e agitados. Depois disso, a minha primeira providência foi arranjar um jeito de salvar os demais coelhinhos do gato tirano. 

Estamos todos bem agora, descansados e curtindo a ideia de amanhã vermos o vovô e as vovós (se Deus quiser!). Entretanto, devo confessar que não me sai da cabeça a incrível ideia de que nossa viagem fracassou hoje não por causa da bolsa, do pneu ou do retrovisor, mas porque tínhamos que voltar para salvar a vida dos outros pequeninos lindos seis coelhinhos das minhas filhas.

FONTE: CASAL 20

03 dezembro 2011

Os vasos não fazem a si mesmos...











Por Natan de Oliveira

Mas ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?" Romanos 9.20

Geralmente a visão de uma criança e de um bebê, principalmente se bonito, é uma linda figura que desperta na mente humana um sentimento de intocabilidade e inocência.

Baseado nesta falsa aparência a filosofia em geral concluiu que o homem nasce bonzinho e que as crianças são inocentes.

Não é isto que a Bíblia ensina.
A Palavra de Deus diz que o homem nasce pecador.

"Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe." Salmo 51.5

Após o nascimento já temos um pecador no mundo, que de fato ainda não pecou, mas sua natureza está toda ali potencialmente disponível para ser o que é.

Deixe crescer e o menino manifestará a sua natureza da forma mais "natural" possível, pecando.

E a Escritura vai além, nos revela que antes mesmo do nascimento, já éramos pecadores miseráveis.

"Os ímpios erram o caminho desde o ventre; desviam-se os mentirosos desde que nascem." Salmo 58.3

Esta malignidade se manifesta em rebeldia, desde pequeno, primeiramente em pequenas doses, depois em maiores rompantes.

Para conter sua rebeldia, os pais da criança o corrigem com disciplina, educação e chineladas apropriadas.

"A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela." Provérbios 22.15

Os pais que se deixam iludir pela suposta aparência de almas inocentes e não corrigem seus filhos, acabam gerando para a sociedade, rebeldes insuportáveis, mimados e sem limites que serão fonte de angústia para os pais quando adultos e em muitos casos um peso social também.

"A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe." Provérbios 29.15

Sua disposição para pecar (fazer aquilo que desagrada a Deus, ou fazer aquilo que Deus não permite que se faça) e sua rebeldia natural contra as leis de Deus cresce à medida que a criança cresce.

No coração de um homem rebelde, o conhecimento da lei de Deus lhe produz reação contrária, expressa sempre em andar segundo o desejo da sua própria vontade.

"Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." Efésios 2.3

Entram em conflito dois adversários ferrenhos, de um lado a vontade do homem na procura de deleites, do outro lado a vontade Deus.

Esta luta perdurará sem grandes mudanças até o novo nascimento em muitos, ou então até a rebeldia total e perdição nos demais.

Os que persistem em ser rebeldes, mas são letrados na filosofia e ciência, quando descobrem que Deus se revela soberano na Escritura, chegam a desafiar a Deus em suas mentes com perguntas tipo:

"Por que você (Deus) se queixa ainda? Porventura, quem tem resistido à Sua vontade? Afinal se eu sou rebelde Ele (Deus) me fez assim..." Paráfrase de Romanos 9.19

Deus então responde prontamente: "Mas ó homem Rebelde, quem és tu, que a Mim replicas?" Romanos 9.20

E Deus ainda continua dizendo, "Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" Romanos 9.20b

Todo homem dará conta do que pensou, fez, ou deixou de fazer diante do Criador e Este tem poder para fazer vasos como achar que devem ser feitos.

"Ou não tem o oleiro (Deus) poder sobre o barro (a terra), para da mesma massa (terra) fazer um vaso para honra (eleitos) e outro para desonra (reprovados)?" Romanos 9.21

E ainda...

"E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição..." Romanos 9.22

E ainda mais...

"Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou...?" Romanos 9.23

Lição profunda para a qual os chamados pelo Senhor se mostram gratos e maravilhados.

Lição intrigante para a qual, os que persistem em continuar rebeldes contra o Senhor, se mostram ainda mais incomodados, endurecidos e irados.

O Evangelho provoca alegria e ira ao mesmo tempo, dependendo do coração para quem ele é proclamado.

Não seja o teu coração endurecido em ira e rebeldia.

Ouça o Evangelho, vá em velórios, acompanhe o cortejo até o cemitério, fique até o fim, observe com atenção o que lá ocorre, saiba que o que é pó se tornará novamente pó...

"Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como pois, entenderá o homem o seu caminho?" Provérbios 20.24

Para evitar tais verdades e textos bíblicos, o homem inventou um outro evangelho, o cristianismo humanista, para o qual Deus é somente um tipo de “Marshmalow de Amor”.

E este outro evangelho se tornou um sucesso... Todavia a própria Escritura revela que tais doutrinas são doutrinas de demônios e que Satanás é seu mentor maior.

Que outro evangelho é este, alguém me perguntaria? 
A própria Escritura dá a resposta:

“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.” Gálatas 1.8-9

Que outro evangelho é este, alguém teimaria em perguntar?
É todo aquele que prega loucamente que os vasos fazem a si mesmos...