"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

18 dezembro 2009

Lutero e a Bula de Excomunhão

“Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito” (Êxodo 20.3).













 Pr. Marcos Antônio Ferreira*
  
O dia 10 de dezembro, passado na última quinta-feira, é uma data muito importante na história da igreja cristã. Nesse dia, em 1520, o ex-monge agostiniano Martinho Lutero queimou em praça pública, em ato simbólico, a bula papal que o excomungava da Igreja Católica Romana. Esta ação de Lutero tem um significado muito importante para a igreja em todas as épocas. Antes de tudo, significa que a consciência de todos os cristãos não está cativa a instituições terrenas, nem a suas autoridades, mesmo que se proclamem os donos da verdade e sustentem que seus atos são feitos em nome de Deus, em nome de Jesus, ou na autoridade do Espírito Santo. Isto quer dizer que, individualmente, todo cristão sincero e comprometido com os valores e propósitos do reino de Deus é um sacerdote e profeta na Casa de Deus, conclusão derivada de um dos fundamentos doutrinários da Reforma – o sacerdócio universal dos crentes.

  O sacerdócio universal dos crentes foi uma doutrina que Lutero e os demais Reformadores nos legaram, mas que sempre esteve implícita em toda a Escritura Sagrada e mais explícita ainda no Novo Testamento. Porém, a igreja medieval a obscurecia sob o manto das autoridades episcopais e de sua hierarquia sacerdotal. Os bispos e seus concílios se achavam acima do bem e do mal, inquestionáveis sob todos os ângulos. Os motivos da excomunhão de Lutero foram suas ousadas publicações e suas conseqüências naturais. Começou com as 95 teses contra a venda das indulgências e prosseguiu com diversos livros que conclamavam o povo cristão a se submeter somente à autoridade das Escrituras. Se Lutero não tivesse a consciência de profeta e fosse primeiro pedir licença a seus superiores hierárquicos para publicar suas obras, não seria ele o grande pivô da revolução que a História denominou de Reforma.

  Por isso, todo o povo de Deus pode ser profeta. Uma das funções principais do profeta é denunciar o erro, o pecado, sem pedir licença a ninguém, mesmo se os transgressores sejam os que usam como escudo seus ofícios eclesiásticos e pomposos títulos de “ungidos do Senhor”, como se só eles o fossem. Infelizmente no meio evangélico essa tal síndrome de “ungidos do Senhor” em exclusividade vem tomando corpo por grande influência do pentecostalismo e seus afluentes. Mas nenhum cristão pode perder a visão de estar sempre alerta contra desmandos e negligências de lideranças frequentemente apenas preocupadas com a manutenção de suas vaidades, inclusive e principalmente as vaidades espirituais alimentadas pela síndrome dos “ungidos do Senhor”.

Nota: * Texto gentilmente cedido pelo irmão e amigo Marcos A. Ferreira,  pastor presbiteriano em Campos - RJ. 

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