"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

25 abril 2009

O AUTOR DO PECADO



Por Vincent Cheung


Há muitas passagens bíblicas dizendo que Deus causa todas as coisas, e a metafísica por detrás disso é explicada pela onipontência de Deus - a mesma onipotência criou tudo. Por outro lado, todas as passagens que as pessoas usam para negar que Deus é o autor do pecado ou para provar o compatibilismo, são apenas descrições de eventos e motivos, sem tratar com a causa metafísica daqueles eventos e motivos.
Ao invés de dar a resposta popular, que é fraca, evasiva, incoerente, e confusa, Deus sem embaraço algum diz: "Sim, eu faço todas as coisas. O que você vai fazer a respeito disso? Quem é você para sequer me questionar sobre isso?". Quando chegamos na metafísica, incluindo a relação de Deus com as decisões humanas, seja para o bem ou para o mal, é assim que a Bíblia responde.
Então, leiamos Romanos 9.19-21:

Mas algum de vocês me dirão: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade?"
Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou:'Por que me fizeste assim?'"

O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?
*

Novamente, isso tem algo a ver com metafísica (determinismo, liberdade, etc), visto que o contexto tem a ver com eleição e reprovação, e o criar do eleito e do não-eleito, assim como o oleiro faz o vaso a partir do barro.
Paulo não diz: "Oh, não, você não entende. Embora Deus determine todas as coisas, ele causa todas as coisas apenas te permitindo fazer decisões livremente segundo a sua própria natureza, que veio de Adão, cuja natureza misteriosamente de santa se tornou má, de forma que Deus não é o autor do pecado, e você é responsável pelas suas próprias decisões e ações".
Pelo contrário, Paulo diz que o controle de Deus tanto sobre os "vasos para honra" como sobre os "vasos para desonra" é como o controle do oleiro sobre uma massa de barro. E assim como a massa de barro não pode questionar o oleiro, a responsta de Paulo ao objetor não é, "Mas você se tornou mal por si mesmo" ou "Mas você pratica o mal segundo a sua própria natureza"; mas, pelo contrário, ele diz, "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: 'Por que me fizeste assim?"'. E Paulo não diz, "Mas Deus não é o autor do pecado", mas, pelo contrário, ele diz, "Deus tem o direito de fazer uma pessoa justa e outra pessoa má, de salvar uma e condenar outra. Certamente ninguém pode resistir Sua vontade! Mas quem é você para replicar?".
Essa é a atitude da Bíblia. Ela repreende o objetor e responde a objeção ao mesmo tempo. Mas a resposta não nega que Deus seja a causa direta do pecado; pelo contrário, ela ousadamente diz que Deus tem o direito de fazer tudo o que ele quer e que ele faz tudo o que ele quer. Ao invés de dar um passo para trás ou para o lado, ela dá um passo em direção ao objetor e dá-lhe uma bofetada na cara!
E essa é a resposta de Deus. Ela é forte, direta, simples, coerente e irrefutável. Ela é perfeita.
*Obs: O texto utilizado é o da NVI, por isso, transcrevo o texto da ACF o qual considero mais apropriado: "Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra" (Rm 9.18-21)
Do livro o "Autor do Pecado", Pg 7- 8.
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18 abril 2009

