"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

26 junho 2009

Sobre o Bem e o Mal









Por Vincent Cheung

Deus tem existido na eternidade; o próprio tempo foi criado por ele. Isso significa que, antes da criação do universo, Deus tinha existido sozinho. E visto que a Escritura ensina que não há mal em Deus, a questão que se levanta quanto à fonte e origem do mal. Nós não podemos dizer que o próprio Deus, embora não haja mal nele, cometeu o mal; a Escritura nega essa possibilidade. Tiago 1.16-17 afirma: "Meus amados irmãos, não se deixem enganar. Toda a boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras incontantes". Se Deus é fonte de "toda boa dádiva e todo dom perfeito", e ele "não muda", isso significa que ele não realiza alguma outra coisa senão aquilo que é bom.
Uma resposta consistente com o registro bíblico seria que Deus criou criaturas com a capacidade de escolher, embora ele possua controle completo sobre até mesmo suas vontades, e que foi bom para ele ter feito assim. Mas, essas criaturas, pelo bom decreto soberano de Deus, decidiram fazer escolhas que eram contrárias à bondade de Deus, e, portanto, resultaram no mal. Devemos insistir, contrário ao "livre-arbítrio" do humanismo, que Deus não meramente "permitiu" o mal, mas ele o decretou; de outra forma, ele não poderia ter se originado.
Ora, a Bíblia diz que se não houvesse lei moral, então não haveria nenhum pecado. Portanto, pecado é uma transgressão da lei moral. Visto que a lei moral declara o que é bom, o mau é, dessa forma, um desvio dessa bondade objetiva, e não é, portanto, realmente uma coisa em si mesma. O que se segue a partir disso é que a bondade pode existir sem o mau, mas o mau não pode existir sem a bondade objetiva. Se mau, como parece, é um "não deve", então ele não pode existir sem um "deve". É possível haver um padrão de bondade objetivo sem qualquer desvio dele, mas não é possível haver um desvio da bondade se a própria bondade não é definida ou não existe.
Por exemplo, é concebível ter um limite de velocidade sem qualquer violação dele, mas é impossível violar o limite de velocidade se não existe tal coisa. Da mesma forma, somente é possível existir o mal se houver o bem, mas é possível que haja o bem sem a existência do mal. Deus não precisa de Satanás para defini-lo.
O mal, de fato, existe mas não como uma coisa em si mesma; antes, ele é um desvio do bem. Isso não significa que o mal seja uma ilusão, como alguns sistemas de pensamento não cristãos afirmam, mas que ele não tem existência independente e objetiva como no caso da bondade. Resumindo, a bondade é definida pela palavra de Deus, e o mau é, consequentemente, definido pela (o desvio da) bondade. O que Deus diz que é bom é bom; o que se desvia ou contradiz o que ele diz é mau.

(1) Extraído do livro "Sobre o Bem e o Mal" - Click Editora Monergismo para adquirir um exemplar
(2) Leia meus comentários ao livro AQUI

13 junho 2009

Conselho a Jovens Escritores





Caro Sr. Raymond Johnston
(1)



Perdoe-me, por favor, esta demora em acusar o recebimento da sua muito amável carta do dia 6 deste, e em agradecer a sua gentileza em dar-me a conhecer as suas conversas sumamente interessantes em Swanwick. Naturalmente as considerarei confidenciais. São verdadeiramente muito valiosas. A reedição de Santidade (Holiness), de autoria de Ryle, parece ter conseguido realizar até mais do que eu previa.
Acho que você e o Sr. Packer estão realizando uma obra muito importante, que poderá muito bem ter grande influência no futuro. Mas, vocês dois precisam aprender a "andar prudentemente" (Efésios 5.15). Quero dizer com isso que há o perigo de seu ensino ser rejeitado devido ao modo como ele é apresentado. Devemos ser pacientes e ensinar as pessoas de maneira construtiva. Escrevo como alguém que pessoalmente achou muito difícil aprender esta lição; porém, com o passar dos anos, fui vendo cada vez mais que a dificuldade do outro lado deve-se realmente à ignorância. Devemos aguardar, e penso que veremos que a extraordinária mudança já ocorreu quanto aos conceitos sobre profecias, ocorrerão também com relação a esta outra questão.
Quanto à dificuldade de explicar os benefícios que Keswick e Ruanda acaso fazem, há pelo menos duas respostas:
1. Muitas vezes a heresia está certa em muitos pontos verdadeiramente essenciais, mas erra num ponto. Em termos modernos, isso é frequentemente ilustrado nos círculos pentecostais com relação à doutrina do Espírito Santo, linguas, curas, etc, enquanto que eles estão absolutamente certos e são ortodoxos nos pontos essenciais, e as pessoas recebem real bênção por meio deles.
2. Os argumentos baseados em resultados e benefícios são sumamente perigosos. Todas as seitas prosperam baseadas nisso. Questionaria também, e muito, se Keswick dá realmente às pessoas uma verdadeira consciência de pecado. Penso que é neste ponto que ele de fato falha mais.
Realmente você precisa voltar a Londres, para que possamos conversar sobre estas coisas, em vez de escrevermos sobre elas.
Todos nós nos juntamos na expressão da nossa mais favorável estima e consideração. Sinceramente ao seu dispor,
D.M. Lloyd-Jones

