"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

25 julho 2009

Teonomia














Por Willim O. Einwechter


Teonomia é a visão da ética cristã que ensina que a lei de Deus como revelada no Antigo e Novo Testamento é o único padrão autoritativo de verdade e justiça, e que a Escritura é inteiramente suficiente para nos instruir na justiça em cada esfera da vida. A Palavra de Deus é o único padrão aceitável para julgar o certo e errado de qualquer e todo comportamento humano. A teonomia ensina que o motivo correto da ação humana é o amor por Deus e pelo homem; que o padrão da ação humana é a Palavra de Deus; e que o fim ou propósito da ação humana é a glória de Deus.
A teonomia, como um sistema de ética estritamente bíblico, se opõe a todas as formas de autonomia ética; vê a lei natural como uma regra de ética insuficiente; repudia todas as formas de antinomianismo e legalismo; defende uma interpretação e aplicação cuidadosa da lei; e sustenta que a lei de Deus deveria ser o padrão para a vida social e política de toda nação.
Teonomia, como uma formulação estritamente bíblica de ética, glorifica a Deus; apresenta o verdadeiro dever do homem; é a verdadeira ética do amor; é a resposta apropriada à graça; é a vereda da bênção; é o caminho da vitória; e é o caminho do reavivamento e reforma.
Em essência, a teonomia é a aplicação consistente e fiel do princípio da Reforma do sola Scriptura à questão da ética.
Pode haver algumas diferenças em alguns pontos entre aqueles que aderem à ética teonômica, mas todos os teonomistas diriam a Confissão de Fé Escocesa que a lei de Deus é "a mais justa, a mais imparcial, a mais santa e a mais perfeita". A essência da teonomia é um amor por Deus e sua lei, e um desejo de ordenar tudo da vida de acordo com os mandamentos de Deus. Possa Deus conceder a cada um de nós a graça para declarar alegremente com o salmista, "Oh! quanto amo a tua lei!".

De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus,
e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau (Ec 12.13-14).


Extraído do livro "Ética & A Lei de Deus" - Editora Monergismo
Leia meus comentários ao livro AQUI

15 julho 2009

Por Que o Cristianismo é Verdadeiro













Por Joseph R. Farinaccio


Segundo as Escrituras, todas as pessoas possuem um conhecimento real de Deus que tem origem na sua autorrevelação na criação (Rm 1.18-21; 17.27,28). Embora a maior parte das pessoas negue ter esse conhecimento, as Escrituras ensinam que o homem não apenas o tem como também procura suprimi-lo. Sendo portador da imagem de Deus, o homem não pode logicamente refletir sobre si mesmo, sobre a condição humana ou sobre qualquer outro fato sem mostrar que, de fato, possui tal conhecimento. Aqueles que não sustentam uma visão bíblica da realidade devem inevitavelmente "tomar emprestado" da cosmovisão cristã, ainda que rejeitem a teologia bíblica. "Aqueles que não conhecem Deus apenas 'sabem' com base num capital emprestado; essas pessoas realmente conhecem coisas, mas apenas porque foram criadas à imagem de Deus. Elas não possuem justificativa para o seu conhecimento"*. Embora neguem a metafísica cristã na teoria, elas necessariamente agem com base nela no mundo real.
Embora o homem aja para suprimir o seu conhecimento de Deus a partir de outras cosmovisões, somente a cosmovisão cristã fornece aos seres humanos uma base para realidades como as leis da lógica, a dignidade do homem, as regularidades da natureza e os absolutos éticos. Essas coisas não existem de forma independente e à parte de qualquer razão significativa. Sua existência é possível a partir da existência do Deus da Bíblia e do seu controle soberano do universo, como revelado nas Escrituras. Cosmovisões não cristãs não podem justificar a liberdade humana, a ciência, a moralidade ou os instrumentos da razão empregados na vida produtiva e na experiência humana dotada de significado. A Bíblia justifica a existência dessas coisas ao fornecer o único princípio unificador possível de todas as áreas do conhecimento - o próprio Deus Trino.
... portanto, deve ser afirmado ao homem que somente o Cristianismo é racional para ser defendido. E é absolutamente racional. Defender qualquer outra posição que não seja o Cristianismo é totalmente irracional. Somente o Cristianismo não crucifica a própria razão. Sem ele, a razão operaria num vácuo total... deve ser defendido com Agostinho que a revelação de Deus é o sol de onde emanan todas as outras luzes. A melhor, a única e a absolutamente segura prova da veracidade do Cristianismo é que, a menos que a sua verdade seja pressuposta, não há prova de qualquer espécie. O Cristianismo é provado como o próprio fundamento da noção de prova em si.*
O conhecimento da ciência, da ética e do homem se encontra fundamentado em uma visão cristã da realidade. As visões não cristãs, no entanto, acabarão "se opondo mutuamente" (2Tm 2.25). Suas crenças fundamentais sucumbirão até propriamente se integrar umas às outras. Seus sistemas serão inerentemente contraditórios ou suas pressuposições irão fracassar no desafio de justificar o conhecimento e a experiência do homem. Quando confiam nas reivindicações de verdade da Bíblia como o fundamento necessário para a epistemologia, os cristãos podem demonstrar que os sistemas não cristãos se mostram falsos no nível fundamental. A realidade metafísica revelada na Bíblia deve ser sustentada como verdadeira porque apenas essa realidade pode tornar possível ao home "conhecer" verdadeiramente alguma coisa.
* Dan McCartney e Charles Clayton, Let The Reader Understand, pg 26.
*
Cornelius Van Til, The Defense Of The Faith, p. 298.
Extraído do livro "Fé com Razão", Editora Monergismo.
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06 julho 2009

O Que Acha do Dawkins?










Por Mário Persona*

A princípio Richard Dawkins não era conhecido por seu ateísmo, mas por sua contribuição ao meio científico. Embora tenha escrito livros principalmente em defesa da teoria da evolução, ele só virou uma celebridade conhecida fora dos limites científicos e acadêmicos quando passou a criticar a existência de Deus. Seu livro "Deus, um delírio" levou sua popularidade ao status de ídolo dos ateus.

