Num mundo de rápidas mudanças temos a tendência a nos adaptarmos ao ritmo imposto pelas mudanças e conceitos vigentes. Nada nos incomoda mais do que esperar. Chico Buarque já cantava: “a espera é difícil”. Queremos tudo "on line" em tempo real e isso dentro dos mais diversos segmentos de nossas vidas. Não suportamos esperar em um restaurante o tempo de preparo de uma refeição. Filas de bancos, cinemas e transportes nos causam irritação. Quantas vezes somos surpreendidos colocando palavras na boca da outra pessoa por ela ser lenta no raciocínio ou no falar? Jung já dizia: “a pressa não do é diabo, ela é o diabo”. Sim vivemos neste ritmo e achamos que tudo o que nos envolvemos deve entrar neste mesmo ritmo.
Quando falamos em comunhão com Deus e isso implica em intimidade sofremos um duro golpe, pois, a intimidade com Deus não se faz às pressas. Entendemos que para conhecermos a Deus bastam três momentos de oração. Café da manhã, almoço e jantar. Ficamos tão viciados nestes momentos que tudo se passa em menos de trinta segundos. Esses momentos nada significam senão nossa falência espiritual. Ninguém tem intimidade com outra pessoa fazendo o que fazemos em relação a Deus. Se todo o tempo dedicado às nossas famílias fosse o tempo dedicado a Deus, com toda certeza, não teríamos mais família.
O Senhor Jesus nos orienta a entrarmos em nossos aposentos de ali desfrutarmos da doce comunhão com o Pai. O ato de entrarmos em nossos lugares secretos simplesmente aponta para um distanciamento do ritmo frenético da vida e um adentrar consciente na intimidade do nosso maravilhoso Deus. O salmo dezesseis nos diz no versículo 11: “Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente”. Davi está nos mostrando o que ele vivia constantemente. Ele está nos dizendo que gozava as farturas de alegrias e as delicias de Deus, pois, elas estavam na intimidade dEle.
O profeta Jeremias escreveu aproximadamente 650 anos antes de Cristo: “Invoca-me, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes”. Também disse: “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.
A intimidade com Deus não é gerada por breves momentos de oração, mas através de tempo investido no estudo da Palavra, tempo investido em oração e na contemplação do Senhor. Deus fala conosco. Nossa intimidade com Deus não pode se constituir em um monólogo, mas em um dialogo. Deus disse que iria anunciar, revelar, proclamar coisas grandes e ocultas que não sabíamos. Os pastores vivem um sério dilema. Muitos acham que estudos teológicos são suficientes para a vida pastoral e eclesiástica. Estudar é algo fascinante e extremamente necessário, mas não é 100% do ministério. O academicismo sem piedade é um poço sem fundo. A fome do saber é inerente ao ser humano, mas esta fome desvinculada da piedade não é fonte de contentamento. Acredito que aquilo que Deus quer fazer em nós é muito superior àquilo que Ele pretender fazer através de nós. Somente entendermos um texto bíblico para pregarmos um sermão, nada acrescenta. Nós pastores precisamos entender o texto bíblico e nos alimentarmos dele primeiro, depois, através da oração, colocarmos Deus no sermão. Nós pastores precisamos ser orvalhados pela Graça de Deus em nossos aposentos secretos e depois trovejarmos nos púlpitos como boca de Deus. Existe uma máxima empregada para nós os pregadores: “Devemos afligir os que se sentem confortáveis e confortar os aflitos”. Nosso povo sente a diferença quando pregamos e mostramos a nossa intimidade com Deus.
A igreja se torna mundana quando perde sua intimidade com o Deus da Palavra e com a Palavra de Deus. Banaliza as verdades eternas e sacrifica os valores de Deus quando não mais cresce na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo.
Sem uma crescente intimidade com o Senhor nosso cristianismo não passará de religião morta e inoperante.
A INTIMIDADE COM DEUS NÃO SE FAZ ÀS PRESSAS.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Fonte: Força para Viver
Um comentário:
Pastor Luiz Fernando,
Parabéns pelo excelente texto, não pela incontestável clareza, mas pela verdade expressa tão cristalinamente.
Um grande abraço.
P.S.: Tenho batido insistentemente no meus blogs, as vezes mal compreendido, e tida como uma defesa simplória da ignorância, em desprezo ao conhecimento, o que de fato não foi nunca colocado por mim.
Irmão Jorge, parabéns por esse blog, menos conhecido que o Kálamos mas tão importante quanto.
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