"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

28 setembro 2011

O Ministério da Informação da Nomenklatura Científica e o fato, Fato, FATO da evolução


Por Enézio Almeida Filho*





Nem sei por que eu me lembrei desta parte do filme Brazil retratando tão bem o poder da burocracia. Por que associá-la com a Nomenklatura científica e o fato, Fato, FATO da evolução? É porque os mandarins da Nomenklatura científica e a Grande Mídia reportam que a evolução é um fato científico inconteste e que a prova disso são os milhares de trabalhos e pesquisas publicados anualmente corroborando a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural e mecanismos (de A a Z, e até imaginários).

Nada mais falso. A maioria desses trabalhos e pesquisas diz respeito, quase que na sua totalidade, à microevolução e não à macrovevolução. Microevolução ocorre diante de nossos olhos. A macroevolução demanda, pelas especulações transformistas darwinianas, de milhões e milhões de anos. Deixaria pistas no registro fóssil e moleculares.

É aqui que a porca torce o rabo epistêmico contra Darwin: o registro fóssil mostra descontinuidade e as formas biológicas completamente funcionais, com poucas evidências de ancestralidade comum. Pior fica se formos seguir as pistas moleculares: as pesquisas revelam árvores filogenéticas incongruentes.

Como interpretar a sequência do filme Brazil com toda aquela atividade frenética e a imponência ditatorial do chefe? Bem, cientistas precisam trabalhar (ou fingir que trabalham - conheço muitos assim, especialmente chefes de departamento), e produzir conforme a imagem e semelhança de Darwin: ai de quem mijar fora do caco de Down, oops, discordar do paradigma consensualmente aceito pela Akademia - Kaput na sua carreira acadêmica!

Hoje, é isso que vemos na comunidade científica - uma atividade frenética querendo de todo o jeito corroborar o fato, Fato, FATO da evolução com milhares e milhares de pesquisas. Todavia, a natureza tem sido muito, mas muito mesquinha em fornecer evidências macroevolutivas, e muito, mas muito pródiga em fornecer evidências microevolutivas.

Por isso o olhar preocupado do chefe da Nomenklatura científica olhando o relógio antes de sair de cena: o tempo está cada vez mais contra Darwin - desde 1859 que as suas especulações transformistas não são corroboradas no contexto de justificação teórica. Já vem aí Darwin 3.0 - a SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA, mas só em 2020. Pela montanha de evidências negativas, a nova teoria geral da evolução não deve ser selecionista e vai incorporar alguns aspectos lamarckistas. Traduzindo em miúdos: Darwin já era heuristicamente falando!

Foi só o chefe, com seu olhar de intimidação, entrar no seu escritório que a linha de produção para toda a atividade frenética para fazer o que é mais importante: deixar de lado esta atividade massacrante e alienadora, para se divertir! É justamente isso que faremos até 2020: sem um referencial teórico a nos guiar nas pesquisas evolucionárias (e fomos e somos informados nas universidades que a ciência abomina o vazio epistêmico), faremos pesquisas com uma teoria científica que foi declarada morta por Stephen Jay Gould em 1980???

A ciência é a busca pela verdade, e o cientista segue as evidências aonde elas forem dar. Darwinistas, façam como os jovens no filme: carpe diem fora da vista ditatorial da Nomenklatura científica. Este blogger disse adeus a Darwin em 1998. Sem medo de ser feliz! Vamos, coragem, vocês nada têm a perder, a não ser as algemas ideológicas do naturalismo filosófico que posa como se fosse ciência...

18 setembro 2011

Nenhuma condenação há...










