"A Verdade não precisa de defesa; por si mesma ela se defende. A Verdade precisa ser proclamada!"

31 março 2012

O primeiro culto protestante das Américas


Essa história meus livros dos tempos de escola não contaram; talvez por desinteresse, talvez por ignorância... Mas o episódio ficou registrado pela historiografia dos povos que interagiram com o desenvolvimento da história da nação brasileira. Pela importância documental, pela coragem de vir tão longe pregar o Evangelho, pelo testemunho de fé, por tudo que representa e pode representar para a fé protestante no Brasil, desejo, sinceramente, que este episódio nunca mais seja esquecido.

Como essa história começou
O primeiro Culto protestante das Américas foi celebrado, muito provavelmente, no Brasil. Justo no país que ficou historicamente tão marcado pela influência de uma colonização católica-romana-jesuita.

Em tempos remotos, poucas décadas após o controverso descobrimento destas terras conhecidas como Brasil, houve uma tentativa de se estabelecer uma pequena colônia francesa no Rio de Janeiro. Naquela época tanto os portugueses quanto os franceses constantemente visitavam a costa[1] estabelecendo contato com os “selvagens” locais para negociar, principalmente, a extração do pau-brasil.

Esse projeto colonizador, também conhecido como a França Antártica, teve suas peculiaridades. O jovem aventureiro e vice-almirante francês Nicolas Durand de Villegaignon (1510 -1571), com o apoio do próprio rei da França Henrique II, aceitou o desafio de estabelecer uma colônia no Brasil chegando ao Rio de Janeiro em 1555. O nível moral e religioso da recém-estabelecida colônia era preocupante; Villegaignon decidiu “importar” franceses de boa índole para influenciar os que por aqui já haviam chegado.

Villegaignon escreve uma carta[2] a um antigo conhecido, o reformador João Calvino, que envia 14 huguenotes (nome dado aos protestantes calvinistas na França) que chegam ao Brasil no dia 7 de março de 1557. No grupo destaca-se a presença de 2 pastores e a do o jovem Jean de Léry (na época com 22 anos) estudante de Teologia, que atuou como sapateiro na Colônia. Após o regresso dramático para a França Léry escreve a obra Histoire d’un voyage faict en la terre du Brésil publicado na Europa em 1578, que se tornou um livro de “viagens e aventuras de grande sucesso” no Velho Continente, rapidamente traduzido para o latim, alemão e holandês. No Brasil com o título Viagem à terra do Brasil, foi publicado em 1980 pela EdUSP. Esta é a principal obra que nos traz o relato dos protestantes (calvinistas) que perderam a vida em defesa da fé bíblica no Brasil Colonial. Nesta obra também estão registrados dois cantos tupis, que os historiadores consideram o documento escrito mais antigo da música ameríndia.

Calvinistas no Brasil Colonial parte I: O primeiro culto protestante
Apesar de o termo “missionário” ainda não estar em voga no vocabulário evangélico do século XVI, talvez este tenha sido o primeiro movimento missionário em direção ao Novo Mundo. Motivados pela promessa de “fundar um puro serviço a Deus” esses homens estavam dispostos a cruzar o Oceano, convictos de que sua finalidade era “anunciar o Evangelho na América”[3].

Acolhidos com receptivas palavras de Villegaignon, os calvinistas chegaram ao Brasil numa quarta-feira, dia 10 de março de 1557, e neste mesmo dia realizam um culto descrito por Léry como em conformidade com ritual das igrejas reformadas da França[4]. Na ocasião cataram o Salmo 5, e o pastor Pedro Richier, integrante do recém-chegado grupo, realizou a pregação com base no Salmo 27 “Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida”. Não sabiam eles que haviam acabado de realizar “o primeiro culto protestante da história do Brasil e do Novo Mundo”.[5]

Calvinistas no Brasil Colonial parte II: A primeira celebração protestante da Ceia do Senhor
Conforme nos informa Jean de Léry, o almirante Villegaignon não apenas consentiu que se realizassem orações públicas todas as noites após os trabalhos de edificação do Forte, mas também ordenou que os pastores pregassem duas vezes aos domingos, que os sacramentos fossem administrados de acordo com a pura Palavra de Deus, e que, se necessário fosse, se aplicasse a disciplina eclesiástica. Por isso, no dia 21 de março de 1557, pela primeira vez foi celebrada a Santa Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo (nos moldes da igreja protestante), em território brasileiro.

Calvinistas no Brasil Colonial parte III: Um testemunho que entrou pra história “A Confissão de Fé de Guanabara”
Para justificar a condenação dos calvinistas por heresia, Villegaignon os forçou a responderem um questionário. Aprisionados, de posse de uma bíblia, e em algumas poucas horas, elaboram um documento que entrou pra história como uma das mais antigas e emocionantes confissões de fé cristã.

O documento “A Confissão de Fé de Guanabara” foi escrito em Latim com tinta feita de pau-brasil e é composto de 17 artigos enfaticamente iniciados, em grande parte, com a expressão “Cremos...”. Tais artigos podem ser divididos nos seguintes temas: (1-4) Trindade e a pessoa de Cristo; (5-9) Ceia e Batismo; (10) o livre-arbítrio; (11, 12) a autoridade dos ministros para perdoar pecados e impor as mãos; (13-15) casamento, divórcio e castidade; (16, 17) intercessão dos santos e oração pelos mortos.[6]

Alguns pequenos detalhes nos chamam a atenção na elaboração deste documento: 1) Jean Du Bourdel, que foi o redator, apesar do conhecimento do latim, não possuía uma formação formal em teologia; era leigo. 2) O pouco tempo que tiveram para produzir o texto (aproximadamente 12 horas). 3) Pouco recursso disponível – uma bíblia –, e a situação totalmente adversa: a prisão, a pouca luminosidade e a pressão de saber que aquele documento representaria – talvez – a própria sentença de morte. 4) A familiaridade com os Pais da Igreja; são citados Agostinho, Tertuliano, Ambrósio e Cipriano. 5) A solidez teológica do documento que se harmoniza com as principais confissões da fé bíblico-reformada.

Calvinistas no Brasil Colonial parte IV: Os primeiros mártires protestantes da história do Brasil
O almirante Villegaignon logo foi visto como um fingido, que inicialmente demonstrava piedade e disposição para acolher com ternura paternal os calvinistas, mas logo submeteu os visitantes a um cotidiano de trabalhos forçados e condições de difícil sobrevivência. E, repentinamente, todo o fervor pela fé reformada se converteu em perseguição religiosa com radicais discordâncias, principalmente, acerca do sacramento da Santa Ceia; o almirante passou a, enfaticamente, advogar em favor dos dogmas do catolicismo romano, exigindo uma retratação dos calvinistas.

Para o almirante, Cristo estava fisicamente presente na Ceia, era necessário adicionar água no vinho da Ceia, e sal na água do batismo. Calvino e seus seguidores foram declarados hereges.

Para tentar escapar da crescente perseguição os protestantes franceses fugiram do Forte e tomaram uma embarcação rumo a França. A superlotação do modesto navio quase provoca um naufrágio ainda na costa do Rio de Janeiro, e, temerosos, 5 huguenotes (Pierre Bourdon, Jean Du Bourdel, Matthieu Verneuil, André la Fon e Jacques Le Balleur) resolvem não seguir viagem. Encontrados por Villegaignon, são aprisionados para serem executados como hereges, mas antes lhes foi exigido declarar sua fé por escrito.

Na obra Los Mártires de Guanabara. Barcelona: CLIE, 1979de John Gillies, encontramos uma das descrições mais emocionantes do martírio destes irmãos em Cristo:
A situação, após a retirada dos encarcerados da prisão, se tornou mais tensa; não sabiam para onde estavam sendo dirigidos, contudo tinham certeza de não estarem em caminho da casa do almirante, pois passaram reto ante a porta frontal e seguiam caminhando sobre as rochas rumo ao cume nordeste da ilha.
Estavam todos cientes de que haviam arriscado suas próprias vidas ao terem escrito aquela confissão, mas pensavam que o máximo que poderia ter acontecido era terem sido lançados ao cárcere por algumas semanas, e, no piro dos casos, o exílio; o que era destino comum àqueles que estivessem em desacordo com o almirante.

A ordem de ficarem em silêncio não foi plenamente obedecida, ao invés disso, Bourdel começou a cantar, uma paráfrase do salmo 100. Logo em seguida o almirante Villegaignon questionou Jean Du Bourdel se ainda permanecia firme em suas idéias, este, porém, parecia mais firme que nunca e exortava-os a que permanecêssemos firmes e inabaláveis e a que reconhecessem que no Senhor todo labor não seria em vão.
A uma ordem alguns grandes sacos foram colocados à disposição dos algozes, sacos estes que o próprio La Fon havia costurado. Bourdel foi, de cima para baixo, ensacado e amarrado à cintura, conduzido até a ponta do rochedo, e, com um forte empurrão, arremessado ao mar; caiu em água. O golpe do corpo na água foi possível de ser ouvido de cima do cume, onde estavam os outro que certamente teriam o mesmo destino.

Deste pequeno grupo que resolveu não seguir viagem três (Pierre Bourdon, Jean Du Bourdel e Matthieu Verneuil) foram executados sob as ordens do tirano almirante. 

Escrito por Rev. Adenauer Lima
Postado por Adilson Marcos

Notas:
[1] É sabido que os franceses se faziam presentes na costa brasileira desde 1504; de forma dispersa e desorganizada contrabandeavam principalmente madeira (Vd. RODRIGUES, José H. História da História do Brasil: 1ª parte: Historiografia Colonial. 2ª Ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, p. 38). Tais incursões geraram dois grandes frutos: 1) O estabelecimento de Forte Frances no Rio de Janeiro por volta de 1555; 2) A fundação da cidade de São Luís do Maranhão em 1612. Em ambos os casos a presença francesa foi rechaçada pelos colonizadores portugueses.
[2] Para informes documentais mais precisos, consultar o artigo do Dr. Francisco L. Schalkwijk, O Brasil na Correspondência de Calvino in:Fides Reformata, IX, n° 01, 2004.
[3] LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil in: Coleção Reconquista do Brasil, (Belo Horizonte: Itatiaia & Edusp, 1980). p. 56.
[4] LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil in: Coleção Reconquista do Brasil, (Belo Horizonte: Itatiaia & Edusp, 1980). p. 86.
[5] Alderi Souza de Matos no texto de apresentação da obra A tragédia de Guanabara de Jean Crespin, p. 11.
[6] Cf. Alderi Souza de Matos no texto de apresentação da obra A tragédia de Guanabara de Jean Crespin, publicado pela Editora Cultura Cristã em 2007. Nesta obra é possível encontra o texto integral da “Confissão de Fé de Guanabara”.

