"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

22 fevereiro 2011

Vaso de Honra - Parte 1


  

Por André Luiz


Na última quinta-feira de janeiro de 2011, estávamos, eu, Fabiano e Mário - o primerio Presbiteriano, o segundo Pentecostal e o terceiro Batista - conversando sobre alguns assuntos bíblicos e chegamos brevemente a falar sobre predestinação, e também, por ser a hora de início de trabalho(estávamos na fábrica)não pudemos continuar o assunto. Pois bem, gostaria de continuá-lo por aqui.


Antes de começá-lo gostaria de esclarecer que essa é uma continuação de conversa e a dividirei em duas partes se Deus permitir. Dividi-la-ei em duas porque tratarei sobre a predestinação para a salvação, primeira parte; e, preterição, segunda parte. Contudo, não é por ser a continuação da nossa conversa que alguém fora nós não podem adentrar, aliás, faço o convite para que participem, comentando, discordando, questionando, enfim, colaborando.

Gostaria de começar lendo o texto de Romanos 9. 19-29 que diz:

"Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade?
Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?
Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição,
a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão,
Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? Assim como também diz em Oséias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada;  e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.
Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra."

Eu não tenho nada acrescentar de novo ao texto, pois acredito que o mesmo é suficiente para percebermos que Deus no verso 23 preparou os vasos de misericórdia de antemão e os chamou. Mas, entendamos o contexto anterior.

Nos versos 1-5 o apostólo Paulo abre o coração demonstrando sua tristeza e dor pelos seus compatriotas, dos quais descendia, e, não somente por ele ser seus irmãos segundo a carne, mas porque deles são todos os tipos, símbolos, a legislação e tudo mais que representava e tipificava o Cristo que havia de vir; contudo, sua maior tristeza está revelada nas duras palavras dos versos 6-13, nas quais é revelado dentre outras coisas que nem todos os de Israel são de fato Israelistas, ou seja, nem todos aqueles que estão dentro da nação políticae social de Israel, fazem parte da nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, o Israel Espiritual. Isso sim, é motivo de grande tristeza, não estar em Cristo.
E, continuando do 14-18 ele vai revelando que isso não faz de Deus injusto, pois Ele é Soberano para ter misericórdia de quem quiser e ter compaixão de quem quiser, também.
E, por fim, chegamos a passagem que será considerada por nós.

Soberania versus vaso de barro!

Que Deus é Soberano ninguém duvida. Mas, que Deus Soberano é esse que não tem poder para do barro fazer um vaso para honra e outro para desonra? Existe Soberania sem poder de vontade, de escolha? Como Deus pode ser Soberano se o ser humano que é descrito como um vaso de barro tem a escolha de decidir por ele ou não?! Existe algum tipo de Soberania que exclui a escolha de alguns para si?!
Imagino não precisar detalhar a Soberania de Deus aqui, pois, creio eu, todos nós temos o mesmo entendimento quanto a este assunto em particular. Portanto, considerarei algumas expressões ali presente.

Vaso de barro!

Acho interessante neste momento entender o significado de vaso de barro e para isso vou citar Jonh MacArthur, que faz uma elucidação citando o texto de 2 Co 4.5-7, diz ele:

"Paulo chamou aqueles que carregam e pregam o tesouro do verdadeiro evangelho deostrakinos, traduzido aqui como "vasos de barro". Na verdade, a expressão "vaso de barro" é honrada demais; não que ela seja muito importante, mas é um termo exageradamente honrado para traduzir a palavra ostrakinos. O termo significa um pote de barro cozido muito barato, grosseiro, feio, quebrável, fácil de repor, sem valor. Era o pequeno pote onde se colocavam plantas."[1]

Por mais que a palavra traduzida não seja necessariamente a mesma, a ideia de fragilidade e insignificância está presente nas duas. 

O apóstolo Paulo nos chama de vasos de barro, todos nós temos a mesma origem, a mesma significância, a mesma qualidade. Todos somos objetos do Oleiro. e, Ele tem todo o direito para fazer destes objetos, nós, o que lhe apraz. Não é à toa que ele, Paulo, faz as perguntas retóricas: "de que se queixa ele ainda?... quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?... Pode o objeto perguntar a quem o fez: por que me fizeste assim?....

Deus quis!