Pr. Luiz Carlos Tibúrcio


O texto base para esta noite é:
Romanos 8.1: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito".
Romanos 1.18: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça".
- Deus manifesta a Sua ira! Lemos nas Escrituras sobre o amor de Deus, sobre a misericórdia, a graça e a compaixão de Deus. Mas aqui, lemos sobre a ira de Deus sobre toda a impiedade.
- Impiedade é a prática daquilo que não é justo, ou seja, injustiça.
Versículo 19: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis. ".
- Deus manifesta a Sua ira contra a injustiça, contra o pecado.
- Tudo dá testemunho da bondade de Deus. Portanto, o homem devia reverenciá-lO.
- O poder e a justiça de Deus são manifestos pelas coisas criadas para que ninguém diga: "Não vi o poder de Deus". Estas pessoas são indesculpáveis diante de Deus, pois Ele se manifestou a todos os homens.
Versículo 21: "Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu".
- Os homens não deram a Deus a glória devida; mesmo diante de todo o Seu poder, suas mentes criaram fantasias: uns criaram imagens de homens, outros de animais e disseram: "Este é o meu deus!". Que loucura, meus irmãos!
1 Coríntios 6.10: "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido...".
- E é o que alguns de vocês foram! Deus nos chamou para uma mudança de vida, para uma nova vida em Cristo nosso Senhor. Ele nos transformou, libertando-nos do que éramos, daquilo que fomos um dia.
"...mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus".
- Deus nos chamou quando estávamos em pecado. Mas Ele não nos chamou para vivermos em pecado, pois nos lavou, santificou, justificou para uma nova vida.
- Deus nos chamou para servi-lO, abandonando a antiga vida de pecados para vivermos em santidade.
Lucas 18.10: "Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele".
- O Senhor conta-nos uma parábola em que dois homens oravam no Templo. Um dizia: Senhor, como sou santo! Não sou como os homens comuns. O outro dizia: Tem misericórdia de mim, Senhor!
- Aquele que reconheceu os seus pecados, esse saiu justificado. Porque Cristo veio para os pecadores, para dar o perdão ao arrependido.
- Agora não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. Agora, meus irmãos! Não amanhã, ou depois de amanhã. Mas agora! Contudo, aqueles que não reconhecem Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas JÁ estão sob a condenção e a ira de Deus.
Ezequiel 18.4: "Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá".
- Nós pertencemos ao Senhor. Todos, quer servos, quer não, porque Ele nos criou.
- Não há crime sem lei que o defina como tal. E se há um crime e uma lei, há uma punição, uma sentença. Deus decretou que o pecado é crime, e a sentença para aquele que pecar é a morte!
- O pecado é transgressão da lei, a desobediência à lei.
Deuteronômio 21.22: "Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro,O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança".
- Deus fez um decreto, no qual o cadáver pendurado no madeiro teria de ser enterrado.
Deuteronômio 27.15: "Maldito o homem que fizer imagem de escultura, ou de fundição, abominação ao Senhor, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo, respondendo, dirá: Amém".
- maldito o que fizer uma imagem.
Versículo 16: "Maldito aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe. E todo o povo dirá: Amém" (Os versículos seguintes ao 16 descrevem uma série de pecados, os quais Deus amaldiçoa - Nota do Editor).
- Maldito aquele que transgredir a lei de Deus. Deus amaldiçoava os que desobedeciam a Sua lei.
Gálatas 3.10: "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las".
- Deus decretou várias maldições. Maldito o que não cumprir toda a lei. Ninguém é capaz de cumprir a lei, portanto, todos são malditos.
- Somente Jesus Cristo cumpriu-a integralmente.
- Deus exige santidade, justiça, retidão. E ninguém satisfez a Deus, porque somos pecadores. Mas Cristo foi o único capaz de satisfazer as exigências de Deus.
- Em Cristo somos capazes de agradá-lO, visto que Ele, o Filho, nos justificou perante Deus. Então, não devemos viver em pecado, mas ter uma vida de santidade, retidão e justiça, porque Cristo nos libertou da prisão do pecado, para vivermos conforme a vontade Deus.
