"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

07 junho 2010

CFW, causas secundárias, etc





por Vincent Cheung
(Adaptado de mensagens de e-mail)
Para você, qual é a razão dos clérigos de Westminster terem declarado que Deus ordenou tudo quanto acontece, e mesmo assim, terem declarado que Deus não é o autor do pecado?
Ao que parece, como a maior parte dos teólogos, eles assumiram que causar o mal equivale a cometer o mal; logo, eles tinham de distanciar Deus do mal. Contudo, a suposição que metafisicamente causar o mal equivale a moralmente cometer o mal é falsa, sendo raramente sequer mencionada ou defendida. Ela é assumida de antemão, mas essas são duas questões distintas. Uma trata de como algo pode de fato acontecer, e a outra lida comas leis morais que Deus declarou para definir o que é bom e o que é mau. Se Deus não declarou que é algo mau ele próprio metafisicamente causar mal, como homens ousam dizer que fazer isto é algo mau?
Dizer que Deus não é o autor do pecado necessariamente significa que a sua soberania não pode ser direta e exaustiva. Que Deus seja totalmente soberano é algo que a Bíblia claramente ensina. Por outro lado, que Deus não seja o autor do pecado é algo que homens desejam sustentar em contrariedade à Bíblia. Assim, eles afirmam ambas as coisas, e a maior parte dos teólogos tenta contornar isso com decretos permissivos (mas o conceito não faz sentido), causas secundárias (mas Deus diretamente causa e controla essas “causas secundárias” ou não?) e compatibilismo (mas isto é irrelevante, já que se Deus controla todas as coisas, o ato de homens fazerem escolhas, assim como as próprias escolhas, são coisas também controladas por Deus, de modo que isso apenas pode significar que Deus é compatível consigo mesmo; logo, a ideia é um red herring que não remete à questão).
Quando você se recusa a aceitar o que é absurdo e pressiona o ponto, eles levantam suas mãos e chamam isso de mistério, e dizem que você é herético se insistir dizendo que a doutrina bíblica é clara. Mas se tal coisa é permitida, qualquer um pode defender uma dada posição, sobre qualquer assunto que seja, e simplesmente chamá-la de mistério.
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… a Confissão de Westminster, sobre causas secundárias e o autor do pecado: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”.
Creio que se uma pessoa é cristã e um pouco inteligente, e nos puséssemos a repetir “Se não é Deus a causa metafísica direta de algo, então é outra coisa” em sua face várias vezes, ela eventualmente perceberia o significado disso, e teria simplesmente a mesma repulsa e ficaria tão inquieta com a noção quanto nós. Mas talvez fé e inteligência sejam coisas raras, e sua combinação ainda menos provável.
No que diz respeito à causação secundária, já tratei do ponto diversas vezes. Se tudo o mais falhar, posso dizer que não escrevi os livros, mas que meu computador é que fez isso. O fato de que eu estava digitando no computador quando os livros apareceram não anula a autoria do computador ou sua responsabilidade moral, mas apenas a estabelece. Se a resposta é que o computador não é uma mente inteligente, mas um objeto sem vida, eu insistiria que Dual Core é superior a um pedaço de barro (Romanos 9). Em todo o caso, se a autoria divina é apenas muito distante (eu não fiz o computador, o software, e não faço ou controlo a eletricidade), Deus não poderia ser identificado tão claramente como o autor do pecado.
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… na Confissão de Westminster é declarado: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.”
Arthur W. Pink escreveu em um livro sobre a soberania de Deus: Mais uma vez, é preciso cuidadosamente ter em mente que Deus não decretou que Adão haveria de pecar, para então introduzir-lhe uma inclinação ao mal a fim de que seu decreto pudesse ser executado. Não; “Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1.13). Antes, quando a Serpente veio para tentar a Eva, Deus a fez recordar da sua ordem proibindo de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal e da punição relacionada à desobediência! Assim, embora Deus tenha decretado a Queda, em nenhum sentido foi ele o Autor do pecado de Adão, e em nenhum momento foi comprometida a responsabilidade de Adão. Assim, podemos contemplar e adorar a “multiforme sabedoria de Deus” em planejar um modo pelo qual seu eterno decreto pudesse ser executado, e ainda assim manter-se intacta a responsabilidade de suas criaturas.
Se estou certo, então eles precisam estar errados. A questão é, como eles podem estar certos sem cair em autocontradição ― que Deus controla todas as coisas, mas realmente não controla, que Deus causa todas as coisas, mas realmente não causa? O cristão reformado gosta muito de apelar ao “mistério”, “paradoxo” e “antinomia”, que são nada mais que termos mais ilustres e enganosos para dizer “Evidentemente, eu me contradigo, mas não me importo”. Em vez disso, parece-me que soberania divina é uma doutrina totalmente clara e coerente. É tão fácil de entender. Eu também já respondi ao mau uso quase universal de Tiago 1.13. Tentação e causação são duas coisas distintas; e o assunto é causação, não tentação.
Precisamos nos submeter aos ensinos diretos da Escritura e às suas necessárias implicações, e não às tradições e boas intenções dos homens.
Veja:
“Forçados a Crer” em O Autor do Pecado
“Blasfêmia e Mistério em Teologia” em Blasfêmia e Mistério
“Deus o Autor”
A Blasfêmia do Dualismo”
Veja também: http://www.vincentcheung.com/2010/01/18/so-which-is-it/ — a consequência necessária de afirmar as posições reformadas populares sobre diversos assuntos.

Tradução: Marcelo Herberts

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