Eu não posso confiar em suas ideias por duas razões. A primeira é que ele me faz lembrar esses pastores que ganham a vida pregando contra a Disney. Adotam a plataforma e saem por aí de púlpito em púlpito dando detalhes das mensagens subliminares escondidas em desenhos animados ou de algum detalhe erótico de um personagem, coisas que só podem ser percebidas se você usar um microscópio, tocar um disco ao contrário ou virar o desenho de ponta cabeça. Se a Disney fechar eles ficam sem assunto.

Embora Richard Dawkins possa não admitir, é graças a Deus que ele tem comida na mesa e carro na garagem. Se não fosse por Deus, seu saldo bancário seria muito menor, tocando a vida como cientista, autor de livros acadêmicos e professor da Universidade de Oxford. Cientistas costumam viver no ostracismo, livros acadêmicos nunca vão para a lista dos best-sellers e ninguém fica rico dando aulas em universidades.

É no seu combate a Deus, à Bíblia e ao cristianismo que reside o sucesso de Richard Dawkins, por isso não posso confiar em tudo o que ele diz. Há interesses demais envolvidos nisso e acaba ficando difícil saber onde acaba o que ele diz por convicção e o que diz por força de contrato. Se é ateu e, portanto, não acredita que existe um Deus a Quem deverá prestar contas, devo crer que não haverá mal algum se ele escrever seus textos deliberadamente para enganar as pessoas. Afinal, se a sua crítica contra Deus não for bem apimentada, que editor vai se interessar?Dawkins ganha dinheiro com Deus e se Deus não existisse ele viveria frustrado e mais pobre. Seu site é na verdade uma loja, não um site de um cientista disposto a divulgar suas descobertas. Tem de tudo ali: livros, CDs, DVDs, canecas, sacolas e camisetas. Na lista dos mais vendidos o item que ocupa o primeiro lugar é um alfinete de lapela com a letra "A" de "Ateu". Quem não usa paletó pode comprar uma camiseta com textos falando mal do Deus que ele diz não existir.Existem cientistas ateus que você nem sabe que são ateus. Simplesmente trabalham, desenvolvem suas pesquisas e não se preocupam muito em tentar provar que Deus não existe. Afinal, por que iriam gastar seu precioso tempo tentando provar que elefantes voadores não existem se eles efetivamente não existem? Há também ateus que não são cientistas, mas são ateus por convicção pessoal e vão vivendo assim, sem se preocuparem em convencer os outros. Mas há ateus que não vivem bem se não conseguirem ganhar algum com isso ou destruir a fé dos que acreditam em Deus, em Cristo, na Bíblia, na Criação etc. Eles simplesmente se sentem incomodados por existirem pessoas que pensam diferente, ou talvez sejam inseguros demais para continuar vivendo sem ver o seu time aumentar. É o caso de Richard Dawkins, que empunha, não a bandeira científica pró-evolução, mas a bandeira religiosa contra-criação. Um cristão não precisa do ateísmo para expressar suas crenças, mas um ateu assim precisa desesperadamente do cristianismo para sua crença fazer algum sentido.

Esta semana um ateu assim deixou uma mensagem criticando um de meus vídeos do evangelho. Entrei em seu perfil do Youtube e descobri que ele faz isso sistematicamente em vídeos cristãos, e em alguns ele deixa uma mensagem aconselhando as pessoas a não perderem tempo com os cristãos.Talvez alguém argumente que os cristãos fazem o mesmo, perturbando todo mundo com sua insistência em provar que Deus existe. Eu diria que essa atitude de um cristão, de querer contar para todo mundo do Deus que ele descobriu, é muito mais coerente com o espírito científico das descobertas do que a atitude do ateu que tenta contar para todo mundo do Deus que não descobriu.

Mas, voltando a Richard Dawkins, eu disse que tinha duas razões para não confiar no que ele diz, e uma é por ele depender de Deus para fazer sucesso. A outra está mais para sua posição como Darwinista. Se ele acredita na evolução e, por conseguinte, na evolução também de seu cérebro, como posso estar seguro de que as conclusões que ele produziu com seu cérebro em processo de evolução sejam definitivas? Talvez seja prudente esperar um pouco mais...
* 1- Texto reproduzido com a autorização do autor e publicado originalmente em O Que Respondi com o título "O que acha do que diz o ateu Richard Dawkins?"
2- A foto não consta da postagem original

26 junho 2009

Sobre o Bem e o Mal









Por Vincent Cheung

Deus tem existido na eternidade; o próprio tempo foi criado por ele. Isso significa que, antes da criação do universo, Deus tinha existido sozinho. E visto que a Escritura ensina que não há mal em Deus, a questão que se levanta quanto à fonte e origem do mal. Nós não podemos dizer que o próprio Deus, embora não haja mal nele, cometeu o mal; a Escritura nega essa possibilidade. Tiago 1.16-17 afirma: "Meus amados irmãos, não se deixem enganar. Toda a boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras incontantes". Se Deus é fonte de "toda boa dádiva e todo dom perfeito", e ele "não muda", isso significa que ele não realiza alguma outra coisa senão aquilo que é bom.
Uma resposta consistente com o registro bíblico seria que Deus criou criaturas com a capacidade de escolher, embora ele possua controle completo sobre até mesmo suas vontades, e que foi bom para ele ter feito assim. Mas, essas criaturas, pelo bom decreto soberano de Deus, decidiram fazer escolhas que eram contrárias à bondade de Deus, e, portanto, resultaram no mal. Devemos insistir, contrário ao "livre-arbítrio" do humanismo, que Deus não meramente "permitiu" o mal, mas ele o decretou; de outra forma, ele não poderia ter se originado.
Ora, a Bíblia diz que se não houvesse lei moral, então não haveria nenhum pecado. Portanto, pecado é uma transgressão da lei moral. Visto que a lei moral declara o que é bom, o mau é, dessa forma, um desvio dessa bondade objetiva, e não é, portanto, realmente uma coisa em si mesma. O que se segue a partir disso é que a bondade pode existir sem o mau, mas o mau não pode existir sem a bondade objetiva. Se mau, como parece, é um "não deve", então ele não pode existir sem um "deve". É possível haver um padrão de bondade objetivo sem qualquer desvio dele, mas não é possível haver um desvio da bondade se a própria bondade não é definida ou não existe.
Por exemplo, é concebível ter um limite de velocidade sem qualquer violação dele, mas é impossível violar o limite de velocidade se não existe tal coisa. Da mesma forma, somente é possível existir o mal se houver o bem, mas é possível que haja o bem sem a existência do mal. Deus não precisa de Satanás para defini-lo.
O mal, de fato, existe mas não como uma coisa em si mesma; antes, ele é um desvio do bem. Isso não significa que o mal seja uma ilusão, como alguns sistemas de pensamento não cristãos afirmam, mas que ele não tem existência independente e objetiva como no caso da bondade. Resumindo, a bondade é definida pela palavra de Deus, e o mau é, consequentemente, definido pela (o desvio da) bondade. O que Deus diz que é bom é bom; o que se desvia ou contradiz o que ele diz é mau.