- A lei somente nos trará condenação. Ninguém poderá viver e ser salvo pela lei. Se você mentir será condenado. Se adulterar será condenado. Se roubar será condenado.
- Não há outra salvação, somente em Cristo Jesus. Todo aquele que buscar uma outra salvação está debaixo da maldição e da ira de Deus.
Romanos 8.3: "Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne".
- As Escrituras nos dizem que a lei é boa: "E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" (Rm 7.12).
- Mesmo sendo santa, justa e boa a lei não pode nos salvar.
Mateus 15.19: "Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem".
- Há coisas que contaminam o homem. E elas procedem do coração, é dele que procedem o pecado, os maus pensamentos.
- A santidade de Deus exigiu uma justiça que está acima de nós, muito além de nossas forças e possibilidades.
Mateus 6.21: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração".
Mateus 9.4: "Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações?".
- O Senhor sabe o que se passa no coração do homem, Ele conhece a maldade que há no coração do homem.
Mateus 12.34: "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más".
Mateus 15.8: "Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim".
Versículo 18: "Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem.Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem".
- Em Rm 8.3,lemos que a lei não pode nos salvar. Que o nosso coração está afastado de Deus.
Gálatas 3.13: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro".
- Em deuteronômio, quando Deus dá a lei aos homens, disse que maldito aquele que for pendurado no madeiro. Cristo se fez maldição por nós! Aquele que não tem pecado, nem culpa, nem desobedeceu a Deus, morreu na cruz do Calvário, suspenso em um madeiro, para nos livrar da maldição do pecado.
- Ele ocupou o lugar que deveria ser nosso, substituindo-nos.
- Ainda que éramos pecadores, afastados de Deus, em desobediência a Ele, Cristo, pelo seu muito e maravilhoso amor, chama-nos à reconciliação com Deus, pelo Seu perdão dado ao coração arrependido.
Jeremias 24.7: "E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o Senhor; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração".
- Jeremias é perseguido por tentar fazer o povo voltar-se para Deus.
- E Deus dá um coração para que O conheçam. Se Ele não nos der um novo coração, jamais o buscaremos,nem O conheceremos... Sabe porque nós o buscamos? Porque Ele coloca em nosso coração o desejo de buscá-lO, de conhecê-lO.
- Deus tem aberto o meu coração para que eu veja a Sua bondade, a Sua misericórdia, a Sua graça, e receba o Seu perdão; distanciando-me do pecado, da rebeldia e aproximando-me d'Ele, vontando-me ao caminho que O honre e glorifique.
- E assim, Ele será o meu Deus, e nós seremos o Seu povo. Não O honraremos mais apenas com os lábios, mas com o coração. E isso só foi possível pelo sacrifício de Cristo na cruz, resgatando-nos da condenação e da separação eterna de Deus.
- Ele nos chamou para sermos crentes, não apenas aos domingos, mas em tempo integral, testemunhando com nossas vidas dia após dia a conversão do nosso coração a Deus.
Jeremias 29.13: "E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei".
- Esta é uma promessa de Deus para todos os tempos: buscai ao Senhor, clamai ao Senhor por misericórdia, e deixe o ímpio o caminho do mal, e converta-se a Deus.
- Ele tem transformado a nossa vida, mas ainda assim, devemos buscá-lO incessantemente.
- Rm 8.1, "portanto agora" significa no tempo de hoje, no tempo do sacrifício de Jesus Cristo, neste instante... pois "nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus".
- Nós sentiremos tristeza por nossos pecados, quando desobedecemos e nos rebelamos contra Deus. Mas, também, sentiremos conforto, e a certeza de que Ele nos perdoará quando nos arrependemos, voltando-nos para Ele em busca do Seu perdão.
- Temos a certeza de que o perdão de Deus é realidade em nossas vidas; e de que a salvação é um milagre que somente Cristo poderia fazer por nós.

