"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

08 janeiro 2011

Não seja igual aos outros













Por Jorge Fernandes Isah


Vi uma propaganda de um produto na internet em que a mensagem era exatamente esta: “Não seja igual aos outros”. Havia um apelo à diferença, ao não conformismo, a não se parecer ou ser uma repetição de outras pessoas.
No primeiro momento, pensei: “Puxa, é mais uma tentativa de se vender algo que não diferencia ninguém ou nada neste mundo... que pelo contrário, o fará parecido ou igual à maioria”. É claro que não somos inteiramente iguais, nem mesmo na família é possível encontrar pessoas idênticas. Não falo de clonagem, nem de uma massa de indivíduos fisionômica e psicologicamente análogos. Mas é que, cada vez mais os nossos comportamentos, gostos e vontades estão-se massificando. E a publicidade dos produtos, a fim de distingui-los, procura fisgar o consumidor com a idéia de exclusividade, ou quando muito, adentrá-lo a um grupo “seleto” de privilegiados.
Se o objetivo é conquistar o maior número de pessoas para a sua causa, consequentemente, um número maior delas se parecerá com outros adeptos catequizados pela mesma cartilha. No fundo, a idéia é vender, quanto mais a um maior número de pessoas, e nada melhor do que dizer que você é singular, e fazê-lo adquirir o produto como outros tantos milhões o farão, crendo no mesmo ardil.
É a prova do quanto há de insatisfação, pois, o que as sandálias da Gisele Bundchen ou a cerveja do “Zeca” ou o carrão do Kiefer Sutherland podem fazer para me transformar em alguém como eles? A Gisele é única não pelas sandálias. O Zeca, o Kiefer, idem. O que nos torna diferentes é exatamente a medida daquilo que Deus nos deu, e que deu a cada um. É possível que eu cante tão bem como o Chat Baker? Ou venda tantos softers como o Bill Gates? Ou componha como Bach? E jogue como o Cristiano Ronaldo? Talvez eu tenha até mesmo algumas das suas habilidades, talvez eles não tenham algumas das minhas; mas jamais serei eles, e vice-versa.
Deus deu a cada um [crente ou não] habilidades, dons e talentos que são exclusivos; não no sentido de únicos, de que apenas uma pessoa os possui, mas no sentido de que, no conjunto de nossas aptidões e características não há alguém como nós [é um milagre, visto que evidencia a nossa complexidade, e a impossibilidade de sermos apenas fruto do “acaso”]. E devo não apenas conformar-me, mas alegrar-me com aquilo que Ele me deu, sabendo que, segundo a Sua santa e reta vontade pode dar mais ou menos a quem Ele quiser.
O homem natural [e mesmo o crente] pode não se satisfazer com o que Deus lhe dotou, e cobiçar o que não lhe pertence, seja material, espiritual ou intelectual; incorrendo em pecado, pois, agindo assim, estamos dizendo que o Senhor errou ao não me capacitar como fez a outro. Isso vale para tudo, para todas as nossas insatisfações; e, devemos reconhecer que ao agir assim, estamos em flagrante oposição a Deus, que é perfeito, e não erra. Paulo afirmou: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” [1Tes 5.18].
Ao buscarmos ser como o outro, deixamos de encontrar em nós exatamente aquilo que Deus nos confiou, não para o nosso proveito próprio, mas para a Sua glória: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”[1Co 10.31].
Mas, em seguida, veio-me uma questão: “A Bíblia não afirma que devo ser como o meu Senhor Jesus Cristo?"... “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”[2Co 3.18]. Então percebi o quanto estava errado. E o quanto deveria anelar a conformidade do meu Senhor e Salvador, na expectação de um dia ser como Ele: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele [Jesus] se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”[1Jo 3.2]. Deus o Pai prometeu que seremos como o Seu Filho Amado, porque um dia Jesus Cristo se fez semelhante a nós [“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fl 2.6-7)], por amor a nós [Ef 5.2], para nos salvar da condenação eterna [At 4.10-12;Rm 5,8], e nos dar vida [Jo 20.31;Rm 6.23]; portanto, devemos buscar ardentemente parecer-nos com Cristo, e orar para que esse dia não demore, e possamos, como Paulo, dizer: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” [Gl 2.20]; e ainda: “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” [Cl 2.6].
E então, a Gisele, o Zeca e o Kiefer poderão ser iguais a nós, se assim aprouver a Deus, chamando-os para a Sua glória, onde todos seremos um só Corpo; sem nos preocupar mais em “não ser igual aos outros”

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