(1) Extraído do livro "Sobre o Bem e o Mal" - Click Editora Monergismo para adquirir um exemplar
(2) Leia meus comentários ao livro AQUI

13 junho 2009

Conselho a Jovens Escritores





Caro Sr. Raymond Johnston
(1)



Perdoe-me, por favor, esta demora em acusar o recebimento da sua muito amável carta do dia 6 deste, e em agradecer a sua gentileza em dar-me a conhecer as suas conversas sumamente interessantes em Swanwick. Naturalmente as considerarei confidenciais. São verdadeiramente muito valiosas. A reedição de Santidade (Holiness), de autoria de Ryle, parece ter conseguido realizar até mais do que eu previa.
Acho que você e o Sr. Packer estão realizando uma obra muito importante, que poderá muito bem ter grande influência no futuro. Mas, vocês dois precisam aprender a "andar prudentemente" (Efésios 5.15). Quero dizer com isso que há o perigo de seu ensino ser rejeitado devido ao modo como ele é apresentado. Devemos ser pacientes e ensinar as pessoas de maneira construtiva. Escrevo como alguém que pessoalmente achou muito difícil aprender esta lição; porém, com o passar dos anos, fui vendo cada vez mais que a dificuldade do outro lado deve-se realmente à ignorância. Devemos aguardar, e penso que veremos que a extraordinária mudança já ocorreu quanto aos conceitos sobre profecias, ocorrerão também com relação a esta outra questão.
Quanto à dificuldade de explicar os benefícios que Keswick e Ruanda acaso fazem, há pelo menos duas respostas:
1. Muitas vezes a heresia está certa em muitos pontos verdadeiramente essenciais, mas erra num ponto. Em termos modernos, isso é frequentemente ilustrado nos círculos pentecostais com relação à doutrina do Espírito Santo, linguas, curas, etc, enquanto que eles estão absolutamente certos e são ortodoxos nos pontos essenciais, e as pessoas recebem real bênção por meio deles.
2. Os argumentos baseados em resultados e benefícios são sumamente perigosos. Todas as seitas prosperam baseadas nisso. Questionaria também, e muito, se Keswick dá realmente às pessoas uma verdadeira consciência de pecado. Penso que é neste ponto que ele de fato falha mais.
Realmente você precisa voltar a Londres, para que possamos conversar sobre estas coisas, em vez de escrevermos sobre elas.
Todos nós nos juntamos na expressão da nossa mais favorável estima e consideração. Sinceramente ao seu dispor,
D.M. Lloyd-Jones

(1) O. R. Johnston (1927-85), um dos graduados de Oxford responsáveis pelo início da Conferência Puritana, e desta vez, com Jim Packer, exercendo uma nova influência na IVF (Inter-Varsity Fellowship) por meio da publicação Graduado Cristão (Christian Graduate) e por outros meios. Deste ponto em diante, Lloyd-Jones teve um novo papel, aconselhando aos jovens cuja descoberta dos puritanos lhes era causa de grande entusiasmo, que se contivessem e agissem com sabedoria. Tanto por seu próprio ministério como pelo incentivo que deu a James Clarke para reeditar As Institutas de Calvino (1949) e a obra Santidade, de J. C. Ryle (1952), Lloyd-Jones fora usado para preparar o caminho para este desenvolvimento, e os críticos o consideravam grandemente responsável pelo mesmo.

(2) Extraído do livro "D. Martyn Lloyd-Jones Cartas 1919-1981" - Editora Pes

(3) Meus comentários ao livro podem ser lidos AQUI

01 junho 2009

Guerra Santa: Física ou Espiritual?