24 março 2012

Aterrorizante



Por Natan de Oliveira

A vida de Pedro foi passando, correndo e fugindo rapidamente.
Alguns dias foram interessantes, outros chatos e efêmeros.

A única sensação que ficou cada vez marcada na mente de Pedro é que parece que as coisas foram rápidas demais.

Parece que ontem mesmo Pedro tinha 18 anos, num “segundo” se viu aos 30, os 40 chegaram com igual rapidez, nunca imaginou que chegaria aos 70, e mesmo assim os 70 chegaram tão rápido quanto os 40.

A sensação de eternidade que estava no coração de Pedro começa a tremer nas bases.

Então um dia Pedro acordou, meio desanimado, meio depressivo.
E com a cabeça ainda no travesseiro, coloca na balança sua vida e constata que não foi digno e honrado em nada AOS OLHOS DE DEUS.

Seu nome em duas gerações estará completamente esquecido da memória dos vivos, sobreviverá talvez apenas em livros.

Nem mesmo uma alma sequer dos que viverem em 200 anos no futuro estará disposta a limpar ou tirar o mato que se acumulará na sua sepultura.

Se é que terá uma sepultura, se é que os seus ossos não serão varridos para um canto qualquer e o seu espaço dado a outro corpo de um outro ser insignificante como ele Pedro foi.

Uma profunda decepção se apodera de Pedro.
Faltou amar...
Faltou conversar...
Faltou humor...
Faltou tanta coisa...
Mas principalmente faltou considerar seriamente a possibilidade de se encontrar com Deus um dia e prestar contas da sua vida fútil.

O sucesso tão sonhado não chegou para Pedro e quando pareceu que tinha chego, foi ilusório e passageiro...

A riqueza tão buscada não veio nem pelo trabalho nem pela sorte, e Pedro imagina que se tivesse vindo, apenas o ocuparia ainda mais com coisas sem importância e na satisfação de deleites insaciáveis e egoístas.

Tudo parece ter dado errado.

E numa certa manhã o médico lhe diz claramente que não viverá muito mais tempo.
Tem câncer e está em estado terminal.
A Pedro só serão dados cuidados paliativos e remédios para a dor.

Estes remédios irão aliviar-lhe de alguma dor, mas trarão o efeito colateral de ir parando os seus órgãos aos poucos.
Logo, logo nem consciência terá, e até mesmo nas suas reflexões incoerente será.

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O cenário acima é hipotético...
Pedro é um personagem imaginário.
Mas nem tanto...

E então...? Diante de uma situação semelhante a essa, que farias?
O que Deus tem para nos dizer num cenário semelhante?

Deus nos diz claramente "PREPARA-TE PARA TE ENCONTRARES COM TEU DEUS" Amós 4.12

Saiba que não irás caminhando até Deus, mas serás levado e se necessário arrastado contra a tua vontade diante Dele te apresentarás.

Diante Dele estarás totalmente “nú”.
Nada escapará aos olhos de Deus.
Os livros serão abertos, e todos os malditos e indizíveis pecados que fizestes serão lidos diante de Deus.

Nenhum só pensamento oculto será esquecido, nenhum só segredo oculto será deixado no rodapé da leitura da tua biografia que estará completamente escrita e pormenorizada sendo lida na presença do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, o juiz perfeito, santo, imaculado.

O mais ridículo, o mais nojento pecado, a mais estúpida ação, todas e todas serão listadas e mesmo aquelas que tu não mais te lembravas, estarão cristalinas sendo apresentadas diante de ti e de Deus.

Os livros da tua vida, abertos e lidos, nada ocultarão.

Depois do que for lido nos livros, terás absoluta certeza que não haverá como escapar das mãos Daquele que tem poder de tanto matar o corpo quanto de lançar a tua alma no inferno.

Então Deus Filho, Jesus Cristo, Ressurreto, Santo, Justo, Imaculadamente e Ofuscantemente Branco abrirá sua boca e te perguntará?

- Que fizeste de Mim, de Jesus, chamado o Cristo?

Tentarás falar, mas a voz não sairá.
Os livros responderão.

E lá surgirão todas as vezes que adiastes responder ao chamado do Senhor.

Lá serão lidas todas as vezes que usastes o nome de Deus em vão.

Lá serão lidas todas as vezes que diminuístes a glória e divindade de Jesus nomeando-o como meramente mais um profeta.

Todos os dias em que dormistes sem ter orado ao Criador serão contados e proclamados, dias em que dedicastes tempo para um amontoado de coisas sem importância e no qual não sobrou nenhum tempo para orar, pois estavas muito ocupado durante o dia, e depois muito cansado para orar antes de dormir.

Lá serão lidas as horas e horas que gastastes em jogos de computador inúteis, onde na tua juventude dedicavas horas e horas do dia para explodir cabeças de supostos bandidos e soldados virtuais, destes jogos sanguinários que não tem outra função que não seja ocupar-te plenamente para te conservar para o inferno, numa vida medíocre sem Deus, sem Jesus.

Lá serão lidas as horas e horas que você passou meditando em pornografia e coisas indizíveis, que nem mesmo você teria coragem de que filmes dos teus pensamentos fossem mostrados para algumas pessoas próximas de ti, que dirá então que estes filmes sejam passados diante de ti e de Deus.

Não terás a menor coragem de fitar os olhos no Senhor, depois que os livros desvendarem e desnudarem a podridão da tua mente.

Tentarás desviar o olhar, mas como que com as pálpebras fixas por grampos, não poderás piscar e os olhos de Deus te observarão o tempo todo, e tu ficarás mudo, sem defesa, nú, perdido, implacavelmente perdido.

