"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

17 fevereiro 2011

Sem Vergonha da Bíblia







Por Ednaldo Cordeiro


Ontem li no Púlpito Cristão um artigo de autoria do irmão Avelar Jr. intitulado “O dia em que senti vergonha da Bíblia”, onde discorre sobre a dificuldade que muitos têm de compreender o significado das palavras da edição Revista e Corrigida da tradução de João Ferreira de Almeida, e dizendo que em certa ocasião sentiu, por causa disso, vergonha da Bíblia. Embora concorde que a edição de Almeida possui uma linguagem um tanto densa para o atual estágio educacional da maioria das pessoas, discordo que isto seja um problema da tradução, que podemos considerar arcaica.

Apesar do irmão Avelar se utilizar do texto de Atos 2.11, quero dizer que a linguagem utilizada nas versões de Almeida, é o nosso bom e velho português, e se ela é uma ilustre desconhecida da maioria dos brasileiros a culpa não é da Bíblia. Desculpem-me a expressão, mas creio que o “buraco é mais embaixo”, o problema não é a dificuldade vocabular da versão de Almeida, mas o nível educacional da maioria da população, diga-se de passagem, composta por analfabetos funcionais que mal sabem escrever o próprio nome e lêem textos simples aos trancos e barrancos. A linguagem usada por Almeida e já “atualizada” diversas vezes, em versões revisadas, revistas, corrigidas e etc. era na época de sua escrita a linguagem usada pela maior parte da população, de forma que palavras como “mancebo”, “varão”, “enxundia”, “ilhargas”, "ósculo", bem como o uso das 2ª pessoas do singular e plural e o vasto uso de mesóclises eram comuns na época.

O que temos que lutar é por melhores condições educacionais e não por uma simplificação que ao invés de elevar o nível cultural o reduz ao mesmo nível das tribos ameríndias do século XVI. Caso contrário, logo logo teremos a “Bíblia em Gíria”, que em pouco tempo terá de ser atualizada, onde Deus diz a Adão que ele “pisou na bola”, ou Moisés se referindo a José como “mó caô", ou que Davi “mandou ver” ou “botou pressão” em Bate-seba, ou ainda que Judas era o maior 171. Ou quem sabe não seria interessante uma Bíblia em “mineirês”, outra em “baianês” e outra em “caipirês”, afinal, na questão lingüística, existem diferenças regionais suficientes para respaldar esta idéia. Antes que alguma sociedade bíblica compre a idéia, quero dizer que estou sendo irônico, mas se comprar quero royalties.

Porque ao invés de reclamar das palavras arcaicas, não tentamos melhorar o vocabulário das pessoas que freqüentam nossas igrejas? A popularização da educação foi, sem sombra de duvida, um avanço conseguido pela reforma protestante, pois todos tinham o direito de ler as Escrituras, vamos despertar nas pessoas o desejo de aprender mais, não copiemos um mundo que produz versões condensadas e comentadas das obras de Machado de Assis porque os estudantes não conseguem compreender o português usado por ele.

Dizem que estamos ficando mais inteligentes, mas quando olho para trás e vejo o nível educacional de muitas pessoas do séculos passados, acho que o nosso nível caiu drasticamente. Podemos até possuir mais informações, um maior conhecimento, mas dizer que estamos mais inteligentes é burrice. Falta-nos prazer pela leitura de bons livros e principalmente da Bíblia, colocar a Escritura de lado apenas por não saber o significado de uma palavra é um atestado de preguiça e impenitência tremendo, pois para que é que existem dicionários? Não sinto vergonha da Bíblia, mas sinto muita vergonha do atual nível cultural e educacional do nosso povo.
__________________________________________
P.S. Este artigo não é uma critica ao artigo do irmão Avelar Jr., mas uma simples análise da situação considerando outro ponto de vista.

Nota: A foto não se encontra na postagem original.
Fonte: Texto originalmente postado em "Divinitatis Doctor"

Nenhum comentário: