Por Marcos David Muhlpointner
Quando eu era adolescente e comecei a entender as pregações nos cultos, havia pouca contextualização. O que isso significa? Pelo menos na igreja que passei a maior parte da minha vida, as pregações eram a compilação de alguns versículos com temas parecidos, uma pequena análise histórica daqueles textos e só. Não havia um aprofundamento nas questões que os versículos traziam.
A análise dos versículos não passava de superficialidades e ao contexto histórico em que o versículo estava inserido. Faltava uma aplicação prática à vida de cada crente. Não havia sequer a utilização de algum comentário, ou outro livro qualquer que pudesse ajudar o pregador a compreender melhor aquele texto. A literatura cristã ainda era muito incipente e a maioria dos livros era de testemunhos. Não havia à disposição livros doutrinários e expositivos.
Com o passar do tempo começaram a ser traduzidos livros expositivos, livros de sermões e livros que traziam uma análise mais aprofundada dos grandes temas da fé. E as pregações ganharam em qualidade. E muito. Havia mais riqueza, mais contextualização. A Bíblia "fazia mais sentido", porque, agora, eu percebia no meu dia a dia onde aplicá-la. Passei a aprender a entender a minha vida à luz da Bíblia. E o conhecimento nessa época explodiu nas igrejas. Eu perdia a conta de estudos bíblicos, livros e mais livros que usávamos na Escola Dominical. Foi uma época de muitos encontros e congressos, cheios de gente que queria estudar a Bíblia, conhecê-la e vivê-la.
Infelizmente hoje tem ocorrido uma situação estranha. Tenho visto vários livros publicados, de autores renomados no meio evangélico que têm se inspirado em outros autores que, há vinte anos atrás não apareciam na literatura evangélica. A fonte inspiradora desses autores evangélicos vai desde monges e freiras católicos até pensadores liberais dos seminários teológicos. E o que percebo é que pregadores de diferentes origens têm tido as mesma influências. Pentecostais, neo-pentecostais, batistas, evangélicos independentes, metodistas, presbiterianos têm usado autores e autoras católicos com muita desenvoltura.
E junto com esses católicos, os teólogos liberais estão sendo muito citados. Ainda que hajam diferenças entre os católicos, liberais e evangélicos, vejos esses últimos andando com os primeiros sem sentir nenhuma diferença. Apenas como exemplo vou usar Bultmann, um dos expoentes do liberalismo teológico e muito citado pelos pregadores. Para Bultmann a única informação histórica do Credo Apostólico é "[Jesus]padeceu sob Pôncio Pilatos." As outras declarações do Credo são invenções dos primeiros cristãos. Ora, como um autor desses pode ser usado como parâmetro nas pregações dos púlpitos evangélicos? A até autores, grandemente citados pelos pregadores atuais que consideram o Batismo e a Ceia dispensáveis!!! É incrível isso.
Diante disso, termino com algumas perguntas: onde vamos parar?, será mesmo que as nossas diferenças podem ser deixadas de lado?, será mesmo que a teologia evangélica não tem produzido conteúdo de qualidade?
Fonte: Texto gentilmente cedido pelo autor e disponível originalmente em Música, Ciência e Teologia
Um comentário:
Parabéns irmão,é isso mesmo que está acontecendo nos arraiais evangélicos, mas nós sabemos que é o fim dos tempos, tudo que você disse eu resumo como APOSTASIA.Continue sendo instrumento nas mãos do Senhor.
Graça e Paz.
Pr.Rosivaldo Aguiar
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