Por Tremper Longman III

A primeira voz que ouvimos no NT é a de João Batista que, à semelhança dos profetas do estágio 3, ressoa extraordinariamente:
"Raça de víboras! Quem lhes deu a idéia de fugir da ira que se aproxima? Dêem fruto que mostre o arrependimento! Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos: "Abraão é nosso pai". Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir ilhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo" (Mt 3.7-10; cf v.11,12).
João tinha a esperança de que aquele que viria depois dele cumprisse a tarefa do poderoso Guerreiro de banir da terra os opressores. Imagine sua surpresa, mais tarde, quando aquele que ele reconhecera pelo batismo passou a pregar as boas-novas, curar os doentes e expulsar demônios. Para falar a verdade, há um registro dessa reação em Mateus 11.1-19. Naquele momento, João estava preso e ouviu os relatos acerca do ministério de Jesus. Suas dúvidas o elvaram a enviar dois de seus discípulos a Jesus a fim de transmitir a cética pergunta:
"És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" (v. 3).
Jesus respondeu: "Voltem e anunciem a João o que voc ês estão ouvindo e vendo: os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, as boas novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não escandaliza por minha causa" (Mt 11.4-6).
Pelas suas obras, Jesus informou a João que ele, de fato, havia escolhido a pessoa certa. Entretanto, Jesus sutilmente também mudou - na realidade, enriqueceu - a concepção de João sobre seu ministério. Numa realidade lacônica, Jesus era o Guerreiro divino, mas ele intensificou e elevou o nível da batalha. Não era mais uma batalha física contra inimigos de carne e sangue, e sim uma luta travada contra poderes e autoridades espirituais. Além do mais, era uma batgalha empreendida sem armamentos físicos.
Os exorcismos do NT são um caso à parte. Aqui percebemos a natureza violenta do conflito. Mateus 8.28-34 narra a história da permissão que Jesus deu aos demônios que habitavam dois homens para entrar em porcos, os quais se atiraram dentro de um lago e morreram.
O climax do estágio 4 é um método violento, mas irônico. Paulo volta seus olhos para a crucificação, retratando-a como uma vitória militar sobre o domínio demoníaco:
"Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz" (Cl 2.13-15).
A ascensão de Jesus aos céus também é descrita em linguagem militar, caracterizada pela citação de um hino de guerra santa do AT, o salmo 68:
E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo. Por isso é que foi dito:
"Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros, e deu dons aos homens" (Ef 4.8).
Jesus derrotou os poderes e autoridades, não pelo ato de matar, mas pelo ato de morrer!
Na verdade, a transição da antiga prática da guerra física para a nova era da guerra espiritual é dramaticamente ilustrada pela cena que se passa no jardim do Getsêmani. No momento em que Jesus era preso, Pedro, sempre impetuoso, sacou uma espada e decepou a orelha do servo do sumo sacerdote (Mt 26.47; MC 14.43-52; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11). Jesus, na mesmoa hora, declarou:
"Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão. Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?" (Mt 26.52-54).
Quando Jesus ordenou a Pedro que guardasse a espada, era o mesmo que dizer à Igreja que esse exemplo de violência não poderia ser seguido para difundir sua causa*. O Alvo da guerra de Cristo não é físico, mas espiritual, e as armas utilizadas são espirituais, e não físicas.
*Em minha opinião (diz o autor), isso não põe fim ao debate entre os defensores da guerra justa e os pacifistas. Trata-se de uma simples declaração de que guerras em nome do cristianismo não são legítimas.

Extraído do livro "Deus Mandou Matar?" 4 pontos de vista sobre o genocídio cananeu - Editora Vida - Adquira o livro AQUI
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Leia o post ao tema do livro AQUI

25 maio 2009

As Paredes da Prisão Falam
















Por Haralan Popov*

Fui levado de minha cela a um confortável escritório, no andar térreo. Para minha surpresa, encontrei ali um jovem que eu conhecia bem. Seu nome era Veltcho Tchankov... Apesar das diferenças de nossa maneira de viver, há muito parecia que tínhamos uma espécie de respeito mútuo. Portanto, alegrei-me por vê-lo novamente e pensei que aquele seria o primeiro raio de esperança, desde o meu aprisionamento. Mas, como ele havia mudado!... Eu vi o que o poder é capaz de fazer com um homem.
Quando os comunistas estão fora do poder, frequentemente se mostram cordiais, cooperadores e brandos. Mas, se chegarem ao poder, veremos o que eles realmente são! Aqueles que "brincam" com o comunismo devem lembrar-se da história de Veltcho, o "gentil" comunista que obteve o poder.
Os partidos comunistas quando estão fora do poder parecem propositalmente "razoáveis" e gentis; mas, logo que chegam ao poder, revelam a sua verdadeira natureza. As prisões estavam repletas de pessoas que pensavam que os comunistgas eram somente outro partido político.
Muitas das pessoas que diziam serem os comunistas "apenas outro partido político", e que os toleravam, foram executadas quando eles tomara o poder. Os países ocidentais que toleram partidos comunistas devem tomar cuidado! Aqueles "pequenos" partidos talvez pareçam brandos agora, mas, se conquistarem o poder, esses países verão a verdadeira natureza dos comunistas, assim como aconteceu conosco!
Eu disse: "Veltcho, é ótimo vê-lo novamente". Ele me olhou com hostilidade e disse: "Conhecemo-nos um ao outro, Popov, e eu lhe aviso que, se quiser ver novamente sua esposa, terá de fazer exatamente o que eu lhe disser".
"Mas, o que fiz eu, Veltcho?".
Ele replicou, gritando: "Nunca me chame de Veltcho, novamente. Sou o Camarada Tchankov, e você é o prisioneiro Popov. Nunca esqueça isso!"... "Se você se recusar a obedecer-me, estará fazendo o pior erro de sua vida; e só terá de lamentar-se. Aprenderá que não estamos brincando e não permitiremos que você se transforme um mártir religioso. Você gostaria disso, não é mesmo, Popov? Pois bem, não vamos lhe dar essa chance. Se fizéssemos de você um mártir religioso, isso fortaleceria os cristãos. Não permitiremos que isso aconteça. Você pensa que somos estúpidos? Vamos caluniá-lo e difamá-lo até os cristãos mencionarem o seu nome com desgoto".
Eu repliquei: "O povo da Bulgária me conhece. Eles saberão a verdadeira razão". Veltcho apenas riu. Mais tarde percebi que eu estava lutando contra especialistas em fazerem o preto parecer branco, e a verdade parecer mentira.
Os nazistas eram cruéis, mas os comunistas são cruéis e diabolicamente astutos. Na prática, esta é a verdadeira diferença entre os nazistas e os comunistas. As ameaças de Veltcho se cumpriram mais tarde, com precisão matemática, ponto por ponto.
Veltcho ordenou-me que voltasse à cela. Retornei em completo desespero... Sentei-me, quase atordoado. Eu pensara que os comunistas eram apenas homens mal orientados. Mas aquele encontro com Veltcho me abalou profundamente. Percebi que estava combatendo a astúcia e a maldade do próprio Satanás. Pela primeira vez, a enormidade do que eu enfrentava e astúcia daqueles homens diabolicamente inspirados me atingiram.
Do livro "Torturado Por Sua Fé" - Editora Fiel - Pg 24-26 - Adquira um exemplar AQUI
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*Para os cristãos-marxistas (um termo autocontraditório) seria aconselhável e boa a leitura desse livro do pr. Popov. Através dele poderiam ter os olhos abertos, e emergiriam da profunda ilusão e trevas em que a dialética socialista lançou-os (na verdade, tudo começa com a insurreição contra Deus, e a não-submissão à Sua autoridade; onde os discursos retóricos substituem a pregação e exposição bíblica, e os valores cristãos são abandonados ou mascarados pelo falso cristianismo, pelo proselitismo marxista).
Infelizmente, para si mesma, a esquerda "cristã" trocou o Evangelho de Cristo pelo discurso de pastores e teólogos anti-evangelho de Cristo, e fazem jus à afirmação de Paulo: "E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe" (Ef 5.11-12).