Saibas de uma grande verdade: Em todo e qualquer minuto da tua vida você está na presença de Deus.

Ele te observa nos mínimos detalhes.

Tua vida demonstra desprezo pelo Senhor?
Ignoras levianamente que Ele te observa o tempo todo?

Desprezo pelo Senhor, indiferença pelo seu chamado, negligência para com o Evangelho, incredulidade para com a Sua morte, ressurreição e poder.

Então novamente Deus Filho, Jesus Cristo, Ressurreto, Santo, Justo, Imaculadamente e Ofuscantemente Branco novamente abrirá sua boca e te sentenciará!

- Aparta-te de mim, praticante de iniquidades. Vá para onde o fogo nunca se apaga e o terror mental, psicológico, real e latente, nunca se desvanece.

Contra a tua vontade então, serás jogado no lago de fogo, e tua companhia será o diabo e seus anjos.

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Se você não crê que isto ocorrerá com muitos e muitos, nem sei por que você se dá ao trabalho de ler um texto assim até o seu final.

Mas se o texto faz algum sentido para você...

Por menor que seja o sentido que faça, ouça novamente o que agora escrevo em maiúsculo:

Enquanto há tempo, Deus nos diz claramente "PREPARA-TE PARA TE ENCONTRARES COM TEU DEUS". Amós 4.12

Viva de tal forma que quando os livros forem abertos, quando a tua biografia for lida, não tenhas que te envergonhar diante de Deus.

Viva de tal forma que o sangue de Jesus seja encontrado diante da tua fronte, e páginas e páginas da tua biografia estejam lacradas e ilegíveis com o lacre do "Mar do Esquecimento" da mente de Deus.

Assim não serás envergonhado e confrontado com as nojentas coisas que tu fizestes, pois elas terão sido todas ocultadas pela tinta do Sangue do Cordeiro Imaculado que na cruz pagou o preço do resgate da tua alma.

Poderás estão ouvir do Senhor:

- Venha bendito e amado, tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber, estive preso e me visitaste, não desprezaste o Meu nome, o Meu chamado atendeste, uma vida de santificação crescente viveste, vem... Entra na alegria do teu Senhor e participa eternamente da Minha companhia em desfrutar de novos céus e nova terra.

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.

Não tornes o dia do teu julgamento em um dia aterrorizante para ti.

Ainda há tempo para converteres o teu desprezo e a tua indiferença pelo Senhor em uma vida de gratidão e crescente santificação.

“Prepara-te para te encontrares com o Teu Deus”. Amós 4.12

16 março 2012

Uma mulher brasileira denuncia a verdade sobre o Aborto no Congresso



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Leia também: Brasileiros Pelo Direito de Decidir contra a Vontade da Fundação Ford
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Quem é ela? A brasileira comum que representou a cada um de nós, no vídeo acima, escreveu para este blog contando um pouco sobre sua reação ao saber da divulgação do vídeo e demonstrando ainda mais suas convicções pró-vida.
(...)
Sem mais, com vocês: Renata.
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Meu nome é Renata Gusson Martins, tenho 30 anos, sou de São Paulo, e sou eu a mulher que se pronunciou no vídeo repercutido pelas redes sociais, no qual falo sobre a defesa da vida. Pra mim está sendo uma surpresa tudo isso, o alcance das minhas palavras durante reunião transmitida pela TV Senado no dia 08 março, Dia Internacional da Mulher, direto da Subcomissão Permanente em Defesa da Mulher (CDHSPDM).

Eu sou uma cidadã brasileira comum, casada, mãe, profissional… Apenas mais uma entre milhões de mulheres que fazem o Brasil. Para mim, toda essa divulgação que a mensagem em defesa da vida ganhou nesses dias é a confirmação evidente de algo muito interessante: acredito que, na verdade, servi de porta-voz para um batalhão de mulheres (e homens também) que, se estivessem naquele mesmo lugar e momento, teriam dito coisas semelhantes às que eu disse.

No fundo é o que toda gente de bem faria! É o que noto com os “aplausos” e tantos comentários favoráveis. Tive a nítida impressão que minhas palavras somente puderam encontrar eco nos corações e nas mentes porque esses mesmos corações e mentes carregam em si o respeito pela vida e o rechaço veemente ao aborto.

Eu quero contar como tudo isso aconteceu.

Na semana passada eu estive em Brasília com o intuito de participar da reunião da subcomissão na data em que civilmente comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Quis estar lá para expressar àquelas que deveriam nos representar, no Congresso Nacional, que qualquer política pública que nos pretenda dizer que “só seremos felizes e livres” no dia em que tivermos acesso total ao aborto, é frontalmente contrária ao genuíno bem-estar da mulher brasileira.

Acredito que o dia em que se disser a uma mulher “negra e pobre” que o melhor que a saúde pública pode lhe oferecer é a possibilidade de matar seu filho indefeso da mesma forma que “brancas e ricas” fazem em clínicas particulares sem ter que arcar com o ônus criminal e ser tratada de forma “humanizada”, será o dia mais cruel e perverso para ela, pois será ela a que mais será convencida a abortar seus filhos “negros e pobres” indesejados pelo Establishment.

E essa não é uma compreensão nova para mim. Sempre fui contrária à prática do aborto! Mas, em 2010, especialmente durante o período eleitoral, eu comecei a interessar-me mais pela questão e fui conhecendo melhor – naqueles conturbados e inesquecíveis dias dos meses de setembro e outubro de 2010 – a verdadeira dimensão do que significa a “estratégia abortista”.

