Por Natan de Oliveira
“Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.” Isaías 6.9
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De madrugada o menino Pedro acordou, tirou a jarra de suco da geladeira, encheu um copo, bebeu.
Sonolento, voltou a dormir e esqueceu a jarra de suco sobre a mesa da cozinha.
Pela manhã seu pai pergunta:
- Quem foi o responsável por este fato?
Ou talvez tenha perguntado assim:
- Quem que deixou a jarra de suco sobre a mesa?
Pedro não é considerado responsável pelo ato, devido ao fato de ele ter tido a liberdade de deixar a jarra ou não na mesa, mas ele é responsável, pois o fato se remete a ele, afinal foi ele quem deixou a jarra na mesa.
A responsabilidade se estabelece não por causa da liberdade de escolha que ele teve em guardar a jarra ou não.
A responsabilidade se caracteriza devido à ação do Pedro, e por isto ele é o responsável.
Mesmo tendo sido negligente (estava sonolento) em não guardar a jarra, mesmo assim é responsável pelo fato de a mesma não ter sido guardada.
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Este pequeno exemplo, procura explicar em palavras simples como que responsabilidade moral pode não estar associada à liberdade autônoma de escolha.
Somos responsáveis pelo pecado, e também somos responsáveis pelo correto agir, não porque temos liberdade de escolha entre as duas opções, mas simplesmente porque o pecado cometido foi feito por nós.
O Senhor perguntará:
- Quem foi o responsável por este pecado?
Ou talvez assim:
- Quem fez o pecado tal?
A pessoa que cometeu o delito, esta é a responsável.
Ele não vai perguntar se pecamos livremente ou não, mas sim se fizemos.
“Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo.“ Mateus 12.36
O problema é que a Bíblia declara que algumas coisas são pecados e outras não.
E mais, explica que o salário do pecado é a morte.
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Romanos 6.23
Deus facilmente poderia ter decretado diferente.
Friamente falando, a relação sexual entre marido e mulher é diferente entre a relação sexual entre solteiros?
Por que Deus disse que entre marido e mulher não é pecado e por que disse que a outra relação é adultério ou fornicação e abominação, se na essência elas são uma série de atos íntimos praticamente idênticos?
Por quê?
Ninguém sabe.
Deus desejou assim.
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu (Jesus), porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.” Mateus 5.27-28
Decidiu também punir os pecadores.
Desejou salvar muitos deles.
“Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” Romanos 9.22-24
A responsabilidade do pecado dos reprovados será punida por Deus.
A responsabilidade do pecado dos eleitos (aqueles que crerem no Evangelho) foi assumida por Deus na cruz através de Jesus Cristo, e a estes não será imputada punição, pois já foi aplicada em Cristo.
“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.” Romanos 8.33
Assim, num cenário de predestinação absoluta, que a meu ver, é o que a Bíblia ensina, mesmo que o homem não tenha livre-arbítrio, mesmo assim ele é responsável por todos os seus atos.
"Quem poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado? Não é da boca do Altíssimo que vêm tanto as desgraças como as bençãos? Lamentações 3. 37-38
Acho que ainda não consegui explicar como que responsabilidade não tem nenhuma ligação com liberdade de escolha...
Afinal o humanismo colocou na cabeça das pessoas que o homem só poderia ser responsável por alguma escolha, se ele fosse livre para fazê-la.
Para estes a predestinação retira a responsabilidade do homem.
Todavia vou continuar tentando achar formas simples de explicar tal assunto, que entendo ser o correto ensinamento da Escritura (O determinismo bíblico), mas que a minha mente ainda não dá conta de imaginar analogias simples que possam explicar.
Humanisticamente falando, algumas pessoas (o louco, por exemplo) são inimputáveis diante do Direito Penal, ou seja, um louco mata alguém, ele não sabe o que está fazendo, então não será punido... Mas mesmo sem ser punido ele ainda é o responsável, pois foi ele, o louco, quem matou.
Biblicamente falando, algumas pessoas (os eleitos) são inimputáveis diante do Julgamento Final, ou seja, estes eleitos também pecaram e são pecadores miseráveis, mas não serão condenados apenas pelo fato de que o próprio Deus pagou na cruz pelos seus pecados... Mas mesmo sem serem punidos, eles ainda são os responsáveis pelos seus pecados, pois foram eles que o fizeram.
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Isaías 53.5
Assim Deus, mesmo sendo soberano e tendo decretado todas as coisas antes da fundação do mundo, não é o responsável pelo pecado de ninguém, pois não é Ele quem peca.
Mas Deus é o pagador, o resgatador, aquele que por muitos diz: Por este Eu paguei com o meu próprio sangue, este Eu não punirei, não porque ele não mereça punição, ele merece, mas porque a sua punição já foi paga por Mim.
“Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo.” 1 Pedro 1.18-19
Uma vez pago, podemos até falar em responsabilidade, mas não se pode mais falar em punição ou novo pagamento.
Está consumado!
Está pago!
“E (Jesus) disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” João 19.30
Mesmo não tendo liberdade de escolha, mesmo sem livre-arbítrio, mesmo assim sou responsável por todos os meus atos.
Nas escrituras sagradas nós temos arbítrio, temos escolha, mas note que ela não é livre, não é um livre-arbítrio, nem mesmo uma livre-escolha, porque ou somos escravos do Pecado ou somos escravos de Deus.
Diante da escolha abaixo, qual será o caminho que um pecador escravo do pecado irá tomar?
“Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição...” Deuteronômio 11.26
Pode parecer diante do texto acima, que o pecador tem livre-arbítrio, todavia perceba que é apenas arbítrio, pois se você ainda é escravo do pecado, não irá de forma alguma escolher a vida (a benção).
“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” Romanos 8.6
Até mesmo para que o pecador possa escolher a vida, Deus precisa antes, vivificar o coração do pecador para que ele então tenha condições de fazer a escolha correta.
Aproxime-se de Deus.
Leia a Escritura, afinal como é que você vai saber se é escravo do pecado, se nem mesmo sabe o que é pecado ou não?
Nem mesmo sabe o que a Lei de Deus permite e o que proíbe?
“Escondi a Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Salmos 119.11
Se você chegou até aqui, parece que você tem fome em saber sobre a Verdade (Jesus Cristo).
É isto pode ser um sinal de que a salvação também pode ser sua... Será?
Quem é que sabe?
Tomara que sim.
Se você verdadeiramente crer na mensagem do Evangelho, isto será uma cristalina evidência que a salvação chegou sobrenaturalmente no seu coração, e neste caso, ainda és RESPONSÁVEL por todos os miseráveis e indizíveis pecados que você cometeu, mas a boa nova é que Jesus Cristo já levou sobre si cada um deles, que você está perdoado, e que agora é LIVRE para não mais pecar.
“Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.” João 5.14
Fonte: Reflexões Reformadas
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