Resumo da mensagem pregada no Tabernáculo Batista Bíblico em 14 de Setembro de 2008
Todos os versículos da Almeida Corrigida e Fiel da SBTB(ACF)

02 setembro 2011

Pagando a dívida, e ainda devedor [Comentário a Gl 2.20]













Por Jorge Fernandes Isah

    Gálatas 2.20 é um versículo precioso, poderia dizer, inigualável. Não somente porque foi o versículo da minha conversão [que descrevi no texto O dia em que Cristo me fez], mas porque, de uma forma singular, poder-se-ia resumir a vida cristã ou, ao menos, descrevê-la plenamente. É também o alvo, o de um dia poder dizer: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”. São palavras que me acalentam, me dominam, me compungem a encontrar-me nelas. Poderia ser a epígrafe cravada na minha sepultura, porém, muito mais a quero gravada em meu coração. O resumo de tudo o que almejo e quero experimentar. Mais do que isso, ser. E desde aquele momento, decorei-as, como se decora a melodia da mais bela entre todas as canções. Como se ouvisse a sinfonia perfeita, inefável, a síntese do mais puro e santo sentido, ainda que com palavras indizíveis em sua verdade absoluta e extraordinária. Como se estivesse a construir algo que sei impossível, por mim mesmo, construir. De certa forma, invejo a Paulo por ter sido ele e não eu a proferi-las; mas creio que saídas de sua boca, elas têm o som da minha voz, o som da sua voz, o som da voz de todos os santos, daqueles que são um em Cristo, e por ele vivem.
     
       Mas, o que levou o apóstolo a proferi-las?
    
     A mensagem central de Gálatas é a disputa: Lei x Evangelho. Em vários momentos, parece haver o desprezo de Paulo pela lei, como se fosse descartável e não existisse mais nenhum sentido nela. Mas esse não é o caso. Em outra carta, ele diz: "E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” [Rm 7.12]. E, ainda: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei” [Rm 3.31].
    
   O que está em disputa entre Paulo e os judaizantes é a lei como instrumento de salvação. Eles pregavam contra o Evangelho, ao afirmar que era necessário se cumprir toda a lei para salvar-se. Por isso, o apóstolo diz: “Se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” [ 2.21]. Ora, se para ser salvo o crente deveria cumprir toda a lei, qual a razão de Cristo encarnar, padecer, e morrer na cruz? Por isso o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo [2.16]. Desta forma, Paulo constrói a defesa do Evangelho da Graça, sem que haja nenhum tom antinominiano [1] em seu discurso, pelo contrário: “É porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor” [2.18].

     Se Cristo pagou na cruz a dívida que tínhamos para com Deus, e se está paga, definitivamente paga, o que mais podemos fazer que ele não fez? Fico a imaginar Paulo rindo-se da tolice desses homens, mas entristecendo-se pelo caráter sutil e maligno de distorcerem a fé a fim de enganar incautos, e anular a graça.  Cristo, ao destruir o pecado e seu caráter condenatório sobre os eleitos, não poderia restituí-lo novamente, ao ponto em que seria exigido o cumprimento da lei para a salvação. Se a justiça foi decretada na cruz para os que crêem, se o pecado foi morto, ressuscitá-lo significaria dizer, entre outras coisas, que a obra do Senhor não foi eficaz, e de que, loucamente, ao trazer a justiça, trouxe a injustiça.

  O apóstolo está a condenar aqueles que anteriormente pregavam o Evangelho da graça, para agora viver pela lei, tornando-os em transgressores, porque quem não está morto para a lei, vive para ela, ou seja, vive para a morte, pois pela lei ninguém pode ser justificado perante Deus [3.11],  antes está debaixo da maldição da lei. Ao contrário, quem está morto para a lei, vive para Deus, eternamente. Paulo ensina a teologia correta, a doutrina correta, mas muito mais do que isso.

      Ele disse que estava morto para a lei.

      Que estava crucificado com Cristo.

      Que vivia, não mais ele, mas Cristo.

      Que Cristo o amou, e se entregou a si mesmo por ele.

      Então, o que levou o apóstolo a proferir o verso 2.20?