(1) O. R. Johnston (1927-85), um dos graduados de Oxford responsáveis pelo início da Conferência Puritana, e desta vez, com Jim Packer, exercendo uma nova influência na IVF (Inter-Varsity Fellowship) por meio da publicação Graduado Cristão (Christian Graduate) e por outros meios. Deste ponto em diante, Lloyd-Jones teve um novo papel, aconselhando aos jovens cuja descoberta dos puritanos lhes era causa de grande entusiasmo, que se contivessem e agissem com sabedoria. Tanto por seu próprio ministério como pelo incentivo que deu a James Clarke para reeditar As Institutas de Calvino (1949) e a obra Santidade, de J. C. Ryle (1952), Lloyd-Jones fora usado para preparar o caminho para este desenvolvimento, e os críticos o consideravam grandemente responsável pelo mesmo.

(2) Extraído do livro "D. Martyn Lloyd-Jones Cartas 1919-1981" - Editora Pes

(3) Meus comentários ao livro podem ser lidos AQUI

01 junho 2009

Guerra Santa: Física ou Espiritual?


Por Tremper Longman III

A primeira voz que ouvimos no NT é a de João Batista que, à semelhança dos profetas do estágio 3, ressoa extraordinariamente:
"Raça de víboras! Quem lhes deu a idéia de fugir da ira que se aproxima? Dêem fruto que mostre o arrependimento! Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos: "Abraão é nosso pai". Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir ilhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo" (Mt 3.7-10; cf v.11,12).
João tinha a esperança de que aquele que viria depois dele cumprisse a tarefa do poderoso Guerreiro de banir da terra os opressores. Imagine sua surpresa, mais tarde, quando aquele que ele reconhecera pelo batismo passou a pregar as boas-novas, curar os doentes e expulsar demônios. Para falar a verdade, há um registro dessa reação em Mateus 11.1-19. Naquele momento, João estava preso e ouviu os relatos acerca do ministério de Jesus. Suas dúvidas o elvaram a enviar dois de seus discípulos a Jesus a fim de transmitir a cética pergunta:
"És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" (v. 3).
Jesus respondeu: "Voltem e anunciem a João o que voc ês estão ouvindo e vendo: os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, as boas novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não escandaliza por minha causa" (Mt 11.4-6).
Pelas suas obras, Jesus informou a João que ele, de fato, havia escolhido a pessoa certa. Entretanto, Jesus sutilmente também mudou - na realidade, enriqueceu - a concepção de João sobre seu ministério. Numa realidade lacônica, Jesus era o Guerreiro divino, mas ele intensificou e elevou o nível da batalha. Não era mais uma batalha física contra inimigos de carne e sangue, e sim uma luta travada contra poderes e autoridades espirituais. Além do mais, era uma batgalha empreendida sem armamentos físicos.
Os exorcismos do NT são um caso à parte. Aqui percebemos a natureza violenta do conflito. Mateus 8.28-34 narra a história da permissão que Jesus deu aos demônios que habitavam dois homens para entrar em porcos, os quais se atiraram dentro de um lago e morreram.
O climax do estágio 4 é um método violento, mas irônico. Paulo volta seus olhos para a crucificação, retratando-a como uma vitória militar sobre o domínio demoníaco:
"Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz" (Cl 2.13-15).
A ascensão de Jesus aos céus também é descrita em linguagem militar, caracterizada pela citação de um hino de guerra santa do AT, o salmo 68:
E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo. Por isso é que foi dito:
"Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos homens" (Ef 4.8).
Jesus derrotou os poderes e autoridades, não pelo ato de matar, mas pelo ato de morrer!
Na verdade, a transição da antiga prática da guerra física para a nova era da guerra espiritual é dramaticamente ilustrada pela cena que se passa no jardim do Getsêmani. No momento em que Jesus era preso, Pedro, sempre impetuoso, sacou uma espada e decepou a orelha do servo do sumo sacerdote (Mt 26.47; MC 14.43-52; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11). Jesus, na mesmoa hora, declarou:
"Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão. Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?" (Mt 26.52-54).
Quando Jesus ordenou a Pedro que guardasse a espada, era o mesmo que dizer à Igreja que esse exemplo de violência não poderia ser seguido para difundir sua causa*. O Alvo da guerra de Cristo não é físico, mas espiritual, e as armas utilizadas são espirituais, e não físicas.
*Em minha opinião (diz o autor), isso não põe fim ao debate entre os defensores da guerra justa e os pacifistas. Trata-se de uma simples declaração de que guerras em nome do cristianismo não são legítimas.

Extraído do livro "Deus Mandou Matar?" 4 pontos de vista sobre o genocídio cananeu - Editora Vida - Adquira o livro AQUI
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