A SOBERANIA DE DEUS - E O MAL




Por William Fitch


A primeira pergunta que se deve encarar surge quando confrontamos o fato da soberania de Deus com o fato do mal. Se Deus é bom e se Deus é absolutamente soberano em poder, então por que existe o mal no mundo? Ele não poderia, com um só movimento de Sua mão, eliminar completamente o mal da Sua criação?
Para descobrir a posição bíblica sobre esta questão poderíamos ir a muitas partes diferentes da Bíblia. Não há nenhuma passagem, porém, que se compare com o tremendo capítulo de Isaías - o quarenta e cinco - em que ele trata da soberania de Deus com pensamentos e palavras jamais igualados. Ao mesmo tempo, ele enfrenta decisivamente a questão básica que agora está diante de nós: quem é responsável pelo mal no mundo? Há algum meio de livrar-nos dele? "Eu sou o Senhor, e não há outro", diz Deus através dos inspirados lábios do Seu profeta. Ele está se dirigindo a Ciro, o vitorioso rei por meio de quem o povo escolhido deverá ser libertado da escravidão babilônica; diz-lhe Deus: "Eu sou o Senhor, e não há outro: fora de mim não há Deus; eu te cingirei ainda que tu me não conheças" (Is 45.5). Deus repete isso, e o faz para dizer que esta é uma verdade que todos os homens devem ouvir. "Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro: eu sou o Senhor, e não há outro" (Is 45.6). O tema se desenvolve com maior firmeza ainda. "Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz: as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens" (Is 45.12). Este tema é repetido de várias maneiras, até que se chegue ao clímax do trecho todo com estas palavras: "Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro" (Is 45.22). Deus governa e reina. Deus é soberano. Essa é a palavra dada ao profeta para que a proclame a todos os homens, em todos os lugares.
No centro dessas majestosas palavras do profeta há um versículo no qual o problema do mal é encarado à luz da soberania divina. Deus fala por meio do Seu servo e diz: "Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor faço todas estas coisas" (Is 45.6-7). Nada poderia ser mais definido do que isso. Aí está uma palavra do Espírito Santo que enfrenta a questão diretamente e a responde da maneira mais completa que as nossas mentes podem compreender a mente e a vontade de Deus. "Crio as trevas... crio o mal". Com estas palavras Deus aceita a responsabilidade pela presença do mal em meio à Sua criação; e esta é uma revelação que não ousamos deixar de lado ligeiramente, nem ousamos tentar justificar.
Deus é soberano. Esse é o tema de Isaías. É o tema da Bíblia toda, mas aqui encontra a sua mais clara e mais nobre expressão. Há um só Deus e Ele está sobre todas as coisas... O Deus vivo é Deus soberano, soberano sobre todas as obras das Suas mãos, perfeitamente sábio e absolutamente livre. Se faltasse a Deus um iota de conhecimento, liberdade ou poder, Ele não seria Deus, nem poderia ser. Todavia, nada Lhe falta. "O Pai tem a vida em si mesmo" (João 5.26). É desse modo que o Senhor expressa esta verdade e, ao dizê-la assim, Ele ultrapassa os pensamentos do homem mortal. A vida de Deus não é dádiva de outrem. Ele próprio é a vida - um insondável oceano de vida, glória e bem-aventurança. Ninguém pode ditar-lhe ordens. Ninguém pode compeli-lO nem dete-lO. Ele não precisa de permissão de ninguém para agir ou falar. Ele é primeiro e o último, e além dEle não há deus...
"Eu crio as trevas... Eu crio o mal"...
Esta é a voz de Deus. É revelação divina.

Extraído do livro "Deus e o Mal" - Editora. Pes - Pg. 11-13 - Compre o livro AQUI
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12 abril 2009

DUALISMO















Por Dr. Heber Carlos de Campos

Há um pensamento vigente em vários círculos cristãos de que o diabo é quem está no camando do universo. Ele tem sido responsabilizado por todas as coisas ruins que têm acontecido no mundo. Em vez de as pessoas dizerem "bendito seja Deus", bem que elas poderiam dizer "bendito seja o diabo", porque ele tem sido o responsável por todas as coisas que elas vêem e com as quais não concordam. É verdade que ele é inimigo dos filhos de Deus, mas é verdade também que ele é parte do processo providencial de Deus, como um instrumento nas mãos de Deus. A sua ação cumpre os propósitos divinos para o universo. Todavia, somente quando estudamos devidamente a doutrina da providência é que eliminamos de nossa mente qualquer pensamento de que Satanás está no controle deste mundo.
Deus está no comando e aceita a responsabilidade de todas as coisas que acontecem neste seu universo, sejam boas ou más. Deus está envolvido em cada evento que acontece na história do mundo, mesmo nos mínimos detalhes. A isso chamamos de providência soberana de Deus.
Quando as pessoas não compreendem devidamente a doutrina da providência, elas cometem erros muito feios, que demonstram uma incompreensão da cosmovisão cristã. Responsabilizando Deus pelas coisas boas que acontecem e o diabo pelas coisas más, elas podem ser culpadas de uma heresia antiga chamada "dualismo". O que é isso? É a crença na existência de dois poderes em que o Deus, que é bom, está em luta contra o Diabo, que é mau. São dois poderes independentes e igualmente poderosos que lutam entre si titanicamente para ver quem obtém o controle do mundo.
Os cristãos que possuem essa cosmovisão ficam na esperança do deus bom ganhar, mas vivem pintando o fim da história como algo trágico e inevitável, não porque os decretos de Deus estão sendo cumpridos, mas porque o diabo é poderoso para resistir até o fim, e não será vencido até que muitos estragos tenham sido feitos na igreja e no mundo. Essa é uma heresia muito perniciosa e está ligada muito frequentemente ao movimento carismático, especialmente o de batalha espiritual.
A pergunta que se faz é a seguinte: Por que cristãos sinceros têm essa compreensão errônea de Deus? Por que atribuem o bem a Deus e o mal a Satanás? Talvez porque eles tentam proteger Deus ou evitar que ele seja considerado o autor do mal. Na compreensão deles, um Deus de amor não pode estar relacionado a coisas que são imperfeitas ou malignas. Crer num Deus de amor é muito mais fácil e palatável do que crer num Deus de soberania absoluta.
Eu li de uma enfermeira que trabalhava na sala de emergência de um hsopital que disse que, quando alguma pessoa de uma determinada igreja evangélica que havia se acidentado ou sido acometida de algum mal súbito aparecia na emergência, logo vinha correndo o pastor e dizia para a família ali presente: "Lembrem-se de que Deus não tem nada que ver com isso!". Talvez esse pobre pastor quisesse evitar que os membros atingidos pela desgraça desaparecessem de sua igreja. Aquele pastor certamente possuía uma visão muito distorcida da cosmovisão cristã que ensina que Deus está por detrás de todos os eventos, sejam bons ou maus. Alguém que tenta "proteger" Deus não o conhece de fato e não tem uma noção correta de sua obra providencial. Se Deus não é o responsável último por todas as coisas que nos acometem, estamos todos nas mãos de quem? Do diabo? Ou o fatalismo começa a invadir nossas igrejas também? Esse tipo de dualismo deve desaparecer da mente dos genuínos cristãos, pois ele é uma grande injustiça aos ensinos da Escritura sobre a providência de Deus.

Extraído do livro "O Ser de Deus e as suas obras - A Providência e a sua realização histórica" - Editora Cultura Cristã
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A LEI E O EVANGELHO

















Por Ernest Kevan

Como meio de ajudar a memória de seus ouvintes, os pregadores dos séculos XII e XIII ocasionalmente produziam uma versificação dos seus sermões. Essas versificações dificilmente poderiam ser chamadas de poesia mas seu ritmo e rima auxiliavam grandemente na retenção das verdades contidas nelas. Ralph Erskine produziu uma rima desse tipo na qual indicou as visões puritanas do papel da Lei na vida do crente. Aqui está uma parte de um soneto de 386 versos que ele intitulou Os Princípios do Crente a respeito da Lei e do Evangelho. A Seção III é chamada A Harmonia entre a Lei e o Evangelho.


A lei é um tutor muito em voga,
Para o evangelho -graça um pedagogo,
O Evangelho para a lei não menos
Do que seu fim pleno para a justiça.

Quando outrora a lei ardente de Deus
Afugentou-me para a estrada do evangelho;
Então de volta à santa lei
Um evangelho -graça mais amável irá atrair.

Quando pela lei à graça sou disciplinado;
A graça pela Lei irá me governar;
Por isso, se eu não obedeço à lei,
Não posso manter o caminho do evangelho,
Obedeço, então, à lei:
E ambos em suas vestimentas federais,
E como uma regra de santidade.

O que no evangelho-tesouro é cunhado,
O mesmo na lei é prescrito:
Tudo o que as informações do evangelho ensinam,
A autoridade da lei alcança.

Aqui unem-se as mãos da lei e do evangelho,
O que este me ensina aquele comanda:
As virtudes com que o evangelho se agrada
As mesmas a lei autoriza.

E assim a lei-mandamento sela
Tudo o que o evangelho-graça revela:
O evangelho também para o meu bem
Sela com sangue tudo o que a lei demanda.

A lei mais perfeita ainda permanece,
E cada obrigação plena contém:
O Evangelho sua perfeição fala,
E então fornece tudo o que ela busca.

A lei-ameaça e preceitos, vejo,
Com o evangelho-promessa concorda;
Para o evangelho são uma cerca.
E este para eles uma subsistência.

A Lei justificará todo aquele
Que com o evangelho-resgate concorda;
O Evangelho também aprova para sempre
Todo aquele que obedece à lei.

Um mestre rígido foi a lei,
Demandando o tijolo, negando a palha;
Mas quando com a língua do evangelho canta,
Ordena-me voar e dá-me asas.

Extraído o livro "A Lei Moral", Editora Os Puritanos - Adquira o livro clicando no link www.puritanos.com.br
Meus comentários ao livro podem ser lidos AQUI