16 maio 2009

A MÃO DE DEUS NO SOFRIMENTO


Por Mark R. Talbot*

Desde acontecimentos tão pequenos, como a queda do menor pardal (Mt 10.29), até a morte de seu querido filho nas mãos de homens iníquos (At 2.23 c/ 4.28), Deus fala e depois cumpre ou executa a sua palavra (Is 46.11). Nada que existe ou ocorre escapa da vontade ordenadora de Deus.
Nada, inclusive nenhuma pessoa, coisa, acontecimento ou feito iníquio e mal. A preordenação ou predestinação de Deus é a razão final por que tudo acontece, até mesmo a existência de todas as pessoas e coisas más e a ocorrência de todo e qualquer ato ou acontecimento iníquo. Nesse caso, não seria impróprio falar de Deus como o criador, o mandante, o autorizador e, algumas vezes, como o instigador do mal. É isso que as Escrituras alegam explicitamente. Por exemplo, Isaías 45.7 apresenta Deus declarando: "Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas". A palavra para "criar" nesse versículo é o termo hebraico "bara", a mesma palavra que é usada para descrever o trabalho criativo de Deus em Gênesis 1; e a palavra para "mal" é "ra' ", que é quase sempre traduzida por "mal" no Antigo Testamento, e que podemos encontrar em lugares como Gênesis 2-3; 6.5; 13.13; e 50.15,20. E também quando Amós pergunta retoricamente: "Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo estremeça? Sucederá algum mal à cidade sem que o Senhor o tenha feito?" (3.6). Isaías também diz: "O Senhor derramou no coração deles [os líderes das cidades egípcias de Zoã e Mênfis] um espírito estonteante, eles fizeram estontear o Egito em toda a sua obra" (19.14).
Tampouco manter que Deus nunca faz o mal é equivalente a dizer que ele não envia o mal. Algumas vezes ele envia espíritos maus - como o que atormentou o rei Saul 16.14-23), outro que levou os líderes de Siquém a agir traiçoeiramente com o rei Abimeleque (Jz 9.23), e um terceiro para mentir por meio dos profetas de Acabe, levando-o a viajar até Ramote-Gileade, onde seria morto (1Rs 22.13-40). E algumas vezes ele envia ilusão, como afirma Paulo quando diz que: "aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos... Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça" (2Ts 2.10).
Deus manda seus anjos para destruirem Sodoma e Gomorra (Gn 19); em Êxodo 7-12, ele envia dez pragas; ele envia cobras venenosas para picar os israelitas resmungões (Nm 12.6); ele enviou sobre Israel uma peste que matou 70 mil homens (2Sm 24); após haver jurado anteriormente que, em razão dos pecados de Manassés ele traria sobre Jerusalém e sobre Judá "tais males (ra')... que todo o que os ouvir, lhe tinirão ambos os ouvidos" (2Rs 21.12); mandou sobre Judá, bandos de saqueadores estrangeiros para destruí-la por causa dos pecados do rei Manassés. Tudo isso veio sobre Judá pela palavra de Deus (ver 24.3); Deus promete enviar a Assíria contra Judá infiel, mas depois promete também que "castigará a arrogância do coração do rei da Assíria" (Is 10.12), enviando uma praga entre seus guerreiros (v.16).
As Escrituras também estabelecem que Deus permite que outros façam o mal, como quando ele permitiu a Satanás que destruísse as propriedades e os filhos de Jó, pois isso deixaria claro que mesmo assim Jó não amaldiçoaria a Deus (Jó 1.6-12), e quando ele permitiu que as nações estrangeiras no A. T. andassem cada uma em seus caminhos pecaminosos (At 14.16). A idéia de que ninguém jamais fará o mal contra outra pessoa a não ser que Deus o permita ou conceda é sugerida por outras passagens como Gn 31.7; e em Ex 12.23; e em Lc 22.31.
Na realidade, algumas passagens bíblicas, como Isaías 19.2, retratam Deus induzindo outros a fazer o mal: "Farei com que egípcios se levantem contra egípicios, e cada um pelejará contra seu irmão e cada um contra seu próximo; cidade contra cidade, reino contra reino" (ver 9.11). Outras passagens: 2Sm 24.1; Jó 1.6-12.
Debrucei-me sobre as Escrituras com o propósito de provar este ponto: como um de meus alunos afirmou maravilhosamente em resposta ao teísmo aberto: "Os adeptos do teísmo aberto estão tentando inocentar Deus do mal. Mas Deus não quer ser inocentado"... Nada - nenhuma obra, pessoa, acontecimento ou ação maligna - está fora da vontade ordenadora de Deus. Nada acontece, existe ou permanece independentemente da vontade Deus. Portanto, mesmo quando o pior dos males nos assalta, em última análise ele não procede de nenhum outro lugar senão das mãos de Deus.