Lembro-me que estudei diversos documentos disponibilizados na própria internet, e que explicam o papel fundamental das Fundações Ford e MacArthur, entre outras, na promoção do aborto no Brasil e nos demais países da América Latina.

Li, com muito interesse e surpresa, como o caso da menina de Alagoinha (PE) – estuprada e grávida com apenas nove anos de idade – foi usado propositalmente por ONGs feministas pró-aborto – com o respaldo de uma parcela bastante significativa da mídia brasileira – para “comover” a opinião pública e ajudar no debate favorável à descriminalização do aborto.

Durante a leitura dos documentos procurei averiguar os diversos links que eles ofereciam e, para meu espanto, tudo ia se confirmando e cheguei à conclusão de que toda essa “conversa” de saúde e direitos sexuais e reprodutivos não se trata de outra senão a legalização total e completa do aborto em todo o mundo que, num futuro não tão distante, viria a ser declarado como um direito humano pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A legalização do aborto não se trata de um “progresso dos tempos”, como nos querem fazer acreditar. Não é algo como dizer que antigamente as mulheres não votavam, não trabalhavam fora de casa e hoje o fazem, logo, hoje devem ter direito ao aborto como apenas mais uma aquisição de direito
Não, não e não!
O que se verifica é que esse movimento aparentemente natural está sendo propositalmente financiado e conduzido. E nós não podemos deixar de notar que é extremamente genial.

Estão usando as próprias mulheres para lutarem pelos “direitos” da mulher. Ora, que pessoa em sã consciência deixaria de achar justo que uma mulher queira angariar direitos para si e suas demais concidadãs?

É por isso que encontramos juristas e tantos outros homens que acreditam que o aborto deva ser legalizado porque é uma “luta da mulher”. Realmente fica parecendo que é a mulher quem, espontaneamente, se deu conta que deve ter acesso ao aborto legal. Entretanto, ela está sendo apenas manipulada para agir assim.

Foi isso que eu quis frisar na reunião da Subcomissão de Defesa da Mulher. Infelizmente o tempo foi muito curto e não havia a mais remota possibilidade de abordar esse problema de modo mais profundo.

Faltou tempo para falar que corremos um risco iminente de vermos solapados os valores verdadeiramente democráticos de nossa nação, uma vez que – pasmem! – 16 juristas decidiram, contrariando mais de 80% da população do Brasil, que o aborto deva deixar de ser crime em diversas situações.

Estou falando sobre a aprovação do anteprojeto de reforma do Código Penal feito pela comissão de juristas indicados pelo Senado. Eu realmente me pergunto como é possível que o destino de milhões de brasileiros inocentes possa estar na mão de 16 (dezesseis!) pessoas que, com a maior ligeireza e aparente surdez à grande manifestação pró-vida presente à audiência, votaram “a toque de caixa” pela descriminalização do aborto.

Diante de tudo o que disse, eu gostaria de dirigir um “apelo a todos os brasileiros e brasileiras” para que, primeiramente, estudem e se aprofundem no assunto. Sem conhecimento não é possível defender a vida nos dias atuais.

Importa não desanimar e saber que contra a ideologia temos que usar copiosamente da palavra. A palavra é como a roupa do pensamento! A mim, me parece que o futuro e o destino da defesa da vida passam pela maior difusão e conhecimento possíveis das inúmeras peças do enorme quebra-cabeças da “cultura da morte”.

Gostaria de concluir essa breve apresentação que tantos pediram fazendo um convite. Convido você que é comprometido com a defesa da vida humana, e mesmo você que talvez tenha se deparado somente agora com essas informações e que pode estar impressionado com tudo o que disse agora, a acessar os links desta mensagem e imprimir os documentos.

Comece a empreender um estudo sério e comprometido dos mesmos. Da sua atuação pode depender a vida de muitos brasileiros e outros latino-americanos. Parece demagogia, mas esteja certo de que não é. Forme grupos de estudo, faça reuniões para aprofundar o tema. Há bastante material sério para ajudá-lo nessa tarefa.

E se puder pedir algo mais, eu pediria a você que acompanhasse o trâmite da defesa da vida especialmente no Senado, com a reforma do Código Penal. Talvez seja necessário que muitos de nós nos dirijamos a Brasília em dias-chave para impedir o genocídio.

Se isso vier a acontecer, peço insistentemente que você não pense que “uma andorinha não faz verão”. Talvez seja você aquela andorinha que, junto com outras, possa fazer o mais lindo dos verões: o verão da vida assegurada em seu início como um direito de todos os brasileiros.

Muito obrigada pelo carinho de todos, pela atenção e pela divulgação do vídeo. Façamos a nossa parte para que mais pessoas tenham acesso à verdade sobre o aborto.


Fonte: Casal 20

11 março 2012

A Impossibilidade de Ateísmo Real



Por João Calvino

Isto, sem dúvida, será sempre evidente aos que julgam com acerto, ou, seja, que está gravado na mente humana um senso da divindade que jamais se pode apagar. Mais: esta convicção de que há algum Deus não só é a todos ingênita por natureza, mas ainda que lhes está encravada no íntimo, como que na própria medula, que a contumácia dos ímpios é testemunha qualificada, a saber, lutando furiosamente, contudo não conseguem desvencilhar-se do medo de Deus.

