"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

28 outubro 2010

E a rebimboca da parafuseta?




por Vincent Cheung
Suponha que eu deseje que você faça algum trabalho duro para mim. Você pergunta: “Qual é o pagamento?”. E eu respondo: “Verdadeiro pagamento consiste de amigos, felicidade e uma vida longa. Ademais, o trabalho envolve um monte de levantamento de peso, de forma que será um bom exercício e contribuirá para uma vida longa”. Você está convencido? Ou pensa que estou evitando sua pergunta? Minha resposta pode ter algum valor em outro contexto, mas não é relevante para a sua preocupação. Antes, estou impondo outro significado sobre um termo chave, e estou me dirigindo a esse significado. Você pensaria que sou estúpido ou desonesto.
Quando você pergunta sobre o pagamento, você está se referindo ao dinheiro, à quantia de dólares americanos que irei transferir da minha conta para a sua. Sua preocupação não tem nada a ver com verdadeiras riquezas ou o significado profundo da vida. O significado do termo está estabelecido em sua pergunta, e mesmo que o dicionário liste várias outras definições, somente uma importa neste contexto, e essa é aquela que você está usando. Ora, minha resposta parece ridícula: “Verdadeiros dólares americanos consiste de amigos, felicidade e uma vida longa”. Isso é obviamente irrelevante. A resposta verdadeira é: “Não, eu não vou te pagar”.
Quando a mesma palavra é usada com dois significados diferentes, uma ou ambas as palavras podem ser substituídas, quer por palavras diferentes, ou com expressões que representem os significados que se pretende passar com essas palavras. Podemos reproduzir o diálogo dessa forma: “Qual é a quantia dedólares americanos que você me dará?” “Eu lhe darei $0. Contudo, você receberá um tipo diferente derecompensa que consiste de amigos, felicidade e uma vida longa”. Em outras palavras, quando X é usado de duas formas, é sempre possível declarar a questão em termos de Y e Z. Se X é mais apropriadamente associado com um dos dois significados num determinado contexto, então a questão pode ser declarada em termos de X e Y, ou Y e X. Isso é muito mais claro, mas preciso admitir o fato que te darei $0, embora tente te convencer a trabalhar para mim ao oferecer-lhe outro tipo de motivação. Isso torna a minha posição mais honesta.
Agora considere algo que lemos na Teologia Sistemática de Louis Berkhof. Escreve ele: “Dizem que a doutrina da perseverança é incoerente com a liberdade humana. Mas esta objeção parte da falsa pressuposição de que a verdadeira liberdade consiste na liberdade da indiferença, ou no poder de fazer escolha contrária em questões morais e espirituais. Contudo, isto é errôneo. A verdadeira liberdade consiste exatamente na autodeterminação rumo à santidade. O homem nunca é mais livre do que quando se move conscientemente em direção a Deus. E o cristão está com essa liberdade pela graça de Deus”.
Fonte: Monergismo