*Fiz uma síntese de parte do texto de Talbot sem, contudo, comprometer a sua mensagem. Apesar da afirmativa do autor de que Deus "permite" o mal, presumivelmente como algo alheio à Sua vontade, como se o poder de permitir fosse uma submissão ao desejo de suas criaturas, Talbot apenas "ameniza" a situação, visto que ele sustenta ser Deus o criador, o planejador, aquele que decreta, ordena e faz cumprir seus decretos, ou seja, toda a ação de Deus é objetiva e positiva em relação a tudo o que acontece no universo, inclusive o mal. Portanto, para não deixar os seus leitores mais "chocados", ele não usou o termo "autor do mal" para Deus. O que, no fim das contas, dá na mesma.
Como Talbot vai muito além do que a maioria em relação à soberania de Deus e o mal, considero a sua abordagem correta, ainda que seja amenizada e diluída em alguns aspectos, tornando-a indiretamente conclusiva.
(Jorge Fernandes)

Leia os meus comentários ao livro AQUI.
Extraído do ótimo "O Sofrimento e a Soberania de Deus", Editora Cultura Cristã, o qual pode ser adquirido AQUI

07 maio 2009

A RECUSA DE REPUDIAR O MUNDO




















Por John MacArthur Jr.

Já indicamos outro fator que contribui para o declínio de discernimento na igreja contemporânea. É a preocupação com a imagem e a influência. Ela surge da falsa idéia de que, a fim de ganharmos o mundo para Cristo, precisamos, primeiramente, conquistar o favor do mundo. Se conseguirmos que o mundo goste de nós, ele aceitará o nosso Salvador. Por muito tempo, essa tem sido a filosofia das igrejas sensíveis aos interessados. Esta é, também, uma das suposições motivadoras do movimento da Igreja Emergente.
Essa filosofia sugere que os cristãos devem tentar fazer com que os pecadores não-convertidos sintam-se confortáveis com a mensagem cristã. O objetivo é tornar a igreja em um lugar totalmente livre de ameaças, no qual os incrédulos, em vez de confrontar a incredulidade deles; fazer amizade com o mundo, em vez de separar-se dele. Tudo isso parece muito agradável, caloroso e amável às pessoas de sensibilidade pós-modernas, mas não é a estratégia de evangelismo que as Escrituras nos propõem. Na realidade, essa filosofia é totalmente incompatível com a sã doutrina. É uma forma de comprometimento com o mundo. Tiago o chamava de adultério espiritual (Tiago 4.4).
E observe os efeitos dessa estratégia. No movimento das igrejas sensíveis aos interessados, a pregação tem sido substituída por entretenimento. No movimento da Igreja Emergente, a própria verdade deu lugar ao ceticismo. Em ambos os movimentos, qualquer pregador que tentar assumir uma posição em favor da verdade, falar com clareza, tornando compreensível a mensagem bíblica, provavelmente será convidado a voltar ao seu assento. Esse tipo de pregador é um problema, um embaraço e um tropeço para os não-cristãos.
Se a verdade não pode ser proclamada sem temor na igreja, que lugar existe para a verdade? Como podemos edificar uma geração de cristãos perspicazes, se nos aterrorizamos com a idéia de que os não-cristãos talvez não gostem de ouvir a verdade pura e simples?
Desde quando tem sido legítimo para a igreja o procurar o amor do mundo? O apóstolo João não escreveu: "Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia" (1Jo 3.13)? E Jesus não disse: "O mundo... a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más" (Jo 7.7)? Os cristãos bíblicos sempre entenderam que devem repudiar o mundo. Eis as palavras de nosso Senhor:
"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isso, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou" (Jo 15.18--21).
Por acaso essa mensagem dá a entender que temos liberdade para usar uma estratégia evangelística que abranda a mensagem da cruz?
Acredito que o apóstolo Paulo não teria paciência com táticas desse tipo. Ele nunca procurava conquistar o mundo por meio de aceitabilidade intelectual, popularidade pessoal, imagem, status, reputação ou coisas desse tipo. Ele escreveu: "Temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos (1Co 4.13). A igreja contemporânea está correta ao tentar uma abordagem "mais sofisticada"? Ousamos abandonar o exemplo de homens piedosos do passado, os quais, todos, tiveram de lutar pela verdade?
E, podemos acrescentar, no momento em que qualquer igreja se propõe a fazer amizade com o mundo, essa igreja se coloca em inimizade contra Deus (Tg 4.4).
Em termos práticos, o movimento para acomodar a igreja ao mundo diminui a confiança dos cristãos na verdade revelada por Deus. Se não podemos confiar na pregação da Palavra de Deus para converter os perdidos e edificar a igreja, como podemos, de algum modo, confiar na Bíblia - até como um guia para nosso viver diário?
As pessoas estão sendo enganadas pelo exemplo de alguns de seus líderes eclesiásticos. Estão aceitando a ilusão de que a fidelidade à Palavra de Deus é opcional.
Além disso, à medida que a pregação bíblica continua a diminuir, a ignorância acerca das Escrituras aumenta. Esse fato agrava, ainda mais, todos os problemas que resultam do declínio do discernimento, e o ciclo de desgraças continua.
Extraído do excelente livro "A Guerra Pela Verdade" - Pg 235/238 - Editora Fiel - Adquira um exemplar AQUI .
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25 abril 2009

O AUTOR DO PECADO



Por Vincent Cheung


Há muitas passagens bíblicas dizendo que Deus causa todas as coisas, e a metafísica por detrás disso é explicada pela onipontência de Deus - a mesma onipotência criou tudo. Por outro lado, todas as passagens que as pessoas usam para negar que Deus é o autor do pecado ou para provar o compatibilismo, são apenas descrições de eventos e motivos, sem tratar com a causa metafísica daqueles eventos e motivos.
Ao invés de dar a resposta popular, que é fraca, evasiva, incoerente, e confusa, Deus sem embaraço algum diz: "Sim, eu faço todas as coisas. O que você vai fazer a respeito disso? Quem é você para sequer me questionar sobre isso?". Quando chegamos na metafísica, incluindo a relação de Deus com as decisões humanas, seja para o bem ou para o mal, é assim que a Bíblia responde.
Então, leiamos Romanos 9.19-21:

Mas algum de vocês me dirão: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade?"
Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou:'Por que me fizeste assim?'"

O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?
*

Novamente, isso tem algo a ver com metafísica (determinismo, liberdade, etc), visto que o contexto tem a ver com eleição e reprovação, e o criar do eleito e do não-eleito, assim como o oleiro faz o vaso a partir do barro.
Paulo não diz: "Oh, não, você não entende. Embora Deus determine todas as coisas, ele causa todas as coisas apenas te permitindo fazer decisões livremente segundo a sua própria natureza, que veio de Adão, cuja natureza misteriosamente de santa se tornou má, de forma que Deus não é o autor do pecado, e você é responsável pelas suas próprias decisões e ações".
Pelo contrário, Paulo diz que o controle de Deus tanto sobre os "vasos para honra" como sobre os "vasos para desonra" é como o controle do oleiro sobre uma massa de barro. E assim como a massa de barro não pode questionar o oleiro, a responsta de Paulo ao objetor não é, "Mas você se tornou mal por si mesmo" ou "Mas você pratica o mal segundo a sua própria natureza"; mas, pelo contrário, ele diz, "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: 'Por que me fizeste assim?"'. E Paulo não diz, "Mas Deus não é o autor do pecado", mas, pelo contrário, ele diz, "Deus tem o direito de fazer uma pessoa justa e outra pessoa má, de salvar uma e condenar outra. Certamente ninguém pode resistir Sua vontade! Mas quem é você para replicar?".
Essa é a atitude da Bíblia. Ela repreende o objetor e responde a objeção ao mesmo tempo. Mas a resposta não nega que Deus seja a causa direta do pecado; pelo contrário, ela ousadamente diz que Deus tem o direito de fazer tudo o que ele quer e que ele faz tudo o que ele quer. Ao invés de dar um passo para trás ou para o lado, ela dá um passo em direção ao objetor e dá-lhe uma bofetada na cara!
E essa é a resposta de Deus. Ela é forte, direta, simples, coerente e irrefutável. Ela é perfeita.
*Obs: O texto utilizado é o da NVI, por isso, transcrevo o texto da ACF o qual considero mais apropriado: "Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra" (Rm 9.18-21)
Do livro o "Autor do Pecado", Pg 7- 8.
Editora Monergismo. Compre o livro AQUI
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18 abril 2009

A SOBERANIA DE DEUS - E O MAL




Por William Fitch


A primeira pergunta que se deve encarar surge quando confrontamos o fato da soberania de Deus com o fato do mal. Se Deus é bom e se Deus é absolutamente soberano em poder, então por que existe o mal no mundo? Ele não poderia, com um só movimento de Sua mão, eliminar completamente o mal da Sua criação?
Para descobrir a posição bíblica sobre esta questão poderíamos ir a muitas partes diferentes da Bíblia. Não há nenhuma passagem, porém, que se compare com o tremendo capítulo de Isaías - o quarenta e cinco - em que ele trata da soberania de Deus com pensamentos e palavras jamais igualados. Ao mesmo tempo, ele enfrenta decisivamente a questão básica que agora está diante de nós: quem é responsável pelo mal no mundo? Há algum meio de livrar-nos dele? "Eu sou o Senhor, e não há outro", diz Deus através dos inspirados lábios do Seu profeta. Ele está se dirigindo a Ciro, o vitorioso rei por meio de quem o povo escolhido deverá ser libertado da escravidão babilônica; diz-lhe Deus: "Eu sou o Senhor, e não há outro: fora de mim não há Deus; eu te cingirei ainda que tu me não conheças" (Is 45.5). Deus repete isso, e o faz para dizer que esta é uma verdade que todos os homens devem ouvir. "Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro: eu sou o Senhor, e não há outro" (Is 45.6). O tema se desenvolve com maior firmeza ainda. "Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz: as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens" (Is 45.12). Este tema é repetido de várias maneiras, até que se chegue ao clímax do trecho todo com estas palavras: "Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro" (Is 45.22). Deus governa e reina. Deus é soberano. Essa é a palavra dada ao profeta para que a proclame a todos os homens, em todos os lugares.
No centro dessas majestosas palavras do profeta há um versículo no qual o problema do mal é encarado à luz da soberania divina. Deus fala por meio do Seu servo e diz: "Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor faço todas estas coisas" (Is 45.6-7). Nada poderia ser mais definido do que isso. Aí está uma palavra do Espírito Santo que enfrenta a questão diretamente e a responde da maneira mais completa que as nossas mentes podem compreender a mente e a vontade de Deus. "Crio as trevas... crio o mal". Com estas palavras Deus aceita a responsabilidade pela presença do mal em meio à Sua criação; e esta é uma revelação que não ousamos deixar de lado ligeiramente, nem ousamos tentar justificar.
Deus é soberano. Esse é o tema de Isaías. É o tema da Bíblia toda, mas aqui encontra a sua mais clara e mais nobre expressão. Há um só Deus e Ele está sobre todas as coisas... O Deus vivo é Deus soberano, soberano sobre todas as obras das Suas mãos, perfeitamente sábio e absolutamente livre. Se faltasse a Deus um iota de conhecimento, liberdade ou poder, Ele não seria Deus, nem poderia ser. Todavia, nada Lhe falta. "O Pai tem a vida em si mesmo" (João 5.26). É desse modo que o Senhor expressa esta verdade e, ao dizê-la assim, Ele ultrapassa os pensamentos do homem mortal. A vida de Deus não é dádiva de outrem. Ele próprio é a vida - um insondável oceano de vida, glória e bem-aventurança. Ninguém pode ditar-lhe ordens. Ninguém pode compeli-lO nem dete-lO. Ele não precisa de permissão de ninguém para agir ou falar. Ele é primeiro e o último, e além dEle não há deus...
"Eu crio as trevas... Eu crio o mal"...
Esta é a voz de Deus. É revelação divina.