Ainda que Diágoras, e tantos como ele, através de todos os séculos, zombeteiramente motejem de tudo quanto diz respeito à religião, e como Dionísio tem ridicularizado o juízo celeste, esse não passa de um riso sardônico, pois que em seu interior o verme da consciência rói mais pungente que todos os cautérios.

Não digo o que Cícero dizia, que com o correr do tempo os erros se tornam obsoletos; enquanto que, com o passar dos dias, mais cresce e melhor se faz a religião. Ora, o mundo, como pouco adiante se haverá de dizer, tenta quanto está em seu poder alijar para bem longe o conhecimento de Deus, e de todos os modos corrompe-lhe o culto. Afirmo simplesmente isto: enquanto na mente se lhes enlanguesce essa obstinada dureza que os ímpios avidamente evocam para repudiarem a Deus, no entanto cobra viço, e por vezes medra vigoroso, esse senso da divindade que, tão ardentemente, desejariam fosse ele extinto. Donde concluímos que esta não é uma doutrina que se aprende na escola, mas que cada um, desde o ventre materno, deve ser mestre dela para si próprio, e da qual a própria natureza não permite que alguém esqueça, ainda que muitos há que põem todo seu empenho nessa tarefa.4

Portanto, se todos nascem e vivem com essa disposição de conhecer a Deus, e o conhecimento de Deus, se não chega até onde eu disse, é caduco e fútil, é claro que todos aqueles que não dirigem quanto pensam e fazem a esta meta, degeneram e se apartam do fim para o qual foram criados.5 Isto não foi desconhecido nem aos próprios filósofos. Ora, Platão6 não quis dizer outra coisa, visto que amiúde ensinou que o sumo bem da alma é semelhança com Deus, quando, apreendido o conhecimento dele, toda nele se transforma. Daí, muito a propósito, nos escritos de Plutarco arrazoa também Grilo, quando afirma que os homens, uma vez que a religião lhes seja ausente da vida, não só em nada excedem aos animais, mas até em muitos aspectos lhes são muito mais dignos de lástima, porquanto, sujeitos a tantas espécies de males, levam de contínuo uma vida tumultuária e desassossegada.

Portanto, o que os faz superiores é tão-somente o culto de Deus, mediante o qual se aspira à imortalidade.

Notas: 4. Primeira edição: “Donde concluímos que não é matéria que se haja primeiro de aprender nas escolas, mas de que desde o ventre cada um é mestre a si [próprio] e de que não sofre a própria natureza alguém se esqueça, inda que, com todas as forças, muitos isso intentem.”
5. Primeira edição: “Logo, se todos foram nascidos e vivem nesta condição, [isto é,] para conhecerem a Deus, mas, a não ser que a este ponto hajam [ele] de chegar, difuso e evanescente é o conhecimento de Deus, é evidente que da lei de sua criação aberram todos estes que a este escopo não destinam os pensamentos e ações todos de sua vida.”
6. Fedon e Tecleto.

FONTE: INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ - VOL. I - PG. 55-56 - EDITORA CULTURA CRISTÃ

06 março 2012

Efésio 1.4 (parte3) - Determinismo Bíblico - Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 04.03.2012



Por Filipe C. Machado


"Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo" (Ef 1.4 - grifo meu).

As Escrituras são claras: "antes da fundação do mundo". Não há quem possa negar esse termo, seja por vã pretensão ou por ignorância. Mas visto que os homens esquecem-se facilmente daquilo que leem, ouvem e por vezes até mesmo aprendem, o Senhor proveu ainda outros testemunhos de como esse entendimento é de suma importância para a vida cristã:

- "Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras" (At 15.18 - grifo meu).
- "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25.34 - grifo meu).
- "Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo" (Jo 17.24 - grifo meu).
- "O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós" (1 Pe 1.20 - grifo meu).
- "E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Ap 13.8 - grifo meu).

Quando a Bíblia declara a sentença que estamos vendo, de modo algum ela pretende ser abstrata ou uma mera conjectura do que pudesse ser a realidade. Homem algum tem o direito ou poder de dar outra interpretação àquela mesma fornecida pela Escritura, isto é, de que mesmo antes da fundação do mundo o Senhor já havia decretado invariavelmente todas as coisas que haveriam e deixariam de acontecer. Um Deus soberano não poderia decretar o Seu querer e simplesmente aguardar passivamente a atitude de seus criados. Um Deus soberano não poderia dar vida à uma massa caótica e em seguida iniciar o seu descanso sabático. A soberania de Deus não poderia ser passiva de controvérsia ou rebeldia humana, pois tal feito anularia Seu pleno poder e decretos eternos. Por isso é que na teologia bíblica e verdadeira se diz crer no chamado determinismo bíblico.