26 outubro 2010

A falsificação do bem

1

Por Jorge Fernandes Isah

    Não tenho por hábito escrever sobre política; nem quero tê-lo. Não que haja algum problema, que o tema seja proibido ou irrelevante. Não é isso. É que não me considero capacitado para tal tarefa, a despeito de ter aprendido muito nos últimos anos sobre o assunto. Acontece que há uma defasagem grande, e que não sei se serei capaz de sincronizá-la com o tempo, interesses e aptidão, e com a ignorância que ainda persiste. Porém, não tenho dúvidas de que um dos males do século passado, e que se espalha perigosamente no presente século, é o marxismo. Eu mesmo me descobri marxista apenas após ser confrontado pelo pensamento de alguns irmãos; e devo um especial agradecimento à Norma Braga, ao André Venâncio, aos irmãos de O Tempora, O Mores e ao Edson Camargo, entre outros. A sociedade, de uma forma geral, sem saber, assim como eu não sabia, defende o que não conhece e vive o que considera extinto, com o agravante de realizar um culto necrófilo, e se comunicar com os mortos. 
    Pois bem, assim como o nazismo, sua alma gêmea, o marxismo, escancara o ideário comum e a prova de que pertencem ao mesmo gênero ideológico. Como uma religião suprema, ele se vê como o absoluto, o arbitrário e todo-poderoso "deus", numa tentativa frustrada de substituir o Deus Vivo e bíblico. De alguma forma, se define como o salvador do homem, no sentido de que o homem se perdeu na história, e de que está capacitado a recriá-lo ao seu modo. Coloca-se como único habilitado a construir o homem ideal, restabelecer o homem primevo a partir da recriação da vontade sob a base ideológica estabelecida no cientificismo, mais notoriamente o darwinismo, partindo-se de um sentido evolutivo e purificador gnosticista. 
    Mais do que se pensa, há uma ligação intrínseca entre marxismo e nazismo, de tal forma que Hitler capturou muitos dos métodos de Lénin e Stalin aplicando-os em sua política genocida. Redefiniram a moral, dando-lhe uma roupagem que a distinguisse da velha moral bíblica; mas sempre a partir desta, como parasitas alimentando-se dela, produzindo, porém, um produto corrompido capaz de destruir a velha ordem e reestabelecer uma ordem nova. Para isso são necessários todos os meios para se reconstruir o regime e o homem novos, mesmo com a desculpa de se destruir uma pseudo-raça ou pseudo-classe. Eles se tornam irrelevantes, sejam quais forem, pois o objetivo, o que importa, é o fim a ser atingido. Os atos ruins e imorais que se pratica e comete são transformados em bons numa insidiosa e progressiva inversão de valores, redefinindo o senso comum de moral. O significado é claro: a destruição de uma pseudo-raça poluída, impura [nazismo], ou pseudo-classe contaminada pelo capitalismo [comunismo]. E criar um ídolo a partir do homem, mas que estará sobre o mesmo homem, como um pacificador a cultivar a trégua a partir de uma guerra interminável.
    Mas se há algo que os marxistas fizeram com maestria foi jogar para debaixo do tapete todos os seus crimes e táticas hediondas, apelando para uma falsa moralidade que justificasse os meios utilizados tanto para se chegar ao poder como para mantê-lo. O nazismo foi e é execrado publicamente como a mais odiosa manifestação totalitária, e o comunismo é esquecido em seus crimes igualmente odiosos e totalitários. Por que? 
    Enquanto ao nazismo se deu a valorização real de suas atividades, revelando-o em seu caráter mais cruel, sanguinário e injusto, ao comunismo se deu um caráter minimizador e reducionista; mas mais do que isso. No decorrer da história, seus crimes, o apelo à crueldade e injustiça máximas, foram tomados como modos legítimos de se "salvar" o homem, a partir da intervenção "milagrosa" do estado totalitário. E isso se deveu à distorção da moral, à corrupção do bem, que tornou possível as mentes contempladoras e cúmplices adotarem um discurso messiânico a partir da rebelião e sublevação da ordem moral. Aplica-se a "pedagogia da mentira", a qual, quando dita muitas vezes, acaba por se tornar em verdade. No comunismo, essas questões impoem-se mais sutilmente, em princípio, ao ponto em que partidos e movimentos marxistas não se apercebem da intoxicação absoluta da consciência moral pelo domínio ideológico completo. Está-se impossibilitado de discernir a corrupção que se processou, e passa-se uma vida inteira sem perceber isso. A prova maior é a de que não existem partidos nazistas no mundo [não com essa terminologia], enquanto não somente há partidos marxistas como governos comunistas espalhados planeta afora. E como isso é possível, diante de todos os crimes, barbárie e destruição nos lugares onde o comunismo se estabeleceu?
    O comunismo é dissimulado e muito mais perverso e perigoso do que o nazismo [ainda que o nazismo seja perigoso e perverso também], exatamente pelo seu caráter doutrinário "sutil", ao valer-se e servir-se do espírito de justiça e bondade para difundir e perpetrar o mal. Cada experiência recomeça na inocência, como se não se estivesse a praticar atos imorais, criminosos, espúrios e destrutivos. É essa subversão que o torna tão maligno, ao sugerir que o homem continuará sendo bom mesmo praticando efetivamente o mal, tudo para se alcançar um bem comum, destruindo-se o inimigo [e esse inimigo pode ser praticamente tudo, desde que se possa defini-lo como colaborador da classe capitalista; e, por isso, essa e outras definições estão sempre em reconstrução, ganhando novos ares e contornos ao bel-prazer do discurso marxista de perverter a verdade transformando-a em a mentira]. Enquanto o nazismo pede, diretamente, que o homem atue conscientemente como um criminoso. Não lhe é sugerido nada mais além disso. Que ele destrua o inimigo, ao qual ele de antemão já sabe quem é.
      A reeducação comunista, na verdade, faz o homem acreditar que o mal é bom, escondida atrás da moral comum, travestindo-se dela, com o intento de pervertê-la, transtornando a realidade e a moral; almejando sobreviver em um nível "superior" de imoralidade.
      Essas ideologias, em seus cernes, estão sempre a construir o homem, tornando-o em besta, fazendo-o crer ser um anjo. Por isso não há possibilidades de arrependimento no comunismo, especificamente, pois não há do que se arrepender [em contrapartida, o âmago do Cristianismo é exatamente o arrependimento]. A mente está condicionada e domesticada a tratar dos assuntos sempre pelo crivo da nova moral marxista [ou imoralidade], e, para tanto, não existem contigências que possam julgar e condenar os fins quando obtidos. Eles estão sempre justificando os seus erros com a idéia de que é para o bem de todos, quando, nem todos, ou melhor, a maioria é privada desse bem, seja com suas vidas, consciência, fé, e para isso, o indivíduo não somente tem de ser adestrado mas recriado, para que o coletivo se purifique. É engraçado como uma ideologia que oprime de todas as formas o indivíduo possa apelar para o senso de liberdade ao fazê-lo. E o pior ainda é que muitos acreditam que isso é possível.
     A busca incessante dos fins, sempre "justificáveis", nunca levará o homem a obtê-los, mas a uma guerra persistente e interminável de, delirantemente, querer atingi-lo. Mesmo com todas as evidências contrárias, revelando exatamente o oposto do que o discurso dialético apregoa, o marxista sempre estará disposto a tornar o doce em amargo e o amargo em doce, o bem em mal e o mal em bem. E o novo homem apenas é uma deformação ainda maior da velha e naturalmente corrompida humanidade, fruto da Queda, no Éden.
     Outro ponto que me chama a atenção é a questão da memória, a qual já falei. Mas a capacidade de se lembrar das atrocidades nazistas não tem o mesmo lugar e intensidade quando se trata de lembrar das atrocidades marxistas. Parece que àqueles o perdão é impossível mesmo diante do arrependimento, enquanto a estes tudo é permitido, e não se é requerido o arrependimento e, portanto, o perdão é compulsório e subliminar. O mundo parece estar sempre disposto a execrar o nazismo [no que está certo], mas, incoerentemente, é contemplativo e contemporizador com os "feitos" marxistas, sendo capaz de até mesmo louvá-los.
     O mais impressionante é que o marxismo tem suas origens no cristianismo [uma espécie de anti-cristianismo], o qual, servindo às mentiras de seu "mestre", o diabo, incorporou à retórica elementos nitidamente cristãos, tais como a solidariedade, a piedade, o amor ao próximo, a justiça, etc, para abandoná-los tão logo assumi-se o poder; o que acentua o caráter incoerente e contraditório de cristãos que também são marxistas. Na verdade eles estão prontos e de prontidão para defenderem a ideologia, e nem tanto para defender a doutrina bíblica; e em sua incoerência, esquecem-se dos milhões de cristãos mortos, presos e marginalizados pelos regimes comunistas em toda a história e ainda hoje, simplesmente porque é intolerável ao estado que se creia e adore o Deus ao invés do ídolo, o próprio estado, que deseja se apossar do trono que não lhe pertence nem pertencerá.
     É por isso que em matéria de Cristianismo os chamados cristãos-marxistas não entendem nada do Evangelho, desconhecendo o seu real significado e objetivo que é não tornar o homem perfeito na terra, nem criar o homem ideal, mas que os cristãos sejam exatamente aquilo para o que foram chamados: imitadores de Cristo. Em qual mundo é possível se defender uma ideologia que, em sua história, massacrou e ainda massacra milhões de irmãos? Apenas por amarem o Senhor de suas vidas? Apenas por professarem a fé indestrutível? Apenas por não se sujeitarem a "rezar" na cartilha esquerdista? E não adorarem o deus-estado? E não crerem num falso-salvador? Somente neste mundo caído, e miserável, e cego, e nu, no qual vivemos; em que vale mais dizer o que se quer ser, como uma possibilidade ainda que irreal, do que viver o que se diz ser.
     Não acredito na redenção do homem pelo homem ou por qualquer sistema ideológico. O homem somente será redimido pelo Evangelho de Cristo, pela regeneração que o Espírito Santo operará nele através da Palavra. E o que muitos cristãos esperam é que o estado faça esse trabalho, e o homem seja perfeito dentro de um quadro de impiedade e imoralidade, como se a natureza pecaminosa fosse capaz de produzir algum fruto além do pecado. E esperam glorificar a Deus com isso, com seus trapos de imundície, com uma justiça pessoal, a partir de suas obras, e não com a justiça perfeita e santa de Cristo.
    Não acredito no paraíso na Terra, porém, o que os marxistas almejam é recriar um novo Éden, um céu bizarro onde a injustiça, o anti-ético e o imoral prevaleçam sobre toda a justiça, a ética e moral. Então, eles se utilizam da liberdade, da democracia, das instituições legitimamente estabelecidas para, quando chegarem ao poder, abolir exatamente a liberdade, implantar a tirania e a ditadura, e destruir as mesmas instituições pelas quais foi-lhes possível o acesso ao poder. E os cristãos, aqueles que foram regenerados por Cristo, são os primeiros da lista. E nem é preciso esperar para ver; basta uma rápida pesquisada na história e nos noticiários que nos chegam através de grupos missionários como o "A Voz dos Martires" e "Portas Abertas" para se descobrir que os crentes são tratados como inimigos pelo estado totalitário. E inimigos, devem ser destruídos. 
     Mas graças a Deus que o nosso reino não é daqui; contudo, no reino de justiça do Senhor, aqueles que consentiram com o mal serão responsabilizados, mesmo pelo mal que não fizeram, mas por não combatê-lo; e outros, ainda mais, por se aliarem a ele.