"Que diremos, pois, se Deus, querendo..." v.22

O termo usado naquele momento é sinônomo de vontade consciente, propósito. Então, quando Deus quis mostrar a sua ira ou a sua misericórdia ele, tinha um plano eterno em mente. O Senhor Deus não é como o homem que faz as coisas, muitas da vezes, temerariamente, abruptamente, sem pensar. E, às vezes, quando o faz planejadamente ainda assim é capaz de ser frustrado, enganado. O Deus eterno tinha um Plano Eterno para todos os homens, em todas as épocas e em todas as circunstâncias. 
Duas outras expressões merecem destaque para ratificar essa consideração e são elas:
  • Dar a conhecer: Deus tinha um plano em mente e quis revelá-lo.
Revelar sua Ira e sua Misericórdia. O plano estava feito, faltava apenas revelá-lo.
  • Preparados: É como se Ele estivesse colocando as coisas em ordem, arrumando tudo.
Esses dois termos demonstram claramente que Deus ao fazer da sua massa, uma vaso para honra e outro para desonra, fez isso com um propósito que tinha planejado e organizado, com o fim de revelá-lo posteriormente.

Antes da fundação do mundo.

Espere um momento esse termo não aparece aí, André! Alguém poderia retrucar, contudo eu afirmo que aparece, sim. Aparece da seguinte forma: de antemão. A palavra antemão por si só já expressa a ideia de anterioridade, algo antes do fato,mas não de eternidade. É nesse momento que podemos ir à carta de Efésios que também foi escrita por Paulo e lá no capítulo 1 verso 4,5 encontramos o termo acima descrito:

"[...]assim como nos ecolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis;[...]"

Você também pode dizer até aqui o seguinte: olha aqui nesse texto ele não diz que escolheu os seus para serem salvos, mas para serem santos e irreprensíveis. Eu diria que sim, você não está errado; contudo para ser santo e irrepreensível não pressupõe necessariamente salvação?! Ou existe alguém santo e irrepreensível que não seja salvo?! Lembrando que Paulo está falando de bênçãos espirituais e, não de qualidades morais, apenas.
Mas se continuarmos lendo o texto encontraremos o seguinte:

"... e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,..."

Essas duas palavras em destaque não foi à toa que coloquei. Predestinação significa em termos gerais algo ou alguém que fora preparado anteriormente para ser, fazer, receber e etc. algo ou alguém no futuro.
No nosso caso predestinados para a adoção de filhos, ou seja, para a salvação; ou você negará esta bendita evidência?!
E, tudo isso segundo o beneplácito(generosa, misericordiosa) vontade.

Não consigo deixar de considerar a riqueza de um texto tão claro desse, porém gostaria de ter demonstrado que essa predestinação e vontade beneplácita de Deus em nos adotar em Jesus como seus filhos, está fincada não no início do mundo, não do momento do nascimento do homem, não na sua escolha própria, porém antes da fundação do mundo, em Deus. O Deus Eterno.

Voltando a Romanos 9 percebemos pelo que foi exposto acima algumas verdades inconfudíveis. Que só não podem ser vistas por aqueles que não querem ver e, percebidas por aqueles que não querem ouvir.
O Senhor Deus é Soberano e, por conseguinte tem o poder de escolher e predestinar aqueles a quem amou. O homem não passa de um vaso de barro, a quem Deus em sua misericórdia decidiu usar para revelar as riquezas de sua glória. Decidindo e planejando isto antes da fundação do mundo para o seu louvor.

Aproveito a oportunidade para convidar você que não conhece a Cristo como Senhor e Salvador, e, até você que julga conhecê-lo, depois de ter lido essas simples palavras, a meditar se você faz parte daqueles que foram alvo do amor eterno de Deus; se és um predestinado ou um preterido, se és um vaso de honra ou de desonra, se fostes escolhido antes da fundação do mundo, se fostes amado por Deus antes mesmo de existir o próprio tempo.
Pense nisso, a predestinação e a eleição andam de mãos dadas com a santidade e a irrepreensibilidade.

Deus nos abençoe.

Amém.

Notas:
[1]Crer é Difícil / Joh MacArthur Jr.; traduzido por Heloisa Cavallari Ribeiro Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
A citação encontra-se no capítulo três, sob o título: A verdade num vaso individual. Subtítulo: Vaso de barro.

FONTE: Texto disponível originalmente em "Crer é Difícil"

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