    A consciência de tudo isso acima, mas, sobretudo, reconhecer que, sem Cristo, nada disso seria possível. Nem mesmo ele, Paulo, seria possível. De uma forma maravilhosa, Paulo reconhecia a completa dependência do Senhor, e a obra fantástica que fez para que ele pudesse reconhecer-se em Cristo. Sem ele, o que seria Paulo? Sem Cristo, o que seria eu? Você? Não haveria esperança, não haveria o perdão, nem a salvação. Apenas a tristeza assoladora de que a condenação era questão de tempo, irremediável, uma maldição a pairar sobre nossas cabeças eternamente. E se eu, antes condenado, agora salvo pelo poder de Deus, o que quereria exaltar em mim mesmo para voltar à destruição? Ou seria possível exaltar-me na ruína? Ou antes, arrependendo-me de mim mesmo para ser um dia como Cristo é? Pois se olharmos para nós, como somos, sem Cristo, não haverá nada além de  condenados sem que seja preciso esperar o castigo, pois estamos já a “curtir”, sobre nós, a ira de Deus. Se olhar para mim, descobrirei apenas que sou miserável, e nu, e cego. Se olhar, e apenas me ver, há um pecador naufragando em pecados. Se sou o futuro, não há futuro; apenas o passado de morte, de sofrimento e angústia. Ao contrário, se vejo Cristo em mim, assim como Paulo o via em si, as coisas mudam de figura. Já não sou mais um condenado, antes justificado. De pecador, a santo. De maldito, a bendito. De desgraçado e vil, a agraciado e amado.

    A teologia de Paulo [2] estava certa. Ela lhe trouxe esperança, certeza, convicção. E abriu-lhe os olhos para a mais surpreendente e inesperada verdade, de que ele já não era mais ele, mas Cristo a viver nele. E trazia no seu corpo as marcas do Senhor [6.17], marcas profundas que não o impediam de se ver como era, de reconhecer o que era, de gloriar-se nas fraquezas para que o poder do Senhor em si habitasse [1Co 12.9].  Porém, antes era necessário que compreendesse e conhecesse isso, para depois sentir; pois, como sentir o que não se conhece ou não compreende? Como alguém desejará o que não conhece?

    Como qualquer homem, ele tinha de nascer, crescer e amadurecer na fé. Mas ninguém nasce por si mesmo; era necessário que fosse gerado por Cristo; que o sangue do Senhor não somente o limpasse dos pecados, mas corresse em suas veias e bombeasse no seu coração a vida. A vida que somente o Senhor poderia dar, e deu, a despeito de todo o desejo de nos apossar dela como se fosse nossa por direito, e não por dádiva, misericordiosa, e graciosamente entregue pelo amor com que Deus nos amou. O caminho nos é mostrado, mas não há nada que nos faça andar nele, se não nos for revelado. Quem não pode ver, como saberá onde andar?

    O certo é que, como João o Batista disse, era necessário que ele diminuísse e Cristo crescesse [Jo 3.30].

      E assim será para todos os que foram crucificados e mortos com Cristo.

     Se ele não viver em nós, a morte viverá.

Nota: [1] Antinomianismo significa “antilei”. É o oposto de legalismo, e como ele, uma heresia. Para os defensores do antinomianismo, o crente não tem de obedecer à lei de Deus, pois Cristo à pregou na cruz. E se a pregou na cruz, está-se livre para viver como quiser, inclusive pecando o quanto quiser; ao ponto de até mesmo distorcerem o sentido de graça, ao afirmar que, quanto mais se peca, mais a graça se manifesta.
[2] Paulo, ao defender magistralmente o Evangelho da graça, afirmando a justificação somente pela fé no sangue derramado de Cristo na cruz, defende também a sua autoridade e ministério contra os falsos-mestres, os detratores que buscavam difamá-lo e desqualificá-lo como apóstolo. E nada mais verdadeiro do que reafirmar que estava morto para si, para viver para Cristo, enquanto aqueles queriam viver por si mesmos.
[3] Aguçado pela conversa com uma querida irmã, lembrei-me que devia um texto sobre Gl 2.20. E, por mais que escreva, sempre serei devedor a Deus por tê-lo dado a mim.
[4] Não entrei muito na questão da impossibilidade da lei como meio de salvação, a qual farei brevemente em outro texto.