Nota: 1-Escrevi o texto a partir de meus comentários ao livro "A infelicidade do século" de Alan Besançon, os quais podem ser lidos AQUI. Motivado, também, por uma conversa com um querido irmão que votará na Dilma e que é marxista [ainda que ele não se reconheça como tal]. Em nossa conversa, ele disse que a política acabava se reduzindo à escolha entre Serra e Dilma, e que devíamos discutir mais ampliadamente. Por isso decidi expor, ainda que desordenadamente e sem a capacidade necessária, o por quê, no fim-das-contas, temos responsabilidade no que pensamos e dizemos, mas sobretudo no que fazemos. E como fazemos. Ou como deixamos de fazer. 
2-Outro ponto que sempre me chama a atenção quando vou discutir política com crentes é que o Cristianismo pode e deve estar presente em todas as áreas da vida, mas nunca na política. Dizem que a Bíblia não trata de política, logo o crente está proibido de exercê-la em qualquer nível. Mas o Senhor nos ordenou a ser luz em todos os lugares, e não está reservado um lugar intocável para as trevas, no caso, a política. Elas devem ser dissipadas, jamais preservadas; de outra forma, como a verdade alcançará a mentira a fim de destruí-la? 

20 outubro 2010

Quae Scripturae? Divinitus inspirata est!

Por Esli Soares *
1 - Introdução ao Texto
          Para os cristãos, todas as argumentações são – ou deveriam ser – feitas apoiadas em um princípio: Existe um único Deus, Senhor, Criador e Mantenedor de tudo e de todos (At 17;28) que se dá a conhecer, se revelando e revelando a sua vontade (Hb 1;1 a 3). Essa revelação é a Bíblia, e é através dela (Jo 1;1 e 14) que hoje Ele comunica sua boa, perfeita e agradável vontade.

          A Bíblia não é um apanhado folclórico do oriente proximal, nem um amontoado de histórias fantásticas de cunho moralista, ou mesmo apenas um registro histórico de acontecimentos reais. Ela é a Palavra de Deus para o povo de Deus (Lc 8;21). Nela estão todas as respostas, orientações e mandamentos claros para a vida dos filhos de Deus (Mt 4;4). Se Deus é verdadeiro, e a Bíblia é a sua Palavra, nada deve ser mais importante que conhecer profundamente esse texto sagrado (Mc 12;24). Ou seja, a única pretensão de um verdadeiro servo de Deus é conhecer essa Revelação, meditar nela e obedecê-la (Dt 6;6 a 25), isso é verdadeiramente viver a fé, isso é realmente crer!

          Como crer é também pensar, deve ser – e é – possível explicar[1] a fé Bíblica[2], mas para tanto é preciso abordar questões relacionadas ao próprio texto disponível atualmente[3]. Ou seja, antes  de abordar as doutrinas, instruções, exemplos, avisos e recomendações da Bíblia, o foco deve ser a própria Bíblia: sua formação, seu caráter e singularidade, a certeza da preservação, a vida de seus ‘autores’, o contexto sócio-cultural em que foi escrita, os leitores originais e etc. afinal, ela é o pressuposto inegociável: Sola Scripturae.

2 - O Texto Revelador
          Em 2 Tm 3;16 a 17, o apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo, afirma: “Toda escritura é... útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para educar na justiça”, ou seja a Bíblia serve para dar a capacidade de se tornar maduro na fé, afinal é a Bíblia que conta as coisas de Deus, ler a Bíblia é a garantia de conhecer todas as coisas que Deus tem para falar (Dt 4;1 – Pr 1;7 – Jo 7;16 – Rm 15,4). A Bíblia também e útil para a repreensão, ela serve para advertir sobre o que é certo ou errado. (1 Co 5 e 6 – Ef 5; 3 a 14 – Gl 5;19 a 21 – Ap 2;20). Da mesma forma, ela é útil para a correção, mesmo que alguém esteja vivendo de alguma forma errada, a Bíblia pode ajudar a mudar do caminho errado para o certo (1 Jo 1;5 a 2,1 – Tg 1;5). Por fim, mas não menos importante, as Sagradas Escrituras educam na justiça – fortalecendo e preparando o cristão a viver de acordo com a santidade de Deus (1Pe 1;13 a 16). E, mais, tudo isso com propósito de habilitar o eleito para viver já aqui, nessa presente era, a vida de Deus (Rm 13;11 a 14), além de comunicar a certeza do futuro em glória (Ap 21;1 a 7).

          Tangenciando toda essa aplicação prática, moral, ética – e, por que não cívica? – não destituída de espiritualidade e transcendentalismo, o valor do Vox Dei reside no impressionante fato do Eterno (Emissor) se revelar especialmente[4] através dela (Canal), e não por ter sido ditada ou mecanicamente escrita por Ele, ou porque 100% das passagens tenha sido registradas por pessoas especialmente separadas (santas e preparadas) para esse fim, ou ainda porque tais arautos sabiam que estavam produzindo (ou reproduzindo) manualmente (i.é. transcrevendo) o texto sagrado, e nem mesmo porque os manuscritos originais – as laudas divinas – estão magicamente preservados[5].

          Isso fica claro nas palavras do apóstolo Paulo. Para ele o valor pragmático – útil, descrito anteriormente – abstraído das passagens bíblicas[6], tem seu valor no fato desses conselhos serem inspirados por Deus. Ou seja, Deus é o Autor dessas palavras, Ele é o Editor do texto sagrado, assim o texto é REVELADO aos homens por Deus – ou ainda – o texto é revelador de Deus aos homens. E isso precede em importância qualquer característica associável a Bíblia. Até a santidade atribuída a Bíblia vem do Editor (DEUS) e não dos autores (escritores humanos), nem mesmo do material em si (falando com objeto religioso).

          Essa revelação primeiro foi dada, e posteriormente retransmitida, de forma oral (Hb1;1)  –  o  que  é  assombrosamente impressionante, haja  vista  que  Deus  não só  dotou  o  humano  (receptor)  da  singular capacidade  de  compreendê-lO,  como também  de  transmitir  (emissor)  esse  conhecimento  a outros (receptor).  É dessa transmissão oral (canal) que Ele gerou a transmissão escrita – sendo outra característica surpreende da ação divina em ser cognoscível e compreensível através de rabiscos, tinta e papel: signos criados por homens; ação tão magnífica quanto abrir o mar vermelho, ou seja, a rigor, a Revelação, o fato (continuo) de Deus, o Criador, se revelar (agora) nas páginas da Bíblia, é sobrenatural.

3 - O Texto Autoritário
          Deus ao colocar no cânon, o Início (Gênesis), revela-se como o poderoso Deus que escolhe, institui e preserva um povo para si, o povo de Israel[7]. No relato da própria criação, Deus estabelece, do nada, tudo o que há (Gn 1;1). Toda a criação, todas as coisas que existem, existiram ou existirão, foram planejadas e projetadas por Deus ali naquele instante[8] chamado eternidade. Todas as implicações, conseqüências, desdobramentos, foram antevistos, perscrutados, analisados, compreendido e solucionados.  Deus, antes do start do κoσμου, conheceu, predestinou, providenciou e uniu em Si mesmo, todas as coisas, acontecimentos e possibilidades, começo, meio e fim (cap. III, A Bíblia e o Futuro, Antony Hoekma, Cap. I, cânones de Dort, I Co 2;7).