Enfatizo o bíblico porque muitos homens incautos têm ultrajado essa bela e magnífica doutrina legada pelo Senhor a todos os Seus santos, levando muitos a crer num mero fatalismo sob o pretexto de "o que quer que deva ocorrer, certamente ocorrerá, por isso não faremos coisa alguma". O determinismo bíblico é o entendimento de que nada que nos vem nesse mundo ou deixa de ocorrer, escapa à mão soberana e completa do Senhor - os pássaros nascem por ordem decretada pelo Senhor, antes da fundação do mundo; os rios deságuam no mar, e, contudo, ele não se enche - por meio do decreto divino; os animais procuram e encontram comida em meio à terra seca, devido ao decreto do Senhor; a natureza reúne suas nuvens e trovões e desgarra sua força sobre a terra, pois assim foi do agrado do Senhor; o infante que nasce com algum problema genético incurável, nasce sob a soberania plena de Deus; até mesmo a mais forte e equipada aeronave cai sobre o mar com a determinação de Deus -, contudo, também tem muito firme em seu corpo de doutrina que apesar do Senhor ter-nos ensinado que todos os eventos - tanto bons como maus - ocorrem por Seu firme propósito, Ele também nos ensinou que somos responsáveis por nossos atos. O homem é responsável e instruído a não construir sua casa em barrancos que podem escorregar, o construtor de navios deve ter toda cautela e prudência ao fixar as juntas e soldá-las ao casco do navio, o atirador de elite tem o dever de ser bem treinado a fim de executar o malfeitor e não a vítima. Já para o determinismo fatalista, embora ecoe nosso primeiro ponto, nega veementemente o segundo, isto é, crê na soberania plena de Deus, mas dispensa a responsabilidade humana, pois diz ser contraditório afirmar que Deus ordena todos os feitos e ao mesmo tempo nos tornarmos responsáveis diante d'Ele.

Quando falamos em determinismo bíblico, precisamos ter muito claro em nossos corações que o Senhor não é homem para que fale falsidades: "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?" (Nm 23.19); nem tampouco é inconstante em Seus feitos: "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1.17 - grifo meu). A Bíblia claramente nos ensina que não há nada que se faça debaixo do sol que não tenha sido previamente determinado pela vontade secreta e soberana do Senhor. Por algum motivo - que nos é desconhecido - o Senhor teve por bem decretar absolutamente tudo o que iria acontecer aos homens. Para o Senhor, o tempo não é marcado em séculos, décadas, anos, meses, horas, minutos ou segundos, mas sim por uma determinação que se estende até o final do universo. Deixe-me explicar melhor:

O Eterno não controla o universo por meio da presciência, pois isso seria dizer que o Senhor criou o universo, colocou o homem, "congelou" a criação, isto é, fez com que tudo cessasse de funcionar sobre a terra e então apertou "play" para ter uma prévia do que aconteceria: viu então que o homem estava no jardim, nomeava os animais e com eles interagia, mas, de repente viu que o homem estava sozinho; pensou então o Senhor: "Não é bom que o homem esteja só" - apertou "stop" e resolveu que também deveria criar uma mulher, pois conseguiu visualizar que no futuro, caso o homem estivesse sozinho, não lhe seria benéfico tal situação. Ora, não é preciso se alongar em tal exemplo simplório, pois se o Senhor raciocinasse dessa forma, Ele seria a menor criatura de todo o universo, não sendo sequer capaz de ordenar e orquestrar de forma plenamente correta e adequada aquilo que Ele mesmo criara. Se Deus não houvesse determinado cada momento de nossas vidas, seria o mesmo que ao dar vida a uma invenção, não saber como colocá-la para funcionar. O determinismo está de mãos dadas com a total soberania do Senhor. Determinar os acontecimentos no mundo é um desdobramento natural da essência pura, santa e plenamente capaz do Senhor, pois se n'Ele reside toda sabedoria, quem melhor para arquitetar tudo o que se passa conosco e com a natureza?

No entanto, reconheço que o determinismo está sujeito a ofender muitas pessoas, pois um dos primeiros pensamentos que lhes veem a mente é: "Então quer dizer que tudo o que eu faço é porque Deus quis que eu fizesse?". Respondo: Exatamente. "Então até mesmo o meu pecado está dentro dos decretos divinos?". Respondo novamente: Certamente. Porém, ressalvo usando as palavras de Paulo: "Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?" (Rm 6.1,2). Ou seja, já nos é claro que temos nossa responsabilidade diante do Senhor, que devemos buscar viver uma vida santa e piedosa diante do Altíssimo, que o pecado habita em nós e que temos o dever de dominá-lo pelas forças dadas mediante o Senhor - "Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar" (Gn 4.7) -, que conforme também lemos no relato de Gênesis, o pecado foi fruto da maldade humana e rebeldia contra o Senhor; ainda que tudo isso estivesse nos Seus planos eternos e insondáveis. É dado a esse fato de ambas as doutrinas serem apresentadas na Bíblia que devemos compreender que: precisamos orar, planejar e executar tudo nessa vida como se dependêssemos de nós mesmos, sabendo, contudo, que tudo depende de Deus (Rm 11.36). Isto é, a determinação eterna do Senhor não nos deve ser desculpa para não realizar as suas ordenanças nesse mundo, ao mesmo tempo que quando as executamos, não devemos nos esquecer de que é Ele quem efetua em nós tanto o querer como o realizar (Fp 2.13).

"Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?" (Rm 11.34). Paulo é enfático ao fazer a pergunta retórica aos romanos. Paulo questiona-lhes acerca de que vã pretensão o homem poderia partir para questionar os intentos de Deus. O apóstolo indaga aos romanos: "Quem foi seu conselheiro?" - quer dizer, quem de vós esteve junto na eternidade e definiu e traços planos juntamente com o Deus trino? Qual dentre vós desejou sobrepujar a sabedoria divina, santa e imaculada do Senhor, a ponto de querer Lhe orientar sobre como os eventos deveriam ser regidos? "Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo?" (1 Co 2.16). Não há homem nessa terra que saiba o que o Senhor tem planejado desde os tempos primórdios. As perguntas de Paulo são por demais claras para nós: não há ninguém que possa conhecer a vontade secreta do Senhor; e mais: não há ninguém que possa mudar tal vontade.