Extraído do livro "Deus e o Mal" - Editora. Pes - Pg. 11-13 - Compre o livro AQUI
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12 abril 2009

DUALISMO















Por Dr. Heber Carlos de Campos

Há um pensamento vigente em vários círculos cristãos de que o diabo é quem está no camando do universo. Ele tem sido responsabilizado por todas as coisas ruins que têm acontecido no mundo. Em vez de as pessoas dizerem "bendito seja Deus", bem que elas poderiam dizer "bendito seja o diabo", porque ele tem sido o responsável por todas as coisas que elas vêem e com as quais não concordam. É verdade que ele é inimigo dos filhos de Deus, mas é verdade também que ele é parte do processo providencial de Deus, como um instrumento nas mãos de Deus. A sua ação cumpre os propósitos divinos para o universo. Todavia, somente quando estudamos devidamente a doutrina da providência é que eliminamos de nossa mente qualquer pensamento de que Satanás está no controle deste mundo.
Deus está no comando e aceita a responsabilidade de todas as coisas que acontecem neste seu universo, sejam boas ou más. Deus está envolvido em cada evento que acontece na história do mundo, mesmo nos mínimos detalhes. A isso chamamos de providência soberana de Deus.
Quando as pessoas não compreendem devidamente a doutrina da providência, elas cometem erros muito feios, que demonstram uma incompreensão da cosmovisão cristã. Responsabilizando Deus pelas coisas boas que acontecem e o diabo pelas coisas más, elas podem ser culpadas de uma heresia antiga chamada "dualismo". O que é isso? É a crença na existência de dois poderes em que o Deus, que é bom, está em luta contra o Diabo, que é mau. São dois poderes independentes e igualmente poderosos que lutam entre si titanicamente para ver quem obtém o controle do mundo.
Os cristãos que possuem essa cosmovisão ficam na esperança do deus bom ganhar, mas vivem pintando o fim da história como algo trágico e inevitável, não porque os decretos de Deus estão sendo cumpridos, mas porque o diabo é poderoso para resistir até o fim, e não será vencido até que muitos estragos tenham sido feitos na igreja e no mundo. Essa é uma heresia muito perniciosa e está ligada muito frequentemente ao movimento carismático, especialmente o de batalha espiritual.
A pergunta que se faz é a seguinte: Por que cristãos sinceros têm essa compreensão errônea de Deus? Por que atribuem o bem a Deus e o mal a Satanás? Talvez porque eles tentam proteger Deus ou evitar que ele seja considerado o autor do mal. Na compreensão deles, um Deus de amor não pode estar relacionado a coisas que são imperfeitas ou malignas. Crer num Deus de amor é muito mais fácil e palatável do que crer num Deus de soberania absoluta.
Eu li de uma enfermeira que trabalhava na sala de emergência de um hsopital que disse que, quando alguma pessoa de uma determinada igreja evangélica que havia se acidentado ou sido acometida de algum mal súbito aparecia na emergência, logo vinha correndo o pastor e dizia para a família ali presente: "Lembrem-se de que Deus não tem nada que ver com isso!". Talvez esse pobre pastor quisesse evitar que os membros atingidos pela desgraça desaparecessem de sua igreja. Aquele pastor certamente possuía uma visão muito distorcida da cosmovisão cristã que ensina que Deus está por detrás de todos os eventos, sejam bons ou maus. Alguém que tenta "proteger" Deus não o conhece de fato e não tem uma noção correta de sua obra providencial. Se Deus não é o responsável último por todas as coisas que nos acometem, estamos todos nas mãos de quem? Do diabo? Ou o fatalismo começa a invadir nossas igrejas também? Esse tipo de dualismo deve desaparecer da mente dos genuínos cristãos, pois ele é uma grande injustiça aos ensinos da Escritura sobre a providência de Deus.

Extraído do livro "O Ser de Deus e as suas obras - A Providência e a sua realização histórica" - Editora Cultura Cristã
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A LEI E O EVANGELHO

















Por Ernest Kevan

Como meio de ajudar a memória de seus ouvintes, os pregadores dos séculos XII e XIII ocasionalmente produziam uma versificação dos seus sermões. Essas versificações dificilmente poderiam ser chamadas de poesia mas seu ritmo e rima auxiliavam grandemente na retenção das verdades contidas nelas. Ralph Erskine produziu uma rima desse tipo na qual indicou as visões puritanas do papel da Lei na vida do crente. Aqui está uma parte de um soneto de 386 versos que ele intitulou Os Princípios do Crente a respeito da Lei e do Evangelho. A Seção III é chamada A Harmonia entre a Lei e o Evangelho.


A lei é um tutor muito em voga,
Para o evangelho -graça um pedagogo,
O Evangelho para a lei não menos
Do que seu fim pleno para a justiça.

Quando outrora a lei ardente de Deus
Afugentou-me para a estrada do evangelho;
Então de volta à santa lei
Um evangelho -graça mais amável irá atrair.

Quando pela lei à graça sou disciplinado;
A graça pela Lei irá me governar;
Por isso, se eu não obedeço à lei,
Não posso manter o caminho do evangelho,
Obedeço, então, à lei:
E ambos em suas vestimentas federais,
E como uma regra de santidade.

O que no evangelho-tesouro é cunhado,
O mesmo na lei é prescrito:
Tudo o que as informações do evangelho ensinam,
A autoridade da lei alcança.

Aqui unem-se as mãos da lei e do evangelho,
O que este me ensina aquele comanda:
As virtudes com que o evangelho se agrada
As mesmas a lei autoriza.

E assim a lei-mandamento sela
Tudo o que o evangelho-graça revela:
O evangelho também para o meu bem
Sela com sangue tudo o que a lei demanda.

A lei mais perfeita ainda permanece,
E cada obrigação plena contém:
O Evangelho sua perfeição fala,
E então fornece tudo o que ela busca.

A lei-ameaça e preceitos, vejo,
Com o evangelho-promessa concorda;
Para o evangelho são uma cerca.
E este para eles uma subsistência.

A Lei justificará todo aquele
Que com o evangelho-resgate concorda;
O Evangelho também aprova para sempre
Todo aquele que obedece à lei.

Um mestre rígido foi a lei,
Demandando o tijolo, negando a palha;
Mas quando com a língua do evangelho canta,
Ordena-me voar e dá-me asas.

Extraído o livro "A Lei Moral", Editora Os Puritanos - Adquira o livro clicando no link www.puritanos.com.br
Meus comentários ao livro podem ser lidos AQUI