          Esse Deus passa a por ordem no caos (Gn 1, Sl 74) em proporções universais. O Grande Criador revelado nos dois primeiros capítulos de Gênesis, demonstra sua organização e controle soberano, atuante e não meramente potencial. Ele criou o homem (Adão) segundo a sua imagem e semelhança e o colocou no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo, orientando-o sobre como deveria proceder ali (Gn 2, 4 a 25) expondo as conseqüências de violar essas condições.
          
          Assim temos o estabelecimento de um pacto, entre o IAHWE e Adão; entre Deus e o homem. Nessa relação contratual é descrita as cláusulas do pacto (obediência e vida; desobediência e morte) e suas observações na vida. É exatamente a cláusula desse contrato que trata das punições (desobediência e morte) que obriga o ser humano a uma vida distante de Deus, longe do paraíso, expulso da presença divina, ou seja, o Pacto vigora!

4 - O Texto Coerente

          Ao considerar o bojo do N.T. de acordo com uma eclesiologia posmoderna, poderia-se afirmar uma descontinuidade desse texto (isso é, V.T. despresado frente ao N.T.), e disso validar as mais diversas heresias
[9]. Por outro lado, uma super valorização do V.T em detrimento ao N.T. nos levará a validar outro amontoado de heresias[10][11].


          Entretanto as revelações do N.T. sobre o pacto no V.T. numa visão equilibrada apontarão não só para a manutenção proposital do Pacto da (e na) Velha Aliança – como comenta o Rev. Ronald Hanko no artigo  "O Pacto e a Lei", o qual transcrevo abaixo – mas também a clara progressão no entendimento desse Pacto.

– Segue o artigo que originalmente pode ser visto aqui:
 A característica singular do pacto com Israel foi, sem dúvida, a entrega da lei no Monte Sinai. Qual é a relação entre a lei e o pacto? Fundamental para um entendimento dessa relação é Gálatas 3:17-21. Essa passagem mostra, primeiro, que o pacto com Abraão, quatrocentos anos antes da entrega da lei, é o pacto que foi “confirmado em Cristo,” isto é, o pacto eterno de Deus; e, segundo, que a entrega da lei não poderia anular o pacto (v. 17). De fato, a lei não é nem mesmo contra o pacto (v. 21).
 Êxodo 24:7 vai mais adiante e chama a lei de “o livro do pacto,” o livro no qual Deus fez conhecido seu pacto com o seu povo. Se o pacto ao qual ela pertencia é o pacto que foi confirmado em Cristo — o mesmo pacto ao qual pertencemos — então a lei ainda é o livro do pacto, embora muita coisa tenha sido adicionada ao livro desde então. De acordo com Gálatas 3:19, essa lei escrita foi adicionada ao pacto por causa das transgressões, até que Cristo viesse. Isso significa que a lei, ao revelar o pecado, mostra a nossa necessidade de Cristo. Ela foi o “aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (v. 24) nele. Romanos 10:4 diz a mesma coisa. A passagem não diz que Cristo é o fim da lei no sentido dele abolir a lei, mas que ele é o fim da lei por ser seu objetivo e propósito. A lei foi dada com Cristo como o seu objetivo, e ela realiza seu propósito quando, ao revelar o pecado, mostra ao verdadeiro Israel sua necessidade de Cristo e da justificação pela fé nele.
 Que a lei continua a ter essa função Paulo mostra claramente em Romanos 7:7: “Eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei.” Gálatas 3 também prova isso quando diz que a lei não era o aio apenas dos judeus, mas nosso também (vv. 23-24). Não temos dificuldade, portanto, em dizer que a lei era e é parte do pacto. Ela era certamente parte do pacto no Antigo Testamento, como Gálatas 3:19 nos lembra. Que isso ainda pertence ao pacto é claro a partir do fato que a mesma lei continua a ser para nós um aio (tutor) que conduz a Cristo. O que mudou foi a nossa relação para com a lei como povo do pacto, mas isso é um assunto totalmente diferente do assunto de Gálatas 4:1-7. Isso não é o mesmo que negar que existiam “rudimentos do mundo” amarrados à lei e elementos que eram puramente cerimoniais (Cl. 2:20-23). Esses cessaram, mas mesmo no Antigo Testamento eram parte do pacto de Deus por apontar para Cristo e funcionar como um “aio” para trazer Israel a Cristo. O ponto é que existe apenas um pacto, um pacto que não está em conflito com a lei, um pacto de graça em Cristo ao qual todos os verdadeiros israelitas pertencem. A lei de Deus não era, não é, e nunca será contra (paralela[12]) o pacto de Deus.

A leitura, mesmo simples, da carta aos Hebreus esclarecerá muito das ligações entre as cerimônias e rituais do V.T. na perspectivas neotestamentária. Ou seja, há uma continuação e uma complementação da antiga revelação do Pacto sem, entretanto, apresentar um rumo que não estivesse previsto nele. O correto é afirmar que tudo da revelação de Deus se encerra com o N.T. (cap. I, CFW). As revelações escriturísticas da era cristã são de fato e de direito o cumprimento do V.T. Assim não só o Pacto, estabelecido com Adão, é mantido, como, também, tem-se claramente a consumação do mesmo, ficando patente a potência e a extensão desse Pacto[13] (Rm 16:25,26, Ef 1;9,14, e 3;3,6).