Devemos ser francos conosco mesmos e admitirmos: "O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!" (Rm 11.33). E também: "E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles!" (Sl 139.17). Não sabemos o que porquê do Senhor haver decretado todas as coisas nesse mundo e ao mesmo tempo ter dito que somos responsáveis por elas. Não entendemos como pode ter sido Adão um homem livre e ao mesmo tempo escravo da determinação de Deus. Não compreendemos como podemos dominar o pecado e ao mesmo tempo ter a ciência de que todas as coisas acontecem por meio do decreto de Deus. Simplesmente não sabemos, não nos "entra" na mente essa aparente dualidade conflitante de doutrinas; e essa é, portanto, uma das razões porque devemos rejeitar um racionalismo demasiado, isto é, buscar compreender todas as coisas por meio da mera razão, pois se assim procedermos, estaremos negando que o pecado corrompeu até mesmo a razão e lógica humana. Em nosso ser decaído e manchado pelo pecado, não conseguimos adentrar a mente divina e captarmos o sentido de tudo o que faz, no entanto, como já temos visto, o apóstolo Paulo nos diz que o Senhor já "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Ef 1.3), ensinando-nos de que mesmo contra nossa lógica e argumentação, o Senhor decretou que havemos de ser grandemente abençoados por nossa união salvífica em Cristo, afinal, "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28).

Alguns argumentam que no Senhor não reside qualquer determinismo, pois segundo pensam, o seguinte versículo - "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (Jo 5.17) - abona a ideia de que o Senhor ainda "trabalha", ainda está executando seus propósitos de acordo com o que a situação requer. Ainda que tal argumento seja parcialmente válido, o intento dessas palavras santas de Jesus são de que, apesar de ter criado o mundo, não o deixou (o mundo) livre para para ver o que acontecia, mas sim que, além da criação, também nos proveu o Seu sustento, de forma a entendermos que o Senhor trabalha até agora em nossa providência e bênção, mas jamais como intentando nos dizer que o Senhor está trabalhando hoje sem que isso tenha sido decretado na eternidade. Deus trabalha pelos Seus, mas nunca baseado na situação momentânea, e sim tão somente devido ao Seu próprio decreto eterno ter firmado que dia-a-dia nos susteria mediante Sua mão graciosa.

Diante disso nos perguntamos qual vem a ser a validade e bênçãos que decorrem dum decreto estabelecido desde a eternidade e que certamente não falhou, falha ou falhará nos tempos vindouros.

Em primeiro lugar, o determinismo bíblico nos ensina a confiar na mão poderosa do Senhor e render-Lhe glórias e louvores por tudo o que temos recebido, pois não há nada melhor do que confiar em Sua onipotência, afinal, quem é tão grande e excelso em poder a ponto de poder afirmar que "até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados" (Mt 10.30) e que por isso nos diz, "Não temais, pois"?

Em segundo lugar, o determinismo bíblico instrui-nos a não confiar em nossas próprias forças, pois apesar de termos de lutar contra toda adversidade, tentação e pecado presente em nossas vidas, o Senhor nos instruiu: "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5 - grifo meu). Nosso bom mestre nos ensina que devemos estar firmemente arraigados n'Ele, presos, unidos, alicerçados na Sua palavra e em Sua justiça, pois Ele é a videira, Ele é o canal principal, a fonte que possui as raízes para nos nutrir e dar o devido crescimento - A glória do fruto não está em si mesmo, mas naquele em que está firmado.

Em terceiro lugar, o determinismo bíblico nos ensina a baixar nossas cabeças e ser reverentes diante do Senhor: "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras" (Ec 5.2). O autor é claro: " porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra". Como constantemente nos esquecemos dessa realidade e queremos contender com o Senhor sobre os "porquês" de Suas obras e os motivos de muitas vezes não nos ter sustentado da maneira como achávamos que deveria ter operado! Jó quis argumentar com o Senhor, mas em vez de fazer sua sustentação oral e persuadir o Eterno, ouviu-O diretamente dizer: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência" (Jó 38.4).

Por fim, o determinismo bíblico deve-nos estimular a oração, vida santa, evangelismo e tudo o mais quanto o Senhor requer de Seus filhos. A determinação eterna de Deus dever-nos-ia impulsionar na oração, pois embora não saibamos como orar, deixou registrado: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26) - ainda que sejamos falhos em nossas orações, a certeza de que tudo é ordenado por Deus necessita nos fazer alegres por saber que até mesmo em nossas fraquezas o Senhor está conosco. Do mesmo modo, o determinismo também precisa nos carregar à uma vida santa diante do altar do Senhor, pois mesmo diante de tantos percalços e vicissitudes da vida, temos a certeza de que o Senhor guiará todos os Seus filhos rumo à vida eterna: "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" (Fp 1.6) - mas essa não é uma promessa na qual devamos descansar de braços cruzados e vivermos de maneira devassa, e sim que apesar de estarmos na labuta pelo reino dos céus e pecarmos por diversas vezes, o Senhor nos leva ao arrependimento sincero e nos moldará gradativamente à estatura do varão perfeito (Ef 4.13). Assim também acontece no evangelismo, pois, embora devamos nos esforçar e nos preparar para apresentar a mensagem do evangelho com a mais firme e fiel postura, fazendo uso das melhores palavras a fim de persuadir os homens, o próprio apóstolo nos exorta dizendo que não são as palavras que convencem o homem do pecado, mas o poder do Espírito Santo e soberano do Senhor: "E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria... A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder" (1 Co 2.1,4).

Amém!

Fonte: 2Timóteo 3.16