          – Para ficar num exemplo "simples" de como os aspectos da Lei de Deus[14] devem ser revisto sob o prisma de Cristo [15]. Paulo afirma que a participação na sinagoga ou numa festa como a do Pentecoste (At 20;16), na da mais era do que uma atitude de se fazer “tudo para com todos” (I Co 9;19). Para ele as festas e cerimônias tinham perdido seu valor espiritual por causa do superior oficio de Cristo, mas não eram necessariamente proibidas. Já para a igreja gentílica, até o sábado era uma parte inseparável do jugo ritualístico judaico (Gl 5;1, Cl 2;14). Por isso os primeiros irmãos consideraram “dias, meses, estações e anos” (Gl 4;10) como sendo elementos não essenciais à adoração a Deus. E por se entenderam livres em Cristo dos princípios elementares (Gl 4;9), não observavam o calendário religioso judaico.

          Essa concepção é originada dos próprios ensinos e práticas de Jesus, que é o único “descanso” autêntico atodos os cansados e sobrecarregados, bastando-lhes que aceitassem o seu jugo (Mt 11;28-30). Assim o domingo não deve ser considerado como sendo o Sabbath (dos judeus),  apenas como um atraso de vinte quatro horas – sob pena de incorrer no mesmo erro dos judaizantes[16] – antes porém, deve-se considerá-lo como “o novo sábado”, numa expectativa da vitória definitiva de Cristo, da qual sua ressurreição, que aconteceu no primeiro dia da semana, é um prenúncio, prenúncio do Último Dia que é verdadeiramente o descanso prometido por Deus. 
         Na progressão histórica desse pensamento, em meados do segundo século, Justino, o Mártir, tinha identificado o viver cristão com o sábado perpétuo que consiste de abster-se do pecado e não do trabalho. lrineu encarava o sábado como um símbolo do futuro reino de Deus, no qual aqueles que serviram a Deus “num estado de descanso, participariam da mesa de Deus”. Tertuliano declarou: “Nós não temos nada a ver com as festividades judaicas”. Orígenes disse do cristão perfeito: “Todos os seus dias são do Senhor e ele está sempre observando o dia do Senhor”.
   
5 - O Texto Atual
         A exatidão e validade desse texto têm sido demonstradas pela precisão com que descrevem todas as coisas, principalmente em se tratando do coração do homem. Inúmeras profecias foram cumpridas e tantas outras caminham inexoráveis. Entretanto a Bíblia, não é só descritiva. Ela não conta apenas os grandes feitos divinos na história de Israel (A.T.), ou os relatos da passagem de um homem bom nas terras palestinas há cerca de 2000 anos (N.T.). Ela também não foi escrita apenas como um documento do poder público – códigos civil, penal, religioso e etc. (A.T.) e nem é só o diário da igreja primitiva (N.T.).  A Bíblia é o Texto Revelado Autoritário para o séc. XXI. Sendo a Palavra de Deus (imutável), no A.T. e o N.T, também contém a Palavra (imutável) de Deus para hoje, para nós, para nossa realidade e nível de entendimento e cultura. 
         
         A Escritura é a Revelação (afirmação) divina multidimencional (1Pe 4;10). Em todas as passagens há sobreposição de informações. O Canon é como um caleidoscópio[17], a cada movimento e mudança de perspectiva, uma face diferente da Única Verdade se revela. E embora ela não esteja presa em padrões antigos (como se o pensamento de outrora fosse o que dá base para o que é bíblico, e não o contrário – em si tratando da coisa boa e santa, ou seja, o padrão era a Bíblia = Palavra de Deus) ela não precisa ser revista e nem completada e nem precisa ser “politicamente correta” ou censurada – me refiro a cristandade como agente censurador – “afinal esse livro é machista e violento, nossas crianças não precisão aprender isso”.

        Ora se o que de Deus se pode conhecer (Sl 19), naturalmente demonstra o juízo e a condenação indistintamente a todos os homens (Rm 1;20), e a Revelação especial é ainda mais terrível quanto ao anúncio distintivo da reprovação do homem (Rm 3;10) diante do padrão elevado de Deus (Lv 11;44). Outras afirmações bíblicas são igualmente válidas para a nossa sociedade global, principalmente no campo moral e ético.

          É importante relembrar que não foi a Igreja e os 
concílios ecumênicos que deram autoridade a Sagrada Escritura –  o que poderia dar base para uma nova contextualização bíblica sobre o auspício de que ela é fruto da Igreja Medieval – antes esses reconheceram a autoridade de tais escritos e se apoiaram no testemunho tanto interno quanto externo da autoria dos mesmos para reconhecer para si (e sobre si), a Bíblia como única regra de fé e prática – proposta recuperada pelos reformadores dos séc. XVI. Assim verdades como todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm3;23) ou não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3;10 a 12), são especialmente atuais.
         
6 - O Texto Apresentado
          A Lei de Deus vigora! O Pacto é para todos e sua validade é para o séc.XXI.  Jesus esclarece como deve ser a aplicação atual dessa lei e como esse pacto deveria ser encarado: Quando perguntado sobre qual era o maior mandamento, ele, afirma que a grande lei que os homens devem seguir é amar a Deus de todo o coração. Esse amor a Deus deve ser entendido como a acepção verdadeira da adoração exigida e – claro – possibilitada por Deus (Ex 20;6). Cristo afirma que essa é a Lei de Deus, o mandamento máximo divino, a razão pela qual os seres humanos existem, o propósito da criação. Amar a Deus é o objetivo que o Criador estabeleceu para o ser humano, é um decreto imutável do Senhor (item V, cap. III CFW, livro I, cap. I, IRC).

          O termo traduzido por amar é
 ἀγαπήσεις que foi utilizado na LXX para traduzir o verbo Ahavtá[18] do hebraico (cerca de 200 ocorrências). Esse termo em hebraico foi usado para descrever o sentimento de Abraão pelo seu filho Isaque (Gn 22;2), o amor de Jacó por Raquel, pelo qual trabalhou sete anos (Gn 29;18), e a amizade profunda de Jonatas e Davi (I Sm 20;17). O verbo traz a idéia do amor incondicional, altruísmo. A maior lei de Deus manda que o homem ame mais a Deus do que a si mesmo, que considere o Senhor mais importante e digno de atenção e reverência, o principal, o primeiro, a quem todas as coisas devem ser oferecidas primeiramente, em detrimento de si mesmo, a despeito inclusive de faltar para si.

          Entretanto Jesus acrescenta que esse mandamento se traduz, também, numa atitude de amor para com o próximo. Ele cita Lv 19;18, afirmando que amar ao próximo como a si mesmo é o segundo  grande mandamento, semelhante (aquilo que se parece ou é próximo de...) ao primeiro. Os mesmos termos (V.T. em hebraico e no N.T.) são usados no segundo mandamento de Jesus. A segunda maior lei de Deus é tratar o outro como a si, da mesma maneira que alguém si ama deve amar ao outro, buscar o bem do próximo com o mesmo cuidado e determinação dispensados na busca do bem para si mesmo. A idéia não é “
meu direito acaba aonde começa o do outro”, forma passiva, mas “meu dever é o direito do outro”, forma ativa. E mais, essa lei tem uma importância maior. Amar (ἀγαπῶν) ao próximo é mais importante que todos os outros mandamentos, ficando diretamente abaixo de amar (ἀγαπῶν) a Deus. Não se pode – não aqui – entender essa passagem de forma simplista. Jesus não está simplesmente resumindo os 10 mandamentos em 2, como sugerida pela explicação clássica – boa e correta, porém curta – de que “amar a Deus...” é o resumo dos 4 primeiros mandamentos e “amar ao próximo...” dos 6 seguintes.

          Cristo afirma que estes dois mandamentos são os que dão base a tudo que a Lei (Torah) regulamenta, e por causa deles os Profetas trouxeram julgamento e condenação às nações (Is 1;2). O amor (ἀγαπῶν) a Deus é o principio da obediência (Jo 14;23). Entretanto, para Cristo, amar (ἀγαπῶν) ao próximo é tão diretamente entrelaçado com amar (ἀγαπῶν) a Deus que ele vê a necessidade de responder ao questionamento com afirmações sobre um segundo mandamento semelhante ao primeiro.

7 - O Texto Aplicado
Foi assim que a igreja compreendeu o Texto Revelador Autoritário Atual, mas do que especular sobre os detalhes técnicos dessas passagens, a Igreja simplesmente passou a viver com essa verdade, impondo-se o Amor e a Graça ante a frieza da aplicação legalista da Lei.

O entendimento dessa realidade está espalhado nas cartas paulinas, bem como nas cartas gerais. João coloca essa relação de amar ao próximo como sinal do amor a Deus (I Jo 2;10, 3;10, 4;7,8,20,21), Tiago afirma que uma fé em Deus sem obras é morta. Para eles amar a Deus implicava diretamente em amar aos semelhantes. Paulo passa a mostrar o mais excelente dos dons, o amor (ἀγάπην), e é evidente que esse amor, poeticamente apresentado, não é para com Deus. O amor ali apresentado é como deve ser a expressão do nosso amor (ἀγάπην) para com o próximo. O amor com que Deus nos amou é o padrão para amarmos uns aos outros. O apóstolo ainda acrescenta que todos os atos feitos sem amor (ἀγάπην) são inválidos. Ele não afirma que os atos foram ruins, ou que deveriam ser evitados. Ele afirma que um culto ou  mesmo a religiosidade destituída de amor (ἀγάπην) não tem valor nenhum por que está destituída da essência de Deus. Se os atos mais profundos de devoção não contemplarem, em amor, ao próximo, serão como um barulho, um som destituído de sentido e de beleza, que rapidamente torna-se insuportável (Ap 3;16).

O post "11 de Setembro? Eu, você e mundo!", serve de mais explanação desse ponto.

O resumo da obra: ou observações importantes sobre esse artigo.

a - O primeiro ponto explica a relação que o cristão deve ter com o estudo da Bíblia, ou seja, "Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade"(2Tm2;15); basicamente o segundo ponto é "Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo" (Hb 1;1);  o terceiro ponto é "Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra"(Mt 5;18); o quarto concorda com  o fato que " Deus não é Deus de desordem, mas de paz. Como em todas as congregações dos santos," (1Co 14;33). O quinto pode ser resumido em "...todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus..." (Rm3;23); O sexto em "Tomai sobre vós o meu jugo e de mim porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. " (Mt 11;29); O sétimo basea-se em "Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos." (Ef 2;10).

b - Essas 7 observações sobre a Bíblia, não são definitivas ou exaustivas, são apenas 7 proposições minimamente necessárias para um melhor entendimento acerca da Palavra de Deus.

c - Devem ser acrescentadas a esse post as seguintes características da Bíblia: Iluminação; Exatidão; Unidade; Inerrância; Infabilida.

d - A preservação é um das características mais importantes da Bíblia e será tratada num artigo seguinte.

e - A bibliografia foi omitida por algumas razões: muitas partes desse meu texto compartilham de outros textos meus, assim multiplicando-se as referências; o artigo não terminou, pelo menos mais duas partes devem se seguir a este post – mas não se animem, vão demorar! E mais em breve postarei um artigo com a bibliografia do blog e nele serão postos todas as referencias indiretas que sempre uso.


[1]  É importante frisar que explicar a fé através dos resultados obtido nas análises da Sagrada Escritura, não é uma ação movida (em mim) por um interesse de deixar presunções religiosas e suas afirmações eventualmente flácidas e se apoiar nas “certeza” cientificas. O zelo e a honestidade para com a Verdade Relatada, se desdobra em uma demonstração da racionalidade e lógica da (minha) Fé Cristã (1 Pe 3;15): Credo ut intelligam.
  Ciência e Fé, ou fé na ciência e fé na religião são presunções ou pressuposições, com diferentes axiomas, mas igualmente válidas, uma vez que não são, necessariamente, contraditórias. Ambas se sustentam pela confiança depositada em alguma autoridade. No caso na Ciência a autoridade é dada pelo empirismo, na religião a autoridade vem de um ente superior.

[2] Isso é, fé na mensagem da Bíblia e nas verdades dela abstraídas: fé nas histórias, nos conceitos e nos valores nela contidos. É claro que essa fé, valida as eventuais informações histórico-geográfica, psicológicas, antropológicas, filosóficas, cientificas e etc., mas a Bíblia não é prioritariamente um livro técnico, por isso temos que tomar cuidado para não fazer “afirmações bíblicas” em cima de coisas que a Bíblia – necessariamente – não diz.

[3] Tanto a questão das traduções, como a questão ainda mais fundamental da critica textual.

[4] Deus ao criar todas as coisas deixou claramente muito de si nelas, por isso na natureza se distingue algumas de Suas características (Rm 1;17), ao ponto que todos, naturalmente, podem reconhecer a existência de um Criador (ou, no minimo, o fato criativo). A própria natureza chama para si essa qualidade ou missão, e ao observá-la é possível, facilmente, perceber que uma mente inteligente, uma personalidade muito poderosa, atuou na formação de todas as coisas, conferindo-lhe a beleza, funcionalidade, distinção, criatividade, dentre outras coisas. O próprio caráter distintivo do ser humano, frente ao de outros animais, é, também prova disso. Mesmo a mente de uma criança que  já é dotada da habilidade em questionar  suas origens, juntamente com o próprio fenômeno antropológico da religião, provam incontestavelmente que o universo (tudo o que há, inclusive nós mesmos) gritam “existe um Deus”. Embora ninguém possa alegar que nunca viu uma indicação da existência de Deus, essas características divinas expostas na natureza, não são suficientes para ninguém saber qual a vontade de Deus e principalmente ter o conhecimento sobre a Salvação proposta por esse Deus. 

[5] A preservação do texto sagrado será abordada posteriormente. 

[6] No texto citado acima 2Tm 3;16, “Escritura” se refere ao que hoje chamamos de A.T.

[7] Para não abrir – eventualmente – espaço para um entendimento equivocado acerca desse povo, sugiro a leitura do artigo Israelense, Israelita, Judeus e Povo de Deus.

[8] Esse instante que chamo eternidade precede a fundação do mundo. Seria o conselho da criação juntamente com o conselho da redenção que acontecem antes da criação descrita em Gênesis 1. 

[9] Em ordem crescente de desvio do certo (ortodoxia) temos: o pentecostalismo, arminianismo, 
dispensacionalismo, gnosticismo cristão, a salvação universal, o liberalismo teológico e o Teísmo Aberto.

[10] Em grau muito menor (me refiro a comprometimento de alguns erros em relação a uma vida espiritualmente positiva) que a idéia contrária (ver nota 9) e com uma variação difícil de precisar no que tange ao deslocamento do certo (ortodoxia) temos (sem criterização de importância e grau de equívoco): legalismo, pentecostalismo (usos e costumes), sabatismo, adventismo, bem como os judaizantes, teonomistas, teocratas, recostrucionistas cristãos, neo-puritanos e etc.

[11] Em uma classe distinta entra a ICAR e a repetição alegórica semanal do trabalho sacerdotal (missa).

[12] Complemento entre parêntese acrescido por mim.

[13] Que é, na verdade, o plano da salvação planejado na eternidade antes da fundação do mundo.

[14] Lembre-se que a guarda do sábado é o 4º mandamento.

[15] Para sintetizar a idéia leia "O Sermão do Monte (Mt  5)", Cristo não anula ou suspende nada da Lei, ele expõe o âmago dela, para exemplificar, leia Jo 8;1 a 11 e Lc  7; 11 a 15. 
[16] A ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana (hoje chamado de domingo) não deslocou o sabbath para o dia seguinte, ocorrem diversos fatores ‘aleatórios’ - inclusive - a freqüência de alguns do “Caminho” nas sinagogas. Outro fator foi a perseguição pelos judeus e, posteriormente, pelos romanos a esse culto ‘herege’. A celebração cristã aos domingos é um fato histórico e não um mandamento.
[17] É um erro pensar que esse dispositivo mostra novas coisas, na verdade o que acontece é um interação entre a luz externa e os objetos dentro do aparelho. Não há introdução de novas peças, o que ocorre é apenas uma observação diferente causada por direfentes reflexos. Para mim uma perfeita alegoria dos processos de iluminação dadas pelo E.S. ao fiel que corajosamente se entrega a leitura da Bíblia.    

[18] Transliteração de  אהבת

* Nota: Texto gentilmente cedido pelo autor e disponível originariamente em "